quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Não mude o que não deve ser mudado!

Depois do fracassado Plano Collor cujo lema era: “Invente, tente, faça alguma coisa diferente!”, um humorista deu o seguinte conselho: “Não invente, não tente, não faça nada diferente!”.
Somos uma sociedade tradicional, que vive sob a pressão de eventos e mutações. Por isto facilmente oscilamos. Não temos uma âncora firme na qual nos sintamos seguros para não vacilar diante da opinião pública, de amigos e colegas de trabalho, e por isto, não raras vezes, mudamos aquilo que não deveria ser mudado. Nossa ansiedade leva-nos a querer mudar o que jamais deveria mudar.
Mais grave se torna ainda nossa situação quando mudamos o que não deveríamos ter mudado, e deixamos de mudar o que precisava ser mudado. Existe um antigo provérbio que diz: “Senhor, dá-me coragem para mudar o que precisa ser mudado, paciência para suportar aquilo que não pode ser mudado, e sabedoria para discernir entre uma coisa e outra”.
Precisamos mudar comportamentos que ferem, atitudes que prejudicam pessoas que a gente ama. Precisamos mudar o falar descaridoso, a indiferença e resistência para com a família, nossa rudeza para com esposa (o) e filhos, nossa frieza em relação às coisas de Deus. Precisamos ter coragem de tomar decisões que podem mudar nossa estratégia empresarial e nos tirar da perigosa zona de conforto que vivemos.
Mas não devemos mudar coisas que não podem ser mudadas. A Bíblia nos ensina a não mudar os “marcos antigos”. Heranças e legados que recebemos, projetos que estão abençoando outras pessoas e estratégias empresariais que estão dando certo. Reflita sobre as razões do seu sucesso (ou fracasso): Quantas coisas boas você fazia e deixou de fazer? Na ansiedade de mudar e por acreditar que mudar por mudar é um valor em si, surgiram equívocos que refletem perigosamente no dia de hoje.
O que você tem mudado sem necessidade? Relacionamentos, amizades, trabalho, simplicidade de vida, um estilo de vida que era sua realidade por um modelo de tenso que hoje você vive? Não deveria, portanto, fazer tais mudanças.
Existe outro ditado que diz: “Planta que muda muito não cria raiz!”. Ninguém consegue viver em constante mutação. A vida precisa de certos rituais, horários e rotinas. Isto faz com que exista certo nível de expectativa e coerência. A Imprevisibilidade e incerteza podem ser muito boas em várias situações, mas podem trazer muita insegurança em outras. Filhos, por exemplo, precisam de certa coerência e previsibilidade. Clientes, parceiros e colaboradores também encontram dificuldade para se relacionar com uma empresa que não tem um nível de estabilidade esperada.
Por isto, cuidado para não mudar o que não deve ser mudado!

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A Conspiração dos Ipês





Sempre me impressionei com a beleza dos ipês, árvore belíssima do cerrado do Centro Oeste. 

Ultimamente tenho me impressionado também com outro aspecto curioso: 

O Ipê demonstra sua pujança e exuberância, não nos dias de chuva quando o verde e a natureza se empolgam tanto, mas nos meses mais secos do ano – Agosto e Setembro. Nestes dias quentes, quando todas as demais árvores se encolhem e ressentem da chuva, o ipê floresce. De repente, no meio da sequidão, eclode em vida. Suas flores tornam-se um descompasso na natureza, ornando os pastos e as florestas de uma beleza exuberante. 

Outras árvores como o Flamboyant, o cajueiro e o pequizeiro também resolvem demonstrar que é possível fazer brotar a vida nos dias secos. O caju só frutifica na ausência de água. Estas árvores conspiram contra a realidade da secura e assim se autenticam. É uma cena de inconformismo. Uma atitude anárquica de quem se recusa a entregar e ceder. 

É uma anomalia frutificar e dar flores quando a natureza manda encolher. O ipê assim brota em suas múltiplas cores: Roxo, amarelo e branco. Uma rebelião contra o feio, um grito de coragem diante da seca. 

Já encontrei seres humanos também anárquicos com o caos e a sequidão. 

A Bíblia fala que tais pessoas, ao passarem pelo vale árido, o transformam em manancial. A dor, a oposição e a tristeza se tornam para elas uma oportunidade de revelar sua fé, caráter e valor. Não se ressentem do mal, não se entregam diante do antagonismo, tornam-se contraculturais conspirando contra o caos porque se recusam em serem pessoas ordinárias. São anárquicos por responderem de forma criativa e corajosa à vida e por se recusarem a aceitar a morte como realidade última. 

Assim como os ipês se diferenciam pela sua cor, os cajueiros respondem dando frutos. A ausência da chuva e a presença do fogo, trazendo queimadas e enfumaçando os céus não os leva a retraírem, mas a reagirem. 

Assim caminham homens e mulheres de fé e gente impregnada de esperança. 

Assim responde Jó no meio das cinzas de sua dor dizendo: “Porque Eu sei que meu redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra. Depois, revestido este meu corpo da minha pele, em minha carne verei a Deus” (Jó 19.25-26). É gente que crê que diante da morte é possível crer na ressurreição dos corpos!