Chegou tão depressa...
Como se fosse um passageiro da utopia
Como se fosse ontem
Mudaram as percepções,
Mudaram os valores,
Mudaram os enfoques.
Só não mudo eu. Sou duro. Sou o mesmo.
Menos resistente
Um tanto quanto gasto,
Dispersivo e lento.
No entanto,
A velhice e eu somos um.
Ela chegou e eu já estava aqui,
Mas eu era ela mesma.
Agora, eis-me aqui, escravo de sua tirania
Hospede de sua realidade.
Eu e ela nos fundimos – somos um só!
Encontro-me distendido entre o que eu sou e quem eu penso ser.
Quero dominar e sou dominado
Quero ser eu e já não sou mais
Meu corpo e meus desejos entram em disputa
Sei o que quero, não posso o que sei.
Nesta confusão tento me entender
Demorei tanto para me perceber e ver
E agora o meu eu difere de mim mesmo.
Minha mente parece boa
Mas meu corpo é incapaz de segui-la
O que eu sou não é quem eu sou.
Sou um outro dentro de mim
Em luta contra a velhice, que sou eu mesmo.
Chegou tão depressa...
Não me preparei para recebê-la.
Tão estranho,
Tão distante,
Tão eu...
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