quinta-feira, 24 de setembro de 2015

O homem interior


Na oração de Paulo, ele pede a Deus que fortaleça o homem interior dos irmãos de Éfeso. Não é esta uma oração estranha? Certamente não se parece com as orações que costumeiramente fazemos. Você já orou alguma vez neste sentido por seu coração ou pelo coração de alguém?  
Apesar de não orarmos por este motivo, não é certo que precisamos de um coração forte, de alma não pusilânime, fragmentada, ou esquizofrenizada? Quanta necessidade temos de um espírito estável e inabalável, uma vez que somos tão suscetíveis às tempestades e facilmente sucumbimos ante aos ventos contrários. As situações da vida parecem se divertir com nossa fragilidade. Na verdade, “os homens são o passatempo das circunstâncias”.
Quando algo ruim nos acontece, culpamos as pessoas, as variações cambiais ou o mercado, acusamos os outros e murmuramos contra Deus. Na verdade não entendemos que não são as pessoas nem as circunstâncias os nossos maiores adversários, nem mesmo provações e tentações, o problema é que o interior é frágil demais e desaba diante das críticas, crises e condições adversas, mesmo quando são pequenas. Transformamos pequenos problemas em tsunamis.
Pois bem, em última instância, o que importa não é o que nos acontece, nem o que fazem conosco, mas como lidamos com o que acontece. O mesmo sol que endurece o barro, derrete a cera. Alguns saem fortalecidos nas provações, outros desabam.
Victor Frankl, fundador da logoterapia desenvolveu uma fórmula simples que fez toda diferença para as pessoas que estavam com ele no campo de concentração: “Nós não podemos determinar o que nos farão, mas podemos decidir o que faremos com aquilo que nos farão”.

Quando o homem interior é frágil, os problemas externos parecem grandes demais. Por sabermos que não podemos controlar as pessoas nem o que nos acontecerá, precisamos ter o interior fortalecido em Deus, para ter serenidade e andar em paz mesmo quando os dias são maus. Portanto, peça a Deus que fortaleça o seu interior. Talvez esta seja uma oração urgente também para amigos e familiares, afinal, é do coração que procedem todas as fontes da vida. 

Fazendo festa na hora errada


No livro do profeta Daniel, capitulo 5, temos o registro de uma grande festa promovida por Belsazar, herdeiro do trono do poderoso Nacudonozor, da Babilônia. O banquete foi preparado para 1000 pessoas que faziam parte do primeiro e segundo escalão do seu império. A festa tinha todo glamour e opulência naturais aos grandes conquistadores: vinhos de excelente qualidade, caravanas provenientes de terras longínquas, em viagens que levavam semanas. Tudo estava no clima perfeito para ser lembrada nos anais da história daquele povo, a não ser por um detalhe: durante a festa, os medos e persas invadiram a Babilônia e decretaram o fim de um dos maiores e longos impérios ja registrados na história humana.
Belsazar resolveu fazer festa na hora da crise.
Ele ignorou os rumores ao redor, bem como o grandioso exército de Dario, que avançava em colunas de guerra contra a Babilônia, e apesar de todas as ameaças, resolveu fazer uma festa ao invés de se preparar para a batalha.
Belsazar desenvolveu um certo pensamento mágico a despeito de todos situação. Será que não ouviu os rumores de uma premente batalha? Será que seus conselheiros e informantes nada sabiam sobre os inimigos? Ou será que ele simplesmente ignorou todas as advertências e pensou que seu trono era imbatível?
A verdade é que Belsazar resolveu farrear quando deveria estar se preparando para a batalha. Que analogia da vida...
Milhões de pessoas estão sendo destruídas por vícios, ações malignas, rupturas familiares, desintegração da psique e das emoções, ignorando todos os sinais e avisos, para continuar na farra, talvez para esquecer a iminente catástrofe. Não se preparam para as batalhas. Vivem vidas despreocupas, esquecendo-se dos riscos de uma vida eterna sem Deus, ignorando a necessidade de se preparar para o encontro com o Eterno.
No entanto, não dá para ir para o carnaval em dias de tragédia; não dá para fingir que tudo está bem quando o caos predomina, não dá para marchar para o inferno tocando cuíca e pandeiro.  

Belsazar caiu! O império babilônico, indestrutível e assustador, desabou. Enquanto Belsazar fazia festa, Dario, o persa, invadiu a Babilônia e aquele império nunca mais se ergueu. 

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Saberão que eu sou o Senhor

Esta é uma das afirmações mais recorrentes em todo livro do Profeta Ezequiel. Ela aparece numerosas vezes, eventualmente no singular, outras no plural, mas sempre se referindo ao futuro: “sabereis, saberão”, muitas vezes acrescida por razões adicionais como “Porei em vós o meu Espírito, e vivereis, e vos estabelecerei na vossa própria terra. Então, sabereis que eu, o Senhor, disse isto e o fiz, diz o Senhor” (Ez 37.14).

Desde que pecou, o homem sempre procurou se ocultar do Criador, e uma das formas para se evadir de sua realidade é ignorando-o, ou negando-o. Cria-se assim o pensamento mágico: Se eu não pensar, ele não existe. Como uma pessoa doente, que tendo uma enfermidade, ignora para não sofrer. Acredita, magicamente, que se não se lembrar, desaparecerá. O apóstolo Paulo fala de homens que negam intencional e deliberadamente a Deus. “A ira de Deus se revela dos céus contra toda impiedade e perversão dos homens que detém a verdade pela injustiça; porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou” (Rm 1.18-19). “Deter a verdade”, na língua original, traz a ideia de um homem que coloca a boia para baixo da água, empurrando-a com as mãos, dizendo que não tem boia. Durante todo o tempo que estiver negando, ela vai estar pressionando para vir à tona, assim como a verdade sobre Deus está sempre se manifestando.

Ao afirmar que todos “saberão que ele é o Senhor”, ele deseja demonstrar que não deixa de existir porque alguém o nega. Crer ou não crer em Deus não faz diferença sobre a sua existência; ele não deixa de ser o que é, e sua natureza não pode se ocultar porque alguém não acredita na sua existência.

O livro do Profeta Habacuque faz uma revelação surpreendente sobre a existência e manifestação de Deus na história: “Porque a terra se encherá do conhecimento da glória do Senhor, como as águas cobrem o mar” (Hac 2.14). É uma imagem magnífica. As nações não apenas saberão da sua existência, mas conhecerão também a sua glória. Glória é uma palavra traduzida do hebraico que fala de brilho e clarão. 

Todos verão, todos conhecerão, todos saberão.
Sua glória será manifesta. 

Assim é o nosso Deus!

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Independência

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A Independência do Brasil foi certamente um passo decisivo para a autonomia do Brasil, e para as tomadas de posição como uma nação livre. Em virtude do grito da Independência ter sido forjado com base em acordos políticos e econômicos, o Brasil que já havia transferido boa parte de sua riqueza para Portugal, ainda teve que assumir a dívida imensa que a Corte Portuguesa tinha com a Inglaterra. Já começamos a independência com saldo devedor. Se a declaração da Independência não fosse “no grito”, e dada por aquele que representava Portugal (e que posteriormente abandonaria o Brasil), se fosse a conquista de um povo, certamente haveria na cultura desta nação um paradigma diferente de luta e liberdade.
A situação foi tão patética, que os países vizinhos se recusaram por muitos anos, a reconhecer a Independência do Brasil. Como é que um país se torna independente e o rei da corte invasora e dominadora continua no comando?
Estas e outras questões são boas para a nossa reflexão teológica.
Muitos querem dar o brado da liberdade, deixando ainda o governo na mão do tirano. Quando Moisés falou para Faraó que povo de Deus precisava ir para o deserto, ouviu a seguinte resposta: “Celebrem a Deus no Egito”, e, “Celebrem a Deus, mas não se distanciem demais”. Em outras palavras: Sejam livres mas no meu território, ou, sejam livres mas não saiam do meu controle. Que risco negociar com Faraó. Suas cláusulas são sempre escravizantes.
Moisés não negocia com Faraó. Nossa liberdade não pode ser condicionada a nada, porque assim diz o Senhor: “Deixa meu povo ir!” Não podemos continuar escravizados por ideias, conceitos, valores, vícios, nem à nossa vontade pervertida e emoções desestruturadas. Ao nos transferirmos para o reino do Filho de Deus, saindo do império das trevas, o diabo, o mundo, nem a carne podem mais ter o controle de nossa história. Nos tornamos livres. Servos, agora, pela vontade, apenas do Deus de amor, para servir no seu reino de amor, como súditos fieis. Inclusive trazendo os filhos e os bens para glorificar a Deus, como fez Moisés.