segunda-feira, 1 de setembro de 2014

O Templo de Salomão



Dia 31 de Agosto de 2014. A Igreja Universal do Reino de Deus, com a presença da Presidente da República e autoridades brasileiras inaugurou o monumental “Templo de Jerusalém”, numa área de 100 mil metros quadrados. O templo chama a atenção pelo gigantismo, custo e beleza arquitetônica. Ele é quatro vezes maior que O Santuário de Aparecida do Norte que pertence à Igreja Católica e é o maior templo do Brasil. Seu custo total foi de 680 milhões de reais e foi construído numa área absolutamente decadente hoje em São Paulo, onde ficam grandes galpões abandonados e mal cuidados – o que deve inflacionar imóveis na região. Muitas pedras talhadas que foram utilizadas na sua construção vieram de Jerusalém. O evento teve ampla cobertura da CNN e de outras emissoras e, obviamente, a Rede Globo, em constante intriga com o Bispo Edir Macedo, não fez qualquer menção à construção.

Apesar do seu valor como monumento e que eventualmente vai se tornar num pólo turístico, seu valor espiritual é zero. Construções nunca foram o alvo de Deus. Templos e monumentos, pelo contrário, geralmente tornam-se uma agressão a Deus, porque passam a ter um valor maior que pessoas, e inevitavelmente se transformam em relações idolátricas e as pessoas passam a “adorar” e acreditar que tais lugares são santos. Já vemos isto em grandes peregrinações que são feitas por religiões ao redor do mundo em busca de lugares sagrados, e frequentemente vemos isto no Brasil, mas a Bíblia é categórica em afirma que “Deus não habita em templos feitos por mãos humanas” (At 17.24).

Quando Davi resolveu edificar um tempo para Yahweh, Deus afirma que nunca desejou ter um local onde ficasse “aprisionado” por homens. Afinal, “Deus habita no meio da tempestade e da tormenta, e as nuvens são o pó de seus pés”  (Hb 1.3). O perigo do templo estava na possibilidade de identificarem a presença de Deus com o lugar edificado, como se Deus estivesse circunscrito a um local.

Deus é grandioso demais para habitar em templos feitos por homens. Deus escolheu habitar em cada um de nós pelo seu Espírito. “Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito Santo habita em vós?” (1 Co 3.16. Ler ainda 1 Co 6.15-20). “O Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens (At 7.47-50).


Templos são espaços de convivência e adoração. Na verdade servem muito mais para o nosso conforto do que para Deus. Estes espaços podem ser adequados e convenientes, ajudar na adoração e no silêncio, mas quando assumem a prerrogativa de que Deus se encontra ali, isto faz com que as pessoas não apenas criem uma relação idolátrica com o local, como quebram frontalmente os princípios básicos de Deus sobre a adoração que ele mesmo requer.

Tempo e modo



O sábio Salomão afirma que “para todo propósito há tempo e modo”, e que a pessoa sensata deve procurar discernir estas coisas nas escolhas que faz e atitudes que toma.

Por não sermos capazes de perceber bem o tempo certo e o modo adequado de fazer as coisas é que muitas vezes cometemos graves equívocos. Fazemos as coisas do modo certo na hora errada ou do modo errado, ainda que no tempo certo.

Por exemplo, discutir o relacionamento familiar é algo necessário, fazer ajustes de disciplina de filhos, alinhar a visão financeira de uma casa, tudo isto eventualmente precisa ser feito, mas se fazemos na hora errada, transforma-se em conflito. Muitas vezes o momento não é propicio. conversamos quando estamos cansados ou irritados ou num ambiente não adequado. Aquele assunto precisa ser tratado, mas será que a hora é certa?
Podemos ainda, fazer a coisa na hora certa, mas de modo errado. Fechamos a porta do quarto de casa, vamos tratar do assunto num momento em que as condições estão favoráveis, a hora é certa – este é o momento. No entanto, fazemos com altercação, acusação, ira e cólera, que, ainda que o momento seja adequado, sendo o modo é inadequado, somos incapazes de criar linhas de comunicação e diálogo.

A inadequação com o tempo, gera profundo desgaste e traz muita dor de cabeça. A bíblia diz que “a palavra boa, dita a seu tempo, quão boa é”. Mas precisa ser boa e dita no tempo certo. Um comentário na hora errada pode trazer muito desentendimento. Já viram pessoas contando piadas em meio ao sofrimento? Fazendo cantigas na hora do luto? Zombando, menosprezando ou sendo cínico com outro na hora de uma conversa séria? Isto é fazer na hora certa do modo errado. As duas situações geram desconforto e mal estar.


O segredo da vida tem a ver com o uso correto do tempo certo na hora certa: tempo e modo. Saber se aproveitar de ambos é apropriado às pessoas sensatas. Os tolos falham na inadequação de um ou outro deste ponto, ou em ambos. 

A Prática do bem



Sempre existiu na história da igreja cristã um grupo hábil para distorcer o conceito da graça de Deus. Judas, discípulo de Cristo, advertiu contra certos indivíduos que se introduziram com dissimulação no meio da igreja e que “transformavam a graça de Deus em libertinagem, negando o único Soberano e Senhor, Jesus Cristo” (Jd 4). Paulo exortou um grupo da igreja de Roma que, entendendo mal o conceito da graça, disse ironicamente: “Permaneceremos no pecado para que seja a graça mais abundante?” (Rm 6.1). Este tipo de comportamento transforma a graça de Deus em “graça barata”, como afirmou Bonhoeffer, perdendo a perspectiva do grande e maravilhoso projeto de Deus para nossa vida, que não foi barato para Deus. Seu filho teve que pagar o preço de nosso pecado na cruz.

O apóstolo João afirma: “Todo aquele que permanece nele, não vive (deliberadamente) pecando, todo aquele que vive pecando, não o viu, nem o conheceu” (1 Jo 3.6). Podemos, portanto afirmar, que todo aquele que transforma seu pecado num hábito e estilo de vida, não teve a noção do valor da graça de Cristo, e não conhece a Deus. “Filhinhos, não vos deixeis enganar por ninguém; aquele que prática a justiça é justo, assim como ele é justo. Aquele que (deliberadamente) prática o pecado, procede do diabo, porque o diabo vive pecando desde o princípio (...) todo aquele que é nascido de Deus, não vive na prática do pecado, pois o que nele permanece é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus” (1 Jo 3.7-9).


Portanto, vivamos na prática do bem. “Como filhos da luz, andai na luz”.