O Senador Jáder Barbalho venceu com grande vantagem a eleição para representar seu estado junto ao Senado Federal, mesmo depois de todas as denúncias de escândalos administrativos, desvio de dinheiro e acusações criminais. Isto mostra o quanto é possível manipular, comprar e influenciar as massas populares. A patética cena da multidão delirando e chorando por causa da morte do ditador da Coréia do Norte é outro exemplo bizarro destas coisas.
Apesar dos votos, Barbalho não pode assumir o cargo, porque seu nome estava tão comprometido que ele foi barrado pela lei da ficha limpa, que impede que pessoas com problemas na justiça assumam cargos públicos.
Depois de muita pendenga judicial, conseguiu assumir o cargo, não porque não houvesse cometido os crimes sobre os quais fora acusado, mas usando o mesmo argumento que liberou Denise Roriz, deputada distrital de Brasília, de ser cassada: Quando os crimes foram praticados, ainda não existia a lei da ficha limpa, portanto, nada poderia ser feito contra ele.
A posse de Jáder Barbalho foi um chiste, realizada num ambiente de constrangimento público para o Senado e para a nação brasileira. Decidiram fazer a cerimônia com a casa vazia, para que os senadores que ainda possuem brio moral, não se submetessem à vexatória cena.
O Senador, porém, cometeu apenas um erro estratégico, não previsto pelos seus advogados. Ele resolveu levar seu filho, com apenas 7 anos de idade, para o evento, e este menino roubou a cena. Durante todo o tempo, ele mostrava a língua para repórteres, políticos e apaniguados. Sua atitude constrangia a todos, seu pai o censurou, mas ele continuou agindo da mesma forma. Era uma crítica subjacente que outros não podiam fazer. Ele fazia a catarse da nação, debochando de todos, por não entender a seriedade do cargo e da função e a solenidade do momento. Denunciava o próprio pai, que da mesma forma não entendia sua função e ainda debochava de todos, usando truques legais e jurídicos, através de habilidosos e caros advogados.
Fico pensando quão triste e constrangedor se torna nossa vida, quando os filhos, inconscientemente ou não, zombam de nossa atitude como pais sem tomar conhecimento da posse e pompa que tentamos manter para impressionar aqueles que desconhecem nossas atitudes.
Em São Paulo, recentemente, o filho de um mega empresário anunciou inesperadamente aos pais que estava deixando a casa, para dividir sua vida com a família do motorista da família, saindo da mansão para morar num pequeno quarto da periferia da cidade. Presenciei também uma cena na qual uma filha de um líder religioso, desprezou a fé e os valores do seu pai, por causa da infidelidade dele para com sua mãe.
Filhos desmascaram artifícios, acusam e desarticulam hipocrisias e máscaras dos pais e tem o poder de explicitar nossas farsas. Este é o grande deboche que pode ser evitado com uma vida de coerência ética e moral, que como pais, nos é requerida.
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