No livro Por uma vida Melhor, distribuído pelo MEC recentemente, para quase meio milhão de alunos relativiza-se as regras de concordância do Português e defende que a maneira como as pessoas usam a língua deixa de ser classificada como certa ou errada e passe a ser considerada adequada ou inadequada, dependendo da situação. Isto significa que não é errado deixar de concordar artigo com substantivo. Autores da publicação e o próprio MEC dizem que a idéia é apresentar as diferentes formas de falar existentes no país.
A defesa de que o aluno não precisa seguir algumas regras da gramática para falar de forma correta pode ser ilustrada na página 14 do livro, na frase: "Os livro ilustrado mais interessante estão emprestado", com a explicação: "Na variedade popular, basta que a palavra ‘os’ esteja no plural". "A língua portuguesa admite esta construção". Na página 15, antecipando as críticas, surge a seguinte questão: "Mas eu posso falar 'os livro'?". E a resposta dos autores: "Claro que pode. Mas com uma ressalva, dependendo da situação a pessoa corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico”.
Heloísa Ramos, uma das autoras do livro, afirma que a intenção é mostrar que o conceito de correto e incorreto deve ser substituído pela idéia de uso adequado e inadequado da língua. “O ensino que a gente defende e quer da língua é um ensino bastante plural, com diferentes gêneros textuais, com diferentes práticas, diferentes situações de comunicação para que a desenvoltura linguística aconteça”, declarou ela. Segundo o MEC, é preciso se livrar do mito de que existe apenas uma forma certa de falar e que a escrita deve ser o espelho da fala.
Honestamente falando... Só me faltava esta! Aqueles que são responsáveis por nortear a língua pátria, resolveram que falar “Nóis fumo e vortemo”, não é mais errado. “Eita coisa de doido, trein!”.
Sabe o que eu acho de tudo isto? Ridículo! Este negócio de relativizar tudo já tem causado uma série de confusão na ética, e agora na gramática. Portanto, sombra e luz é a mesma coisa, como afirma o hinduísmo; Lúcifer e Jesus são irmãos, como afirmam os mórmons; macho e fêmea são a mesma coisa, já que nada pode ou consegue se diferenciar, e assim vamos neste trem maluco da relatividade absurda.
Que medo é este que a gente está vivendo de dizer que “A Verdade é o que é” (Sócrates); porque precisamos sempre da dialética hegeliana que insiste em dizer que quando as coisas são diferentes, mesmo assim podem ser iguais?
Senso de justiça e direito só pode existir se considerarmos que determinadas atitudes são legais e outras, ilegais. Só pode existir verdade se houver mentira, só pode existir luz se houver trevas, não precisamos confundir certo e errado para termos síntese. Todo nosso ser clama por paradigmas e absolutos, ainda que isto faça Hegel se mexer no seu túmulo. Esta tentativa de fazer o certo errado e o errado certo criam absurdos como os que agora verificamos na atitude do MEC, que com recursos públicos, isto é, com o meu o seu imposto, resolva agora deseducar. Afinal, se "Os livro ilustrado mais interessante estão emprestado" é correto, “espia só, gente, este negócio vai deixar nóis doidin, sô!”.
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