domingo, 24 de dezembro de 2006

Barulhos

Ouço sons por todos os lados,
Esqueci o que é silêncio.
Creio que o silêncio tem o poder de provocar sons, e eu me apavoro quando sinto os sons do silêncio.
Seria possível um pouco de silêncio?
Um lugar para ouvir o barulho da minha alma?
Me aterroriza pensar na possibilidade de viver sem sons a me perturbar.
Eles me distraem
E me fazem esquecer que preciso me aquietar.
Aquietar?
Quanto tempo faz que não conjugo este verbo na primeira pessoa?
Mas quem realmente acredita que isto seja importante?...
Vivo num mundo de barulhos, ouço as buzinas da impaciência,
O ronco dos motores da minha intransigência,
Os sinais repetitivos de campainhas que não são mais lembradas na minha consciência.
Estes barulhos persistentes são os meus melhores amigos (inimigos),
Revelam meu desejo de não parar, não sorrir, não pensar, não orar.
Torno-me repetitivo tanto quanto os meus barulhos,
E vivo no automático da falta de sentido.
No controle remoto de minha alma.
Assim vivo gritando sem falar,
Fazendo barulhos sem comunicar
Apenas reproduzindo sons.
Meu barulho não diz nada, mas eu quero continuar a fazê-los.
Quem sabe eles podem me livrar dos ecos vazios
E barulhentos do silêncio de minha alma?

Um comentário:

  1. Profunda reflezao Pastor Samuel. Muito comovente neste momento de tanta agonia e afliçao. Espero que em Deus encontremos o silencio e os sons.
    Acho que a nossa alma tem pouca intimidade com as coisas eternas e fieis do Senhor. Ore por mim amado pastor, estou precisando.

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