quarta-feira, 2 de maio de 2012

Pai e Filho Por causa de um convite especial do meu filho e da insistência de minha esposa, o acompanhei numa viagem a trabalho. Ele gostaria de conhecer aquele país e pediu-me que eu fosse encontrá-lo após o curso. Nossa viagem seria de uma semana mergulhando numa comida diferente, explorando novos lugares e experimentando comidas tradicionais da região. Meu filho saiu de casa para estudar Administração de Empresas no Mackenzie, São Paulo, e desde então, nunca mais o tivemos em casa por um longo tempo, ele apenas aparecia nos curtos períodos de feriados, já que desde o seu primeiro ano iniciou a peregrinação de estágios em diferentes empresas. Hoje trabalha numa multinacional, construindo seu currículo profissional. Não é mais o adolescente com espinhas na cara, mas um homem falando de business e casamento. Como seria estar com ele nestes dias, compartilhando quarto de hotel, jantares e roteiros turísticos? Será que nosso diálogo ainda poderia fluir? Será que ele ainda me conhecia e eu ainda sabia quem é ele? As pessoas mudam, as experiências de vida somadas nos fazem ver as coisas em perspectivas diferentes. Estas questões impulsionaram ainda mais o meu coração. Via este encontro como um resgate da história de alguém que amei, sustentei, carreguei no colo, nas costas e vi crescer surpreendendo-me dia a dia no seu progresso. A experiência foi excelente. Pudemos compartilhar planos, temores, desejos, anseios e projetos. Pudemos falar de reminiscências e memórias. Nossas diferenças de humor e temperamento foram sobejamente positivas e trouxeram enorme riqueza ao meu coração. Depois de anos a fio, aconselhando pessoas e falando em congressos de famílias e casais, tenho percebido que saúde emocional está diretamente relacionada aos relacionamentos familiares. Família é lugar de doença e cura. Filhos constroem sua auto estima dependendo da forma como se relacionam com seus pais, especialmente com a figura paterna. Por isto, intencionalmente, pais e filhos precisam buscar aproximação de alma e afetos para que haja saúde emocional. Quando filhos vivem relacionamentos conturbados com seus pais, surgem graves distúrbios emocionais e psiquiátricos, dificultando a construção de afetos significativos e profundos e de uma compreensão mais saudável da vida. Relacionamentos conturbados levam as pessoas a oscilarem entre a acusação, suspeita e tirania com figuras de autoridade. Da mesma forma, as filhas encontram dificuldade na relação com namorados e homens, em geral, quando enfrentam problemas sérios com a figura paterna em casa. A ausência, negligência ou tirania de uma figura masculina dificulta a aceitação pessoal e o valor próprio. Estar de férias com meu filho foi um maravilhoso encontro de alma, e uma reconfortante maneira de ver como é bom cultivar vínculos significativos nesta caminhada. Isto facilita e pavimenta o caminho para acolher a próxima geração, que vai iniciar um novo ciclo de aceitação ou rejeição, dependendo de como os futuros pais e mães também construirão sua história de reciprocidade, amor e respeito na família que construirão.

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