sábado, 28 de outubro de 2023

O lugar da habitação de Deus

 



Quando Salomão estava construindo o templo de Jerusalém, foi necessário reafirmar o lugar do templo na teologia bíblica. Onde Deus habita? Este é um problema recorrente em todas as religiões ao redor do mundo: Existem lugares sagrados?

Milhares de pessoas fazem suas peregrinações para pagarem promessas, algumas destas viagens são longas e dispendiosas. Os religiosos agem assim porque pressupõem que existe um lugar sagrado, palco especial da manifestação de Deus, e que estando nestes lugares estarão mais perto de Deus. Não apenas os judeus, hindus, muçulmanos, católicos, mas mesmo protestantes, tendem a transformar as estruturas físicas em lugares especiais, sacralizando os templos. No Brasil, a Universal do Reino de Deus leva seus seguidores a acreditarem que nos locais sagrados a benção será conquistada.

De forma mais sutil, os evangélicos conservadores podem também ser tentados a acreditar que o “templo”, é o lugar sagrado, e que nestes espaços é onde Deus pode ser encontrado. Na verdade, o templo é apenas um espaço reservado para o culto, mas Deus pode ser encontrado por todos, em qualquer lugar, desde que o busquemos “em espírito e em verdade.” (Jo 4.23,24) Não é questão de espaço, é questão de coração.

Estevão, foi o primeiro mártir cristão, apedrejado por questionar a sacralização do templo. Ele foi acusado de profanação. O que ele disse? “Não habita o Altíssimo em casas feitas por mãos humanas, como diz o profeta: O céu é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés; que casa me edificareis, diz o Senhor, ou qual é o lugar do meu repouso?” (At 7.48) Ele está citando a oração de Salomão: “Mas, de fato, habitaria Deus com os homens na terra? Eis que os céus e até o céu dos céus não te podem conter, quanto menos esta casa que eu edifiquei.” (2 Cr 6.18)

O que importa é a atitude do que adora, e não o lugar onde se adora. Templos servem para nos dar comodidade no culto que prestamos a Deus, mas não garantem a manifestação de Deus em nossas vidas. O que faz isto é um coração disposto a buscar a Deus e adorá-lo. Seja qual for o lugar, onde o invocarmos de coração, ele nos ouvirá.

Não te apresses em sair da presença do rei

 



Na Biblia há um conjunto de livros chamados de sapienciais (sabedoria): Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares. Na literatura deutero canônica ainda existem dois outros livros: Eclesiástico e o livro de Sabedoria, não reconhecidos como canônicos pela igreja reformada. Os livros sapienciais são assim chamados porque ensinam princípios, valores e normas sociais. Princípios não nos levam para o céu, se os praticamos; mas podem nos trazer o inferno se os quebramos.


O título deste artigo é extraído de Eclesiastes 8.3. Ele ensina como os súditos deveriam se comportar diante do rei. Algumas atitudes poderiam ser consideradas desrespeitosas e deveriam ser evitadas. Dentre estas se encontra a recomendação: “não te apresses em sair da presença do rei.” Quero aplicar este princípio à nossa relação com Deus, o único e verdadeiro Rei. 


Infelizmente nossas orações são cada vez mais superficiais e autocentradas e infelizmente são feitas cada vez mais apressadamente. As demandas diárias e compromissos exigem uma agenda cada vez mais cheia e isto nos impede de uma maior comunhão com Deus. Falta-nos a meditação e o silêncio na nossa espiritualidade. Somos seres de ação, não de contemplação. 


É preciso uma atitude contraintuitiva. Ao invés da urgência, procurar fazer as coisas sem pressa. Reserve “ilhas “na sua agenda diária, semanal e mensal para uma imersão e para não sair apressadamente da presença do Rei. Faça aquilo que Billy Graham recomenda: “Ore até que você ore!”


Um antigo hino dizia: “Para seres santos, tempo hás de tomar; a sós com seu Mestre, mui frequente estar. Teu olhar bem fito, nele sempre ter; teus atos provando, seu grande poder.”


Portanto, não te apresses a sair da presença do Rei.

Espera no Senhor, tem bom ânimo.

 



Somos por natureza impacientes. Queremos as coisas para já, queremos recompensas imediatas. Mínimo esforço, máxima efetividade. Queremos emagrecer sem dieta e sem ginástica, por isto, propagandas como “emagreça sem esforço”, são tão atraentes e fascinam tanto as pessoas desesperadas por resultados rápidos.

Queremos sucesso sem esforço, ser aprovados em concursos sem estudo, dedicação e esforço. Sonhamos com um remédio que aguce nossas faculdades mentais, do tipo sugerido no filme “sem limites”, uma droga capaz de potencializar as pessoas a aprenderem uma nova língua em pouco tempo, ler um livro em menos de 5 minutos, desenvolver equações e pensamentos lógicos rapidamente.

Não gostamos de esperar. Preferimos rejeitar a ideia de que a vida possui processos. Muitas vezes para avançar é necessário recuar; para ir adiante é necessário refletir; Na maioria das vezes, são três passos para a frente, e dois para trás.  

Acima de tudo, infelizmente não gostamos de esperar em Deus. Oramos e queremos respostas imediatas mesmo quando Deus está querendo nos ensinar paciência e resignação. A espera é fundamental na vida: Esperar o tempo de Deus, a hora de Deus, a direção de Deus. Nossa impulsividade pode ser letal: Ela destruiu Esaú por causa do seu imediatismo; foi a “impaciência de matar”, que atingiu Sansão, e foi a razão de Saul ter perdido o seu reinado. Davi soube esperar a hora de Deus para assumir o trono, e isto o capacitou a ser um homem que dependia de Deus. Esperar nos ajuda a ponderar, orar, acalmar, entender que não somos nós quem fazemos, mas Deus faz.

Descansa no Senhor e espera nele!

sexta-feira, 13 de outubro de 2023

Salmo 1: O justo e o ímpio




O Salmo 1 é um dos mais conhecidos entre todos os livros da Bíblia, ele faz uma distinção clara entre o justo e o ímpio para com a Lei de Deus. 


O justo ama e medita constantemente na Lei do Senhor, enquanto o ímpio se orienta por outros princípios humanos. O justo não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores e não se assenta no círculo dos zombadores. 


Existe ainda um contraste em relação ao destino. Os ímpios são como a palha que o vento lança para longe, levados pelo vento e perecerão no juízo. O justo recebe a proteção do Senhor. Fugir do mal dá firmeza e saúde do justo: Mesmo em regiões áridas, as árvores perto de rios são fortes e verdes. 


O estilo de vida de temor a Deus, ou de uma vida longe de Deus, tem implicações na vida atual e na vida eterna. A verdadeira felicidade se encontra em Deus. 


Ao descrever a felicidade dos justos e a destruição dos ímpios, este salmo traz uma advertência para seguirmos o caminho correto: Os ímpios não terão lugar na congregação dos justos, e serão destruídos no dia do juízo. Este texto nos incentiva a tomar a decisão de seguir o caminho de Deus. Se o escolhermos teremos uma vida abençoada e frutífera.

Cansaço

 



Byung-Chul Han é um renomado filósofo contemporâneo, e uma das vozes mais inovadoras da atualidade. Nascido na Coreia do Sul ele afirma que atualmente a sociedade sofre uma “violência neuronal”. Segundo ele, cada época possuiu suas enfermidades fundamentais. Houve uma época bacteriológica, que chegou ao seu fim com a descoberta dos antibióticos. Graças à técnica imunológica, esta época ficou no passado. Mas isto não nos livrou de uma outra grande doença.


Para ele, o começo do século XXI não enfrenta o desafio bacteriológico nem viral das outras gerações, mas o grande desafio é neuronal: doenças como a depressão, transtorno de déficit de atenção, de personalidade limítrofe ou a Síndrome de burnout marcam esta geração. O sujeito do desempenho se destrói na luta pela vitória e pelo sucesso. A depressão e o burnout possuem traços agressivos contra nós mesmos. A gente faz violência a si mesmo e explora a si mesmo. 


Como proposta ele sugere que o caminho para a ruptura com este cansaço existencial encontra-se num princípio divino revelado ao Profeta Isaias:


“Porque assim diz o Senhor Deus, o Santo de Israel: Em vos converterdes e em sossegardes, está a vossa salvação; na tranquilidade e na confiança, a vossa força, mas não o quisestes. Antes, dizeis: Não, sobre cavalos fugiremos; portanto, fugireis; e: Sobre cavalos ligeiros cavalgaremos; sim, ligeiros serão os vossos perseguidores.” (Is 30.15,16)


A resposta está no silêncio, na oração e na contemplação. Orar é uma forma ativa de fazer. “A perda da capacidade contemplativa... é corresponsável pela histeria e nervosismo da sociedade ativa moderna.”


Orar, e não fazer. Este é o santo remédio para a cura do stress e vazio. A alma precisa de descanso. Este remédio é eficaz para a violência neuronal que temos sofrido. 

Pecado traz perturbação


 


Pecado não é apenas um escorregão descuidado, uma fraqueza inconsequente, um deslize banal. Pecado é algo sério. Ele fere a santidade de Deus.


Quando o povo de Deus guerreou contra Jericó, a ordem era de não tomar para si nenhum dos despojos de guerra. Numa guerra invasiva, despojos eram a recompensa dos guerreiros, que podiam trazer para casa presentes, joias e souvenirs para sua família. Mas Deus ordenou que nada fosse tomado. Apesar da ordem clara de Deus, Acã tomou para si uma belíssima capa babilônica que encontrou entre os destroços, duzentos ciclos de prata, e uma barra de ouro de 3 kgs. Era muita coisa para desconsiderar... Acã foi atraído e seduzido por despojos tão preciosos, os levou para casa e os escondeu.


Por causa de seu pecado ele sofreu perturbações graves:


Primeira, castigo e julgamento para si. Acã foi apedrejado no Vale de Acor, por causa do seu pecado. O pecado sempre traz tristeza e sofrimento para o coração. 


Segundo, trouxe juízo para sua família. Não apenas ele foi julgado, mas sua família também. Pecado fere os lares, desestabiliza a família, fragmenta a ordem do lar.


Terceiro, para o povo de Israel. Seu pecado trouxe consequências comunitárias. O povo de Israel é julgado pela desobediência de Acã, e o povo de Deus foi derrotado na guerra por causa do seu pecado. 


Que o temor a Deus nos leve sempre a nos desviar do mal, a ter tristeza pelo pecado, e ao desejo de viver uma vida santa, que agrade a Deus.

Dá-me fontes de água

 



O povo de Deus estava ainda se estabelecendo na terra prometida e havia muitos desafios. Estava em andamento a divisão das áreas que seriam dadas a cada família e às tribos de Israel, muitas terras ainda deveriam ser conquistadas. Todo dia era uma nova batalha e os desafios eram imensos.


Acsa, filha de Calebe, recebeu na partilha das terras uma área do seu pai, mas infelizmente a terra era seca, e era difícil desenvolver qualquer projeto, e ela então foi ao seu pai reivindicar melhores terras: “Dá-me um presente; deste-me terra seca, dá-me também fontes de água. Então, Calebe lhe deu as fontes superiores e as fontes inferiores.” (Jz 1.13-15)


Acho o pedido desta mulher, sensato, oportuno e necessário. Não deveria ser esta a nossa atitude diante do Pai Celeste? Temos recebido de Deus muitas coisas, mas devemos pedir que ele nos dê fontes de água, que brotem da terra, gerem abundância, onde lançamos a semente e elas brotam, de onde flui a vida e a colheita. 


Muitas vezes o terreno em que pisamos é árido, estéril, seco. Plantamos, mas faltam fontes de água. Seria demais pedir ao Senhor que nos desse terras com fontes de água? O nosso coração pode também se tornar estéril, ressecado, não seria oportuno pedir para que ele nos envie seu Espírito, pois ele mesmo prometeu que aqueles que cressem nele “do seu interior fluirão rios de água viva?”


Precisamos sair de terras secas, sem esperança e encontrar fontes de água viva, onde a vida flui naturalmente, onde a colheita é certa, onde a vida jorra e produz abundância. É duro viver sem água, lidando com torrões secos da terra. Não foi o Senhor que prometeu que o homem que teme ao Senhor e anda no seu caminho “É como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem-sucedido”? (Sl 1.3). Ore ao Senhor para que lhe dê “fontes de água.” Que sua alma experimente tempos de beleza, vida, flores e traga frutos abundantes.

Educação de Filhos: Questões essenciais

 


Deus anuncia o nascimento de Sansão primeiramente à mulher de Manoá. Ao ouvir a notícia tão esperada e ao mesmo tempo tão desafiadora, eles oram a Deus para que os educasse em como seria sua formação. Eles pedem duas coisas: “Quando se cumprirem as tuas palavras, qual será o modo de viver do menino e o seu serviço?”


Creio que estas são as questões essenciais na educação dos filhos.

Em geral temos muitas preocupações quanto ao futuro dos filhos. Onde estudarão, formação acadêmica, com quem se casarão, onde morarão. Nos preparamos para dar aos filhos o melhor que podemos, tanto em termos de educação quanto em termos de valores e caráter. Mas estas duas questões devem ser centrais na preocupação com nossos filhos: qual será o modo de viver, e qual será o seu serviço.


A primeira tem a ver com seu caráter. 

A segunda tem a ver com sua missão.


Caráter é aquilo que somos no escuro. O modo de viver revela quem somos. Cosmovisão antecede Ética. Nós reproduzimos aquilo que cremos e pensamos. O homem faz aquilo que julga ser reto. Atitudes revelam caráter. Então esta pergunta é essencial: Que estilo de vida adotarão, como deve ser o comportamento e como devem viver. Numa sociedade plural, há muitas alternativas. Como pais cristãos precisamos ensinar nossos filhos a viverem como discípulos de Cristo, reproduzindo a visão de Deus em suas vidas.


Missão. O que nossos filhos farão? Isto é muito mais que profissão. Tem a ver com vocação. Profissão é o que fazemos para nos manter e pagar os boletos. Vocação tem a ver com o sentido maior daquilo que fazemos. Podemos ter profissões diferentes, mas a vocação deve ser uma só: Exaltar o nome de Deus. “O fim principal do homem é glorificar a Deus e desfrutar dele para sempre.” Portanto, tudo o que fazemos precisa ter uma dimensão maior, deve estar conectado ao propósito maior. Deus precisa nos dar sua graça para que saibamos conduzir nossos filhos àquilo que eles devem fazer. O serviço deve ser mais que trabalhar para pagar as contas e ajuntar dinheiro. O grande proposito é glorificar a Deus. Isto é missão!

Circunstâncias versus princípios

 



Nossas decisões são baseadas em circunstâncias ou princípios. Os que se baseiam nas circunstâncias podem mudar de opinião facilmente, vivem preocupados com o aplauso público, as conveniências e vantagens de suas decisões. Aqueles que agem por princípios possuem referência de valores inegociáveis e tomarão suas decisões baseados nestes valores, mesmo diante das críticas ou prejuízos financeiros. Não dependem das pessoas nem de condições favoráveis para agir. Seus atos são fundamentadas naquilo que creem.


Princípios são verdades ou juízos fundamentais, são adotados, em relação a determinados assuntos ou opiniões. Saul, o primeiro rei de Israel, não passou no primeiro teste que enfrentou. Ele afirma que “forçado pelas circunstâncias” (1 Sm 13.12) havia desobedecido a Deus. Sua impaciência e ansiedade o traiu. Fez o que não devia fazer, assumiu uma função que não era dele, para a angústia que enfrentava. A confiança de Saul na palavra de Deus foi testada e ele foi reprovado.


Muitos justificam sua atitude pecaminosa por causa da tribulação, pressão e crise. Chegam a afirmar que sua atitude pecaminosa era inevitável, pois não teve condições de dizer não. A verdade, porém, é que não é certo transgredir por causa da tentação, de circunstâncias desfavoráveis ou pressão das pessoas. Nada pode nos forçar a desobedecer a Deus. Saul tentou se justificar por sua impulsividade, mas por ter agido pela pressão das circunstâncias, e não por princípios, ele perdeu o trono.


Podemos perder muitas bençãos por desprezar princípios: A paz de espírito, a comunhão com Deus, a alegria interior. Cuidado com as circunstâncias: Muitas vezes estamos no lugar errado, na hora errada, com pessoas erradas. Nestas horas as circunstâncias se tornam adversárias poderosas.

70 Anos: uma igreja nova!

 



Intencionalmente coloquei este paradoxo no título da mensagem deste domingo. Afinal, pensamos que alguém com 70 anos já não é assim tão jovem...


Mas o fato é que nossa igreja é jovem. A média de idade da nossa igreja gira em torno de 40 anos. Basta olhar nosso Departamento Infantil para termos ideia do que estamos falando: temos cerca de 300 crianças matriculadas no IPC-Kids. São famílias jovens, com crianças, envolvidas com nossa comunidade. Ter uma igreja jovem traz alento, sonhos, esperança e perspectiva. Não somos um museu, nem um monumento. Somos um movimento. Uma igreja viva, saudável, com grandes sonhos pela frente.


Na verdade, aos 70 anos, estamos sonhando. Isto faz parte das promessas dadas pelo Senhor para o Pentecoste: “vossos jovens terão visões, e sonharão vossos velhos.” (At 2.17). É fácil imaginar os jovens carregados de idealismo, energia e visões, mas apenas uma igreja que experimenta o Pentecoste, pode ter velhos sonhando. Porque o Senhor tem restaurado nossa sorte, estamos “como quem sonha.”


Devemos iniciar em breve a construção do nosso futuro templo com capacidade para acolher 1820 pessoas. Será uma belíssima construção, um marco de arquitetura para a cidade, mas em nenhum momento estamos encantados apenas com o prédio. A grande expectativa que temos é de ver vidas sendo alcançadas pelo poder do Evangelho, famílias sendo restauradas, pecadores rendidos aos pés de Jesus, uma geração, crianças, jovens e adolescentes vivendo em santidade para louvor do Senhor da Igreja.


Uma igreja nova, de apenas 70 anos. É assim que nos vemos. Cheios de sonhos, impregnados pela expectativa do que Deus ainda fará. Louvado seja o nome do Senhor.

E agora?

 



Que grande festa tivemos nestes dias, celebrando os 70 anos da Igreja Presbiteriana de Anápolis. Apesar de não estar presente, fui vendo os posts, as mensagens, a alegria de podermos experimentar alguma coisa tão sublime, de celebração, louvor e comunhão. Na avaliação que fizemos na reunião dos pastores nesta quarta feira, perguntei a cada um o que havia sido mais marcante. E, apesar de todos darem respostas diferentes, ficou claro que o envolvimento, engajamento e voluntariado, foi um dos grandes diferenciais deste encontro.


Outro aspecto que marcou foi a percepção clara de que somos uma igreja multigeracional. Não eram apenas os jovens que estavam envolvidos, mas toda liderança assumiu sua responsabilidade, líderes, crianças cantavam as músicas das bandas, os idosos estavam presentes. Não era um programa para um segmento, mas para toda a igreja. Que grande benção ter esta visão de quem somos e onde estamos no momento de nossa história. 


Os desafios continuam: O envolvimento e engajamento daqueles que estão chegando a nossa igreja é um deles. No ano passado tivemos 208 novos membros e este ano, já são mais de 130 pessoas que chegaram. Como estes irmãos, poderão encontrar seu lugar no corpo de Cristo e saírem da condição de quem recebe, para a condição de participação efetiva? Isto leva algum tempo, mas não pode ser esquecido.


Outro aspecto: E a construção do templo? Quando começaremos as obras. Algumas pessoas já estão impacientes com o processo, mas estamos construindo projetos. São muitos, precisam ser aprovados. Os recursos precisam ser levantados. Estamos caminhando nesta direção. Gostaríamos de estar bem adiante, mas não estamos construindo apenas um galpão de cultos, mas um templo de grandes proporções. 


Portanto orem. Não se ausentem dos cultos. Não deixem de contribuir. Quando a igreja está mobilizada, entusiasmada, tudo pode acontecer. “Assim, edificamos o muro, e todo o muro se fechou até a metade de sua altura; porque o povo tinha ânimo para trabalhar.” (Ne 4.6)

A Escolha de Oficiais na igreja

 



Neste domingo, teremos eleições para presbíteros e diáconos. O Conselho da igreja está indicando sete candidatos ao presbiterato e sete ao diaconato. Que grande benção ver Deus despertando pessoas com disposição para servir. Afinal de contas, liderança cristã é serviço voluntário. Ao escolher seus líderes ore, reflita e vote.


Um dos sinais de igrejas em decadência é a dificuldade em despertar novos líderes. Elas ignoram e eventualmente conspiram contra novos líderes. Igrejas saudáveis estão sempre descobrindo novos talentos. Eles têm capacidade de trazer novas ideias, potencializar os recursos e gerar mudanças. 


O conselho de nossa igreja local resolveu adotar o sabático para os oficiais quando seus mandatos expiram. As eleições são feitas anualmente e há sempre um revezamento saudável e equilibrado. Esta decisão nos tem obrigado a descobrir e investir em seleção, recrutamento e treinamento de líderes potenciais. 


MacNair afirma que “Igrejas vivas estão renovando a si mesmas, começando por seus líderes (...) quando a renovação acontece, primeiramente das pessoas em direção aos seus líderes, podemos esperar certas consequências. Na medida em que as mudanças tocam os líderes da igreja, eles podem se achar incapazes de se identificar com o crescimento e a maturidade da congregação e eventualmente até resignar seus ofícios. Alguns podem reagir resistindo ou opor-se à renovação que começa a surgir, e quando isto acontece, a unidade do corpo pode enfrentar sérios distúrbios (...) Contudo, quando os líderes começam a participar da renovação, eles podem comunicar à congregação os benefícios e poder das mudanças que estão sendo feitas (...) tendo eles mesmos tal compromisso, podem conduzir a congregação em direção a estes alvos (...) Uma vez que líderes e congregação estão comprometidos em alcançar objetivos comuns para renovação e revitalização da igreja, as mudanças começam a acontecer num compasso exequível para a igreja local”.

Ainda não chegou o tempo

 Ainda não chegou o tempo





"Assim diz o Senhor dos Exércitos: Este povo afirma: ‘Ainda não chegou o tempo de reconstruir a casa do Senhor’. " (Ag 1.2)

 

Fé e esperança são fatores essenciais para a vida humana. Muitas vezes somos derrotados, não porque nos faltam condições de realizar as mudanças necessárias, mas porque perdemos a capacidade de crer e esperar que algo novo aconteça. O problema não é, na maioria das vezes, o que nos acontece, mas a forma como reagimos àquilo que nos acontece. O problema não é externo, é interno. 


Quando o profeta Ageu disse estas palavras às pessoas que estavam voltando do exilio, provavelmente elas estivessem olhando para os monturos e escombros e perguntando: Será que temos condições de reerguer os muros e as portas? Temos os recursos necessários? A obra parecia tão grande e eles tão poucos em número, e isto gerava  senso de impotência e retirava a capacidade de crer que algo pudesse ser feito. 


Não é exatamente assim conosco? Muitas vezes há tanta coisa para reconstruir: memórias, afetos, relacionamentos, negócios, casamento, retorno à comunhão com a igreja, mas vamos olhando as dificuldades e continuamos dizendo: “‘Ainda não chegou o tempo”. A Bíblia diz que “Quem observa o vento não plantará; e quem olha para as nuvens não colherá.” (Ec 11.4). 


O tempo já chegou. Na verdade, o povo de Israel que recebeu esta mensagem de Deus através do profeta Ageu, já tinha recursos. Eles já estavam construindo casas luxuosas para si e se esquecendo das coisas de Deus, que era essencial. O que você precisa fazer para restaurar sua história? Por que você tem procrastinado? Não continue dizendo, “ainda não chegou o tempo”. O tempo chegou. Esta é a hora!

Conversões horizontais

 


"Vejam, eu enviarei a vocês o profeta Elias antes do grande e terrível dia do Senhor.
Ele fará com que os corações dos pais se voltem para seus filhos, e os corações dos filhos para seus pais; do contrário eu virei e castigarei a terra com maldição.
" (Ml 4.5-6)

Estes são os últimos versículos do Antigo Testamento que encerram com uma grave advertência e uma maravilhosa promessa. Ao encerrar a primeira parte da Bíblia, Deus deixou ao povo uma nota de rodapé, um post-scriptum”. Com estas palavras vira-se a página para outro momento, para a vinda do Messias. E entramos nos Evangelhos, na nova aliança que nos é revelada no Novo Testamento.

Qual é a advertência? “Para que eu não venha e fira a terra com maldição.” Conversões horizontais e pais a filhos e filhos a pais são fundamentais para que a terra não seja amaldiçoada. Que maldição pode ser maior que a hostilidade e indiferença de filhos com os pais? Ou o distanciamento afetivo? O desprezo e descaso dentro do lar? O abuso? A falta de afetos certamente é uma das maiores causas de neuroses e doenças mentais. A ausência de amor gera amargura, agressividade, depressão, raiva e ódio. Já viram como é triste uma família na qual os pais não conseguem conversar com os filhos?

Qual é a promessa? Deus enviaria seu profeta para converter o coração dos pais aos filhos e filhos aos pais. Curiosamente, o primeiro milagre de Cristo foi numa festa de casamento, transformando água em vinho. A obra de Jesus tem efeito direto e imediato nos casamentos e nas famílias. O primeiro milagre nos parece apontar uma intenção clara de Jesus ao fazer este milagre. Temos assim a impressão de que ele queria demonstrar que através de sua vida, milagres aconteceriam dentro dos lares.

Esta é uma maravilhosa promessa. Pais e filhos que amam o Senhor, deveriam pedir para que esta promessa se cumpra em suas casas. Nada revela mais a conversão a Deus, (vertical), que a conversão de nossos corações uns aos outros (horizontal).