quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

A Velhice

Chegou tão depressa...
Como se fosse um passageiro da utopia
Como se fosse ontem
Mudaram as percepções,
Mudaram os valores,
Mudaram os enfoques.
Só não mudo eu. Sou duro. Sou o mesmo.
Menos resistente
Um tanto quanto gasto,
Dispersivo e lento.
No entanto,
A velhice e eu somos um.
Ela chegou e eu já estava aqui,
Mas eu era ela mesma.
Agora, eis-me aqui, escravo de sua tirania
Hospede de sua realidade.
Eu e ela nos fundimos – somos um só!
Encontro-me distendido entre o que eu sou e quem eu penso ser.
Quero dominar e sou dominado
Quero ser eu e já não sou mais
Meu corpo e meus desejos entram em disputa
Sei o que quero, não posso o que sei.
Nesta confusão tento me entender
Demorei tanto para me perceber e ver
E agora o meu eu difere de mim mesmo.
Minha mente parece boa
Mas meu corpo é incapaz de segui-la
O que eu sou não é quem eu sou.
Sou um outro dentro de mim
Em luta contra a velhice, que sou eu mesmo.

Chegou tão depressa...
Não me preparei para recebê-la.
Tão estranho,
Tão distante,
Tão eu...

Nenhum comentário:

Postar um comentário