domingo, 24 de dezembro de 2006

A moça da vitrine

Aquela moça da vitrine vende fantasias,
Vende o que nunca comprou,
Vende pipas estilizadas, roupas de griffes, sapatos caros,
Vende castelos de areia, vende mágica.
Mas o que será que realmente a inspira?
O que ela gostaria de ter e não tem?
O que sonha em comprar e não está na vitrine?
O que faria sentido a esta moça que vende sonhos?
Roupas caras? Sensualidade? Perfumes valiosos?
Seria possível encontrar o que busca nas mercadorias que vende?
“não vendemos perfumes, vendemos beleza”...
Por que ela vende o que não pode ser comprado e compra o que não precisa ter?
Por que tantos compram sem ter dinheiro coisas que não precisam,
Para impressionar pessoas que elas não gostam?
Talvez porque a mercadoria essencial,
O valor vital,
Não se encontra a venda.
Por isto pessoas compram sem precisar,
Na vã e fútil idéia de encontrarem o que buscam.
A moça da vitrine vende fantasias,
Fala de coisas que desconhece
Mas ela também compra fantasias,
Vive de sonhos que nem imagina...

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