quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Cadeados e proteção


“Põe guarda, Senhor, à minha boca; 
Vigia a porta de meus lábios”  (Sl 141.3)

Que oração urgente e necessária!

Não é fácil ter sabedoria naquilo que dizemos.

Somos rápidos para julgar, prontos para acusar, falamos da forma certa na hora errada; na hora certa de forma errada; atropelamos as pessoas com nosso senso de justiça, ferimos com palavras, acusamos, gritamos, xingamos, blasfemamos...

O Salmista pede para que Deus coloque guardas na sua boca. Esta é uma oração muito séria. Guarda é aquele que é designado para proteger, cuidar, vigiar, e ele pede a Deus para que coloque um guarda exatamente nos seus lábios.

O apóstolo Tiago afirma: “Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça no falar é perfeito varão, capaz e refrear também todo o corpo” (Tg 3.2).

É fácil distinguir o homem sábio. Basta prestar atenção na forma que fala e o que fala. Geralmente o sábio ouve mais e fala menos; edifica ao invés de destruir; reflete e pondera mais sobre o que diz; abençoa e não amaldiçoa. São capazes de refrear todo impulso emocional que sai de dentro e que brotam de seu íntimo.

Esta é a oração de Davi: “Põe guarda, Senhor, à minha boca”. Ele percebe sua necessidade de colocar cadeados e proteção, senão corre o risco de desembestar-se, falar coisas no impulso e dizer aquilo que nunca poderia nem deveria ser dito.


Rev. Samuel Vieira

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

As Abominações do coração



 Cada um lance de si as abominações de que se agradam os seus olhos e não vos contamineis com os ídolos do Egito; eu sou o Senhor vosso Deus”. (Ez 20.70.

O termo “abominação” é usado na Bíblia para pecados graves e hediondos. É muito mais que “aborrecimento”. Embora todos os pecados sejam uma afronta diante de Deus alguns deles trazem mais consequências. Veja o que nos diz o livro de Provérbios: “Seis coisas o Senhor aborrece, e a sétima sua alma abomina”. Portanto, abominação expressa certa graduação, trazendo danos mais profundos.

O texto de Ezequiel revela que somos capazes de cultivar abominações e nos agradarmos delas. Não é estranho este peculiar paladar para coisas detestáveis? Somos capazes de chegar ao ponto de nos agradarmos daquilo que é abominável para Deus...

Quais são as abominações de que se agradam nossos olhos? O que nos parece tão bom, mas que aos olhos de Deus é tão hediondo?

Talvez seja a cobiça, que atrai e seduz; ou a pornografia, com seu sedutor poder de atração; a vaidade, que pode nos empavonar a ponto de esquecermos quão feio são nossos pés; ou ainda a soberba que nos dá falsa impressão de grandeza? O que há de tão ruim no coração que Deus pede para que lancemos fora? O que nos agrada tanto e ao mesmo tempo agride tanto a santidade de Deus?

Jesus afirmou que os olhos são a lâmpada do corpo, e que se os olhos forem luminosos, todo corpo o será (Mc 6.22-23). Os olhos são as janelas da alma, por isto, a concupiscência dos olhos foi fatal para Eva. “Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido e ele comeu” (Gn 3.6).

Esta “concupiscência dos olhos”, ou o “desejo estragado ou corrompido” é um dos poderosos elementos da tentação na teologia bíblica.


Davi faz uma instigadora oração: “Quem há que possa discernir as próprias falta? Absolve-me das que me são ocultas” (Sl 19.12). Isto é provocativo! É possível não ter sensibilidade para discernir até mesmo as graves faltas. O coração chafurdado em pecado e corrupção precisa ser iluminado pelo Espírito Santo, para que assim, perceba seu próprio mal e lance fora as abominações que tanto o distanciam de Deus.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Tu sustentas o meu direito



Esta é a declaração de Davi diante das ameaças! (Sl 9.4)

Já se sentiu desamparado no meio dos embates, mesmo quando convencido de ter a razão?

Qual o sentimento que surge em seu coração senão o de desamparo, injustiça e esquecimento? De que não há ninguém que o defenda das mentiras, infortúnios, tragédias e acusações.

Estruturas corporativas adoecidas podem demitir bons e leais funcionários por inveja, perseguição pessoal, dificuldade em atingir as metas, deixando-os no abandono e ostracismo. As razões pessoais, competitividade e luta pelo poder podem transformar um ambiente de trabalho em uma arena de guerra. Quando somos atingidos nos sentimos vitimados e buscamos respostas que nem sempre são fáceis de ser encontradas, afinal, quem julgará meu direito e minha causa?

Davi vivia constantemente pressionado na sua função de rei, eram constantes as lutas politicas, questões ligadas ao poder, possibilidade de traições, inclusive de pessoas da família. Entretanto afirma que seus inimigos retrocediam porque Deus sustentava o seu direito e sua causa.

Nas Escrituras, Deus sempre orienta seu povo a transferir seus direitos para ele, não tentar se justificar demais, nem resolver as coisas na base da força bruta e da violência. “Não por força, nem por violência, mas pelo meu Espírito”. Ele ensina seu povo a deixar as ameaças e temores nas suas mãos, e isto, sem dúvida, é um grande exercício de fé. Precisamos crer que Deus vê e julga corretamente minha vida.

Em situações normais queremos ter o controle das coisas, mas muitas vezes o que Deus deseja é que desistamos do controle e deixemos temores e ansiedade nas suas mãos. Queremos controlar, Deus entretanto pede que desistamos de controlar.

Ele quer que descansemos nele. Não é isto que nos orienta sua Palavra? “Descansa no Senhor e espera nele”. Ansiedade, medo e angústia podem ser vencidas pela confiança na provisão e cuidado de Deus. Precisamos entender que ele defenderá a causa e sustentará o direito. “Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar a minha ira, porque assim está escrito: eu retribuirei, diz o Senhor, a mim me pertence a vingança”.

Não é sem razão de que um dos nomes hebraicos do Deus do Antigo Testamento é Jeová Nissi. Sabe qual é sua tradução? “O Senhor é a nossa bandeira!”





Maio 2016