terça-feira, 21 de junho de 2011

Educação com Culpa

Educação de filhos, em todas as épocas, nunca foi uma tarefa fácil, e se torna ainda mais complexa em nossos dias quando valores e pressupostos estão sendo constantemente postos em xeque. Antes de acharmos que esta geração tem algum problema, é melhor colocar os holofotes sobre nós mesmos.
É muito fácil dizer que a atual geração é problemática, que os filhos não tem respeito pelos pais, que não sabem limites, ou que são isto ou aquilo. John Lennon afirmava que “toda geração tende a culpa a geração anterior”, mas o fato é que os garotos e garotas de hoje foram criados por nós. Eles refletem a educação que lhe demos, é nosso sub-produto. De alguma forma permitimos ou induzimos nossos filhos a serem o que são, já que foram criados por nós.
Filhos reproduzem modelos familiares e sociais. Lares legalistas geram filhos legalistas, sociedade violenta gera violência. O mesmo se dá com a intolerância, liberalismo e indisciplina. Os pais modernos esqueceram que foram chamados à paternidade e resolveram ser psicólogos de seus filhos. Não deu certo! Filhos, num primeiro momento, não precisam de terapia, mas sim de pais.
Por não saberem o que é certo ou errado, os pais estão confusos e tendem a assumir uma educação ambivalente e contraditória e os filhos percebem e manipulam os ansiosos e inseguros pais. Assim, quando precisam assumir uma posição firme e clara, sentem-se culpados, afinal, eles mesmos não sabem o que fazer. Se não existe o certo e o errado, então, por que exigir dos filhos uma atitude ou outra?
Recentemente o Fantástico apresentou um quadro de uma adolescente promíscua. Ela tem vários parceiros sexuais ao mesmo tempo e não quer ser aborrecida pelos pais, aliás, a figura paterna sequer aparece na discussão. Então, a mídia traz orientadores que censuram a mãe de forma indireta dizendo: “Temos que entender esta geração. Os jovens de hoje pensam assim mesmo”, e a mãe, confusa e envergonhada, não sabia como se posicionar diante da atitude de promiscuidade da filha. Antigamente a sociedade dava nome claro a este comportamento e todos sabiam que isto era falta de vergonha! Mas hoje, em nome da tolerância e liberdade, pais culpados não conseguem mais educar.
Educar vem do grego Paidéia, donde procede a palavra pedagogia, e significa conduzir, tomar pela mão, orientar. Tal atitude dos mentores implicava em dizer: “Ande por aqui!”, ou “Não ande por este caminho!” e exigia disciplina. Mas como apontar caminhos se não sabemos se existe um caminho? O que fazer se somos conduzidos pela culpa e nos encontramos perdidos?
Alguém afirmou que não existem filhos problemas, mas pais problemas. Nossa educação para esta geração chega com mais de 20 anos de atraso, já que deveria ter chegado na educação dos pais atuais. Confusos, assustados, acuados, desorientados e guiados por culpa e dor.

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