quarta-feira, 28 de março de 2012

Decoração, arquitetura e personalidade

Jesus apropriadamente ensinou que “a boca fala daquilo que o coração está cheio”. Não há nada que verbalizamos que não tenha antes tenha passado pelo coração, nem mesmo quando fazemos afirmações perniciosas, agressivas ou rudes, sob o efeito das emoções, da bebida ou das drogas. Podemos e devemos nos desculpar, mas este ato falho revela o que estava dentro de nós. Sob o efeito do álcool apenas encontramos a coragem para falar daquilo que não diríamos com sobriedade. Não há nada que dizemos que não venha do coração.
Com o passar dos anos, aprendemos que outras coisas também demonstram e revelam nossa alma. A decoração, arquitetura e ornamentação de uma casa falam muito sobre o momento que vivemos ou de nossa personalidade.
Ao visitar uma família, facilmente observamos como estão dispostos os móveis, a colocação dos quadros e as plantas que ornamentam a casa, se a casa está limpa e em ordem, ou se suja e mal conservada. Não precisamos de poderes sobrenaturais, místicos ou sensitivos para ver o coração das pessoas refletido na disposição da decoração. Alguns detalhes revelam tristeza, alegria, decepção e até mesmo opressão espiritual ou alegria, celebração e paz de espírito. Plantas morrendo secas, móveis entulhados ou mal posicionados, quadros fora do lugar ou tortos, ausência ou excesso dos mesmos falam por si só. Arquitetura revela a alma.
Visitei uma família cuja quantidade de caixas, restos de tintas, quartos entulhados e apertados, refletiam bem lixos emocionais não descartados, decepções e frustrações vivenciadas e acumuladas em suas almas por uma suposta traição enfrentada. Se jogassem metade daquelas coisas velhas isto não lhes faria mal. Se atirassem pela janela aquelas podres emoções que os atormentavam também seriam muito mais leves. O lixo da casa refletia o lixo do coração.
Ausência de móveis e decorações pode refletir o desprazer e desinteresse das pessoas que não querem investir no estético e no belo, mas pode, ambivalentemente, revelar leveza e despojamento. O que conta não é se são poucos ou muitos móveis, mas o conjunto e a harmonia. Não é apenas uma questão de muita ou pouca mobília, mas de sincronização dos elementos.
Arte é um poderoso elemento de comunicação. Uma decoração não serve apenas para ornamentar a casa, mas serve para denunciar ou exaltar a qualidade de vida emocional que uma determinada família experimenta. Arte reflete personalidade.

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