terça-feira, 22 de maio de 2012

Assertivo, não agressivo!

Eudes Moraes foi um dos meus companheiros de jornada mais intrigantes e inquietantes. Dono de uma personalidade forte, tornou-se um romeiro na minha caminhada, surpreendendo-me aqui e acolá com um convite para almoçarmos juntos em Brasília. Sempre foi controvertido nas suas posições e gostava de provocar com suas divagações filosóficas, recheadas de frases de filósofos existencialistas e teólogos liberais. Nestes encontros, pude aprender muitas coisas positivas com ele, porém, um princípio que ele me comunicou definitivamente transformou minha história e meus relacionamentos. Talvez ele tenha resolvido me alertar sobre a necessidade de ser assertivo porque eu era ainda muito jovem e impulsivo, e ele percebia que eu corria riscos com os rompantes da minha personalidade. Lembro-me de questioná-lo sobre o significado de assertividade. Ele me explicou que era a capacidade de expressar pontos de vista, sem levantar a voz ou permitir que as emoções tirassem a serenidade. Então, enfaticamente me falou: “Seja assertivo, mas não agressivo nos seus diálogos!”. Este princípio tem acompanhado minha vida desde então. É fácil perder a compostura num diálogo, numa mesa de negociação, num debate, ou quando estamos numa reunião onde surgem interesses conflitantes. A tendência nesta hora é discutir, altercar, falar demais ou, em casos extremos, até mesmo perder o equilíbrio e gritar. Ser capaz de se posicionar sem se omitir, de emitir pontos de vista sem altercações ou gritarias, é coisa de gente nobre. Em duros embates o sangue sobe, as emoções se desequilibram, e o gênio explosivo associado ao temperamento desequilibrado tornam-se os senhores de nossa mente, fazendo-nos vulneráveis e tolos. A Bíblia afirma que “A palavra branda desvia o furor, mas a palavra áspera provoca ira”. Ensina-nos também que “o sábio é cauteloso e desvia-se do mal, mas o insensato encoleriza-se e dá-se por seguro” e que “A morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto”. Poucos homens aprenderam e são capazes de controlar sua língua e a tonalidade da voz, principalmente quando estão lidando com pessoas mais fracas de sua relação ou com subordinados em sua empresa. A Bíblia diz que a palavra dura é atitude do tolo e do insensato. “A ferida de uma flecha cicatriza-se; uma floresta cortada pelo machado cresce novamente. Terrível é uma palavra áspera, a ferida que ela produz não sara” (provérbio indiano). Ser assertivo e não agressivo ainda se constitui num grande desafio para minha vida. Nunca me arrependi por ser assertivo e firme diante de situações que exigiam confrontações ou mesmo repreensões, mas já me arrependi tremendamente de ser agressivo e destemperado. Afinal, “Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a boa palavra dita a ser tempo” (provérbios de Salomão)

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