domingo, 24 de dezembro de 2006

Confissões

Não gosto de confissões
Porque confissões são meias-verdades.
Gostamos de contar apenas a metade daquilo que somos e fizemos.
Pior ainda,
Confessamos para atenuar a pena,
Para manipular aquele que a ouve,
Fazendo assim nos tornamos ainda pior no nosso mal.
Não curamos nossa ferida,
Antes a tornamos mais maligna.
Não gosto de confessar,
Porque confissão me vulnerabiliza
Confissão me humilha
Me faz entrar em contacto com meu mal por inteiro.
Por isto não gosto de confissões,
Fazem mal quando confessado pela metade.
Me causam angústia quando as confesso por inteiro.
Confissão quebra meu ego
Me obriga a entrar em contacto com minhas sombras,
Me faz perceber o meu mal na sua inteireza.
Assim, minhas sombras, escudos, barricadas e defesas – pulverizam.
Eu sei que o mal é como fungo e mofo,
Desenvolve-se melhor no escuro,
Por isto odeiam a luminosidade.
Mas estes males não me expõem,
Escondê-los me dá uma certa (falsa) sensação de segurança.
Minha reputação não é manchada
Consigo estabelecer o beneficio da dúvida.
Eu sei que o mal vai se aprofundar em mim,
Mas não faz mal.
Prefiro o mal, desde que ele permaneça nas penumbras e porões escuros da minha alma.
Prefiro a morte...

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