sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

O Mentiroso

Mentia tanto que já não sabíamos onde começava o homem e terminava a fabula.
Ele mesmo já não sabia mais o que era fantasia e realidade.
Quais eventos era reais ou mitos
Assim era sua vida: verdade falsificada
Falsa verdade.
Sua mentira já não era mais ofensa,
Nem questão de caráter.
Sua mentira era ele mesmo,
Ele era a grande farsa.
Sua vida era a contradição encarnada.
Tornou-se objeto de chacota,
Comentário fortuito à roda da mesa do bar.
Mentira...

Podia contar a mais verdadeira das historias,
E quanto mais enfatizava ser verdade,
Mais parecia mentira.
Tornou-se a mentira.
Ela não apenas a contava – era ela mesma.
O que fazer qunado o ser deixa de ser a realidade?
Para virar o não ser?
O que fazer quando a mentira se torna a biografia e reflete a personalidade?
Como se livrar do espectro de não apenas falar a mentira, mas de ser a mentira?
Quem pode livrar o mentiroso de si mesmo,
Quando ele se torna a encarnação da mentira?
Quando a narrativa e o narrador se co-fundem?

Samuel Vieira
Fevereiro 2007

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