quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

Fantasmas no silencio

Há fantasmas no silêncio

O silêncio é uma forma eloqüente de falar,
Porque o não falar também é uma forma de dizer.
É como o processo de decisão.
Não decisão também é uma decisão
A decisão de não decidir.
Por isto, esteja atento ao silencio.
Ele é sempre carregado de fantasmas.
Muitos falam muito para não dizer realmente o que precisa falar.
Isto é falatório.
Como o falante, que na sua timidez fala muito para acobertar sua forma de ser.
Isto é tagarelice.
Muitos falam e não dizem
Outros tanto, sem dizer, falam.
Precisamos aprender não a linguagem das palavras, mas sim as do pensamento.
O silêncio é carregado de fantasmas.
Alguns assustadores...
Dores não reveladas,
traumas inconscientes,
angústias não elaboradas,
culpas corrosivas.
Pior que a própria dor é a incapacidade de falar sobre ela.
Dizer já é processo de cura.
O silêncio pode ser a tentativa de se ocultar o cadáver,
De fazer de conta que ninguém morreu.
Mas a verdade grita nas praças,
Assim como brada nos recônditos de nossa alma.
Este falar silencioso pode abrigar raiva,
Dor não resolvida,
Medo de julgamento,
Sentimento de desprezo.
Não tendo ou não podendo falar, é melhor calar.
Mas como calar a dor que grita?
Como simular que a dor não é dor?
Há fantasmas no silêncio,
E há tantos gritos silenciosos.
Eles se movem nas madrugadas de nossa existência,
Se movimentam na nossa agitada agenda que não tenta ouvir a voz interior.
Neste silencioso movimento
Muita coisa é dita sem dizer.
Como discernir a linguagem do silêncio
Se mesmo quem articula a voz, no silêncio, a compreende bem?
Como discernir fantasmas do silêncio,
Se os fantasmas sequer existem?

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