Suas canções sempre se deram na rua dos cataventos,
Falavam de sapatos floridos,
Espelhos mágicos,
Pé de pilão,
Histórias sobrenaturais.
Na verdade, ele nunca passou de um aprendiz de feiticeiro,
Com suas antologias poéticas.
Povoando sonhos,
Criando magias.
Que poeta pode falar com tamanha galhardia
De Quintanares,
A vaca e o hipógrifo,
O nariz de vidro?
Na volta da esquina,
Nos esconderijos do tempo,
Sua primavera cruz o rio.
São os preparativos de viagem,
Coroados nos seus oitenta anos de poesia,
Pintando cores invisíveis,
Falando de velórios sem defuntos,
Fazendo seus preparativos de viagem,
Atravessando portas giratórias,
Abrindo os baús cheios de espanto,
Transformando seus sapatos furados,
Usando a preguiça como método de trabalho
Ensinava Lili inventar o mundo
E os amantes da poesia a sonhar.
Samuel Vieira
Anápolis
Fevereiro 2007
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