sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Apreciação

Alimento-me muito bem de fantasias,
E facilmente me desmonto com elogios.
Bastam poucas palavras para que eu me derreta,
Pouca coisa é suficiente para alimentar meu coração vaidoso.

Um bom elogio me sustenta o mês inteiro,
Uma declaração honesta, um reconhecimento sincero,
Faz meu coração vagabundo saltar de alegria.

Não sei como podem sobreviver aqueles que vivem sem apreciação.
Uma mulher mal amada que ansiosamente aguarda a palavra que não vem.
Uma criança que faz de tudo para ser apreciada e nunca é vista.
Como viver se não nos enxergam?
Sem um olhar ou uma palavra de admiração?
Sem um abraço de reconhecimento.
Sem um prêmio diante das pequenas conquistas.

Como sobrevive um homem numa relação apenas de cobranças e críticas?
Um funcionário constantemente sob ameaça?
Que nunca volta pra casa com o peito estufado de orgulho de ser gente,
De fazer coisas que são apreciadas.
De uma manifestação de louvor de seu patrão...

A apreciação é a mola mestra da dignidade humana.
Nada valoriza tanto o ser humano
Do que ser olhado com admiração,
Ser visto como alguém competente e criativo.

Muita coisa mudaria em nossas pobres e vazias relações,
Se ao menos ouvíssemos:
“Isto foi bem feito!”
“Você está bonita...”
“Que coisa boa você fez...”
“Você é deemaaaiiiss!”

Se ao menos olhássemos o outro e o víssemos com alguém especial,
Carente e frágil como nós mesmos.
Mas ao mesmo tempo alguém especial,
Carregado de valor.
E fôssemos capazes de apreciar o bem que existe no outro,
Se o víssemos como uma dádiva de Deus, um dom dos céus...

E que esta nossa nova compreensão,
Se tornasse poética em demonstração e palavras.

Que falta temos de uma boa apreciação...

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