domingo, 17 de janeiro de 2021

Faça-se a tua vontade...




Nas oração do Pai Nosso Jesus nos ensinou: “Faça-se a tua vontade, assim na terra como nos céus”. 

Deve ser o nosso desejo que a vontade de Deus seja plena na história como é executada no céu. A terra conspira contra a vontade de Deus, se opõe ao seu domínio e controle, rejeita sua autoridade e direção. Por esta razão, impera o caos e a desordem. Os homens não desejam a vontade de Deus – eles querem fazer a sua vontade.

Alguns anos atrás, me deram um tema curioso para um congresso de casais: “Melhor ser feliz que ter razão!”. Ao chegar em casa e vestir a camiseta com tais dizeres, minha esposa comentou em tom de brincadeira: “É ruim hein? É melhor ter razão...” acho que é assim que de fato funciona quando lidamos com a vontade de Deus. Nós queremos que nossa vontade prevaleça. Achamos que temos razão. Mesmo quando a nossa vontade nos leve à uma vida miserável.

A Bíblia diz que a vontade de Deus é “boa, perfeita e agradável” (Rm 12.2). Mas será que desejamos que sua vontade seja executada? E quando a vontade de Deus parece apontar para uma direção que não desejamos? E quando a boa vontade de Deus parece nefasta? E quando achamos que sua perfeita vontade é tão desencontrada? E quando nos parece absolutamente desagradável?

Quando Jesus ensinou a oração dominical, ele queria que um dos temas centrais na nossa vida central fosse o absoluto domínio da vontade de Deus na terra, assim como ele exerce a exerce no céu. Na sua glória, onde seu domínio é pleno, sua vontade é completa. Será que entendo a dimensão e implicação de tal oração? Tenho desejado que sua vontade seja plenamente executada na minha história, ou ainda luto para que meus rabiscos prevaleçam acima dos grandes desenhos de Deus? 

segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Antídotos para a Culpa



 

A culpa é um fenômeno universal: Todos a sentimos em algum nível, com maior ou menor intensidade. Infelizmente alguns são dominados de tal forma que sofrem graves transtornos emocionais. É o trauma não superado, as memórias acusatórias, o pecado não confessado, as lembranças reprimidas. Não adianta tentar mascarar a culpa, negá-la, nem utilizar deslocamentos ou sublimação. Jay Adams afirma que 55% dos pacientes com graves distúrbios mentais teriam alta dos hospitais psiquiátricos se experimentassem perdão genuíno.

 

Em Provérbios 16.6 encontramos eficazes antídotos para a culpa: “Pela misericórdia e pela verdade, se expia a culpa; e pelo temor do Senhor os homens evitam o mal.”
Temos aqui dois remédios: A misericórdia e a verdade. Como cada um deles se torna eficaz?

 

O papel da misericórdia: Paul Tripp faz um interessante contraste entre o perdão e a misericórdia. Ele afirma que Deus não perdoa a todos, mas trata a todos com misericórdia. O perdão pressupõe confissão, arrependimento, quebrantamento, e muitas pessoas nunca andarão por este caminho restaurador. Ele afirma que este é um dos graves problemas quando nos relacionamos com pessoas duras e insensíveis, porque esperamos delas reconhecimento e gratidão. Se esperarmos que eles admitam seus erros para perdoá-las, será impossível porque elas não são capazes de entrar em contato com seu erro. Então, devemos tratá-las com misericórdia, que é a atitude de Deus para com pessoas não merecedoras da simpatia e acolhimento. Deus trata o pecador com misericórdia, e ela é a causa de não sermos consumidos. 

A misericórdia é terapêutica, restauradora. Ela expia a culpa. Nossos relacionamentos precisam ser marcados pela misericórdia.

 

O Papel da verdade: Por outro lado, a verdade também é fundamental para a cura da culpa. Não se redime a culpa ocultando e escondendo. Só haverá expiação se houver confrontação e admissão. A confissão é essencial na liturgia e espiritualidade cristã. Bené Brown, conhecida preletora escreveu sua tese de doutorado com o titulo: “Vergonha”. Ela afirma que enquanto a vergonha não for visibilizada e confrontada, ela nos dominará e não será tratada, porque o processo de ocultação se transforma num peso. Quando a iluminamos, ela perde seu poder. Isto acontece com pessoas abusadas sexualmente que sofrem a vida inteira tentando se ocultar e esconder a humilhação. Quando o assunto é trazido à baila, a verdade é pronunciada, a denúncia é feita, isto se torna algo libertador. 

 

Por isto precisamos da misericórdia e da verdade para expiar a culpa. Estas duas coisas são encontradas na cruz. Ali Jesus denunciou toda a situação vergonhosa da humanidade que decidiu se distanciar de Deus, vivendo em pecados e delitos. A cruz pronuncia a dura realidade. Mas ali também ela revela a misericórdia de um Deus que é capaz de acolher apesar de nosso estado de miséria. É a misericórdia sendo aplicada. Assim se expia a culpa.