quinta-feira, 18 de março de 2021

Nova esperança



Um dos textos mais curiosos e surpreendentes das Escrituras Sagradas encontra-se em 1 Sm 2.8: “Deus anima os esgotados com nova esperança” (Versão A Mensagem- Eugene Peterson). A versão Revista e Atualizada traduz assim: “Levanta o pobre do pó e, desde o monturo, exalta o necessitado”. 


Parei para refletir sobre a expressão “nova esperança”. Muitas vezes a esperança que carregamos é uma esperança velha, desgastada com o tempo, que perdeu sua capacidade de se renovar e atualizar em nosso coração. Alimentamos velhas esperanças que não correspondem aos novos desafios que enfrentamos. 


Há uma esperança que é sempre renovada. A esperança da glória eterna prometida por Cristo Jesus. Esta velha esperança sustentou gerações, animou mártires, encorajou a igreja perseguida, se revelou eficaz na luta contra o cinismo, a descrença e a dúvida. O apóstolo Pedro chama esta esperança de “viva esperança”, que contrasta com uma esperança morta, sem relevância. Precisamos de uma viva esperança. 


A nova esperança é aquela que é capaz de se atualizar. Não é baseada num Deus de segunda mão, nem se fundamenta na fé de nossos pais e de outras pessoas de fé, mas que é vivida por nós mesmos e se torna nova, porque é resultado de nossa experiência, não do ano passado, mas que se renova hoje, na caminhada de fé, de oração, de vida com Deus. Esta esperança anima os esgotados. Nos dá força para enfrentar as lutas de hoje, nos faz crer num novo amanhã.

O meu socorro vem de Deus!




Vivemos dias de perplexidade. Os números assustam. Amigos adoecem... e morrem. Pessoas queridas sofrem com a pandemia. Estamos aflitos, angustiados e tristes. O isolamento deprime, cansa, nos torna irritadiços. 


Todo o cenário catastrófico se torna ainda mais angustiante, porque a imprensa, com um claro viés político açula a ansiedade e o medo. Os números interessam muito quando se fala de política. A população encurralada precisa interpretar as informações antagônicas e as acirradas controvérsias sobre os métodos. Há uma estranha e justificável necessidade de se encontrar o culpado, de descobrir o bode expiatório, de malhar o Judas. Dependendo de onde vem as informações as narrativas são completamente distintas. O jornalismo da direita minimiza e nega, o jornalismo da esquerda acusa e faz as associações manipulativas que lhe interessa. 


Aliado ao jornalismo dos interesses, onde a neutralidade é um mero discursos, o judiciário enxerga o que quer e como quer, brinca com as leis, joga com os interesses e julga com casuísmos e as filigranas penais que são convenientes. O resultado é uma grande confusão e dor: temos que lidar com a real situação das mortes e das doenças, e ainda com as incertezas do mercado, das projeções, e dos números. Afinal, estatística sempre foi uma maneira correta de mentir.


Mais do que nunca precisamos recorrer aos fundamentos: “Elevo os olhos para os montes, de onde me virá o socorro? O meu socorro vem do Senhor que fez os céus e a terra. Ele não permitirá que os teus pés vacilem; não dormitará aquele que te guarda” (Sl 121.2-3). 

sexta-feira, 5 de março de 2021

Igreja acolhedora



Podemos caracterizar as igrejas de três maneiras, quanto à forma de receber seus visitantes: 


A. Igreja acolhedora e amável

B. Igreja sensível, mas desatenta

C. Igreja hostil e indiferente


No primeiro modelo, a igreja tem os braços abertos para receber as pessoas. Quem chega na comunidade se sente amado e acolhido, sente-se em casa, quer voltar. Alguns afirmam que os visitantes decidirão se ficarão ou não numa determinada igreja pela impressão que constrói nos dez primeiros minutos. Se isto for verdade, os diáconos e recepcionistas são figuras centrais no acolhimento, já que são os primeiros a dar as bodas vindas.


No segundo, a igreja é sensível, mas desatenta. Muitos acham interessante receber bem as pessoas, mas pessoalmente não fazem nada para que isto se torne uma realidade. Ou sejam, são desatentas. É como se tivéssemos uma festa em nossa casa, mas não nos interessamos em receber as pessoas que chegam.


No terceiro modelo, temos as igrejas hostis. Sim, muitos acham que os visitantes são um problema para a igreja. Eles não gostam de gente nova chegando. Já ouvi pastores afirmando que “igreja boa é igreja pequena”. É o típico discurso de hostilidade. No Rio de Janeiro, uma irmã da igreja chegou a sugerir que eu recomendasse aos visitantes que procurassem outra igreja, porque a nossa estava enchendo demais. 


Como igreja de Cristo, somos desafiados a um viver comunitário. Aceitar, acolher, receber, dar boas vindas, se interessar, são formas de demonstrar simpatia e amabilidade. Este é o Espírito do evangelho. 


Quando vem o medo...


 
Quando vem o medo...

O medo é um sentimento universal e atinge os seres humanos de forma democrática: ricos, pobres, negros, pardos, brancos. Suas origens fazem parte da estrutura emocional dos humanos e atinge a todos.

Não é errado nem pecaminoso ter medo. O medo, na verdade é até importante, porque pessoas sem medo correm riscos desnecessários diante de perigos reais, e por não se precaverem, acabam sofrendo graves consequências. 

O problema é ser dominado pelo medo. Muitas pessoas são dirigidas pelo medo e vivem constantemente debaixo de ameaças, reais ou imaginárias. É fácil se tornar prisioneiro do medo, viver sempre angustiado, desenvolver sentimentos persecutórios e paranoias. Viver controlado pelo medo gera angústia, ansiedade, paralisa e impossibilita o ser humano de viver em plenitude.

O salmista afirma: “em me vindo o temor, hei de confiar em ti” (Sl 56.3). Ele não nega a realidade do medo, nem espiritualiza seus sentimentos. Ele admite que muitas vezes lhe falta coragem para enfrentar os desafios, mas quando isto acontece, ele põe sua confiança no Deus poderoso. Ele prefere colocar seu olhar em Deus, ao invés de focar na oposição, nas ameaças, nos perigos e nas circunstâncias. 

Ele coloca sua confiança no Deus que controla a história. O medo é real, mas quando ele vem, é necessário confiar em Deus e colocar os olhos naquele que não está condicionado a situações favoráveis ou não, mas tem o controle da história nas suas mãos. Em tempos de pandemia, é muito refletir: “Se me vier o temor, hei de confiar em Deus”.