quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

Todos tem história para contar

O segredo de contar histórias não está no grande enredo que se vive,
Mas na capacidade do narrador em descrever o enredo.
Todas histórias são grandes enredos
Todos os dramas épicos, maravilhosos e grandiosos.
Na sensibilidade do poeta, do narrador, do músico.
A história banal e rotineira torna-se rica por causa da banalidade,
Sua rotina é seu grande enredo.
Existe alguma coisa mais dramática que o cotidiano?
A história trágica é um grande enredo, precisamente por causa de sua tragédia,
Por ter percorrido caminhos tão íngremes.
As fachadas das lojas que conheci na infância,
As cidades mais sem graça, por onde passei e vivi,
Possuem grandes dramas,
São grandes contos.
Cabe ao artista extrair seu mais profundo dilema e traduzi-lo.
O segredo não está no por do sol,
Na feiúra do lugar,
Na magnificência do ato,
Mas na capacidade do artista em apreender a imagem
E traduzir seu drama.
O deserto pode ser lindo
Também pode ser desafiador, selvagem, agressivo.
A poesia, a música, a pintura, o literato, podem transformá-lo em obra de arte.
A final, a beleza está no coração daquele que a contempla.
O banal tem história,
Todo banal é magnífico.
Aquela criança despretenciosa brincando na rua
Possui um fantástico enredo a ser construído.
Sua história pode ser fantástica,
Se relatada por alguém que saiba tal arte.
A famosa foto da mulher afegã
A dor da criança nua na guerra do Vietnã,
Os carregadores na fotografia de Serra Pelada.
Fatos corriqueiros transformados em expressões clássicas da história universal.
As casas, pessoas, ruas por onde passamos.
Contam histórias fabulosas:
Traição,
Mentira,
Farsa,
Alegria,
Celebração.
Velhas cidades relatam sagas de famílias.
A minha própria história,
Com seus dilemas, medos, obsessões, fé e contradições,
São historias para grandes clássicos.
Todos tem historias para contar,
Mas nem sempre existem homens que as contem.
Sobram narrativas, faltam narradores.
Gurupi tem história para contar
Iguape tem história para contar.
Afinal,
Quem poderia imaginar que de Nazaré pudesse surgir alguma coisa boa?

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