domingo, 24 de dezembro de 2006

Amor Próprio

Ninguém gosta mais de mim que eu mesmo,
Ou pelo menos, ninguém poderia gostar mais.
Sempre encontro pessoas querendo construir seu universo em torno dos outros,
Crêem que seu problema é a ausência de alguém,
A falta de companheiro,
A solidão.
“Se ao menos tivessem alguém”... seus problemas seriam resolvidos.
No entanto, ninguém resolve meus dilemas,
Cada um possui seus próprios enigmas,
Seu núcleo de complexos,
Seus símbolos, mitos, sonhos,
E na angustia por resolvê-los buscam individualmente, soluções.
Todos estão preocupados em decifrar sua própria pirâmide existencial.
Por isto, não estão com tempo disponível para gastar seu tempo resolvendo os dos outros.
Não dá para transferir minha conflitividade para os outros.
Eu sou a minha decisão...
Eu mesmo preciso identificar e tratar minha alma só e carente.
Minha existência tão emaranhada e confusa precisa de diretriz.
Ninguém, além de mim mesmo, me suporta,
E muitas vezes nem eu mesmo me suporto.
Não posso construir meus sonhos em torno do outro,
Preciso desistir do outro para amar.
O relacionamento só é ideal quando não é necessário para minha sobrevivência.
Assim não preciso manipular o outro para chamar sua atenção,
Não o sufoco com meus exageros,
Só assim não preciso mendigar amor,
Nem idealizar o outro,
E não construo minha vida em torno de alguém.
Não me vicio no outro.
Para me relacionar com o outro, preciso me relacionar bem comigo mesmo,
Entender minha solidão, meus temores, minha dor.
Não posso usar o outro para me resolver.
Sou livre para amar o ser amado, quando não preciso usá-lo como escudo contra minha própria solidão.
Abraço assim, minha infinita sede de viver,
E apenas assim, consigo simplesmente ser para mim e para os outros.

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