quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

Nosso ser misterioso

Pobre daquele que acredita na sua previsibilidade
Mais triste ainda é quem acredita na sua plausibilidade.
Acredite em mim: você não é confiável!
O ser humano carrega em si o artefato da contradição e do mistério.
Não compreende o outro porque não é capaz de compreender suas próprias contradições e angustias.
O ser humano é misterioso...
Cada um é um mistério e uma ilha de surpresas e causalidade
Não é capaz de ser coerente em seu próprio modo de agir
Faz o que detesta
É incapaz de se esquivar mesmo daquilo que sempre critica.
Sua história tem a ver com natureza e ambiente
E ele se submete às contradições de um e de outro
Ele é o seu próprio fantasma e mistério
E não consegue escrever seu próprio script.
Sua história não é previsível:
O infortúnio
A fortuna
E muitos outros acidentes e variáveis
O ajudam a ser o que ele não é
E não aquilo que deseja ser.
O herói pode amanhã ser vilão
O nefasto pode se tornar herói
O moralista esconde desejos
E sua neurose se torna a sua própria acusação
Quem há que possa discernir suas próprias faltas
Entender seu próprio coração
Tão enganoso e tinhoso.
O ganho de hoje é a perda de amanhã
A perda pode se tornar o ganho.
Portas fechadas podem abrir grandes portais
E portas abertas podem ser armadilhas
Aquilo que é a glória de hoje
Pode ser a vergonha de amanhã
O bandido vira mocinho
E o mocinho pode ser o verdadeiro vilão
Quantas surpresas teremos no desvendar da história
Quem revelara o mistério de seu próprio mistério?
Qual dentre os homens tem poder sobre a morte?
Quem conhece as sombras de seu próprio coração
E os meandros de sua impulsividade?
Somos ao mesmo tempo heróis e bandidos
Mocinhos e vilões
Anjos e demônios
Somos a soma de nossa própria incoerência
Somos o próprio mistério...

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