terça-feira, 22 de maio de 2012

Mentalidade de dependência

O Pronatec é uma iniciativa do governo para qualificar e aperfeiçoar pessoas de baixas rendas. É um programa que oferece cursos técnicos e gratuitos de profissionalização e capacitação para pessoas que estão incluídas no Bolsa-Família. Foram escolhidos locais de fácil acesso, em regiões pobres e carentes, e ali criados centros de treinamento para que as pessoas não tenham dificuldade de chegar ao local. Além disto, durante o treinamento, as pessoas inscritas terão um pró-labore de R$ 1,00/hora. Honestamente falando, este é um dos programas mais atilados e sensatos do governo brasileiro nos últimos anos. Apesar de toda badalação em cima do bolsa/família, capacitar pessoas que não tiveram oportunidade de formação básica é um programa de empoderamento e atende aos grandes desafios que o Brasil terá pela frente nos próximos anos. Todos devem estar imaginando, portanto, que este programa é um sucesso. Errado! O programa não está deslanchando por uma razão enigmática e complexa: Não há pessoas interessadas em participar, pois não querem perder o que recebem do governo, mesmo que a média do valor do benefício do Bolsa Família em 2012 seja apenas de R$ 97,00, atendendo famílias com renda de até R$ 140,00 por pessoa e com o valor variando de R$ 22,00 a R$ 200,00, dependendo da renda e tamanho da família. Esta mentalidade de dependência aponta para uma grave patologia cultural, que se reflete não apenas no programa de ajuda a pessoas com reais necessidades, mas a atitude de trabalhadores que preferem receber o seguro/desemprego a trabalhar, assumindo atitude de parasita social. Recentemente o Fantástico denunciou vários beneficiários do Bolsa Família que vivem confortavelmente e não atendem os critérios do governo federal para receber o auxílio. Os desvios são mais um exemplo da corrupção sistêmica no Brasil, já que não faz sentido uma família receber a ajuda por critérios politiqueiros ou apenas pela pobreza da mentalidade de tirar “o máximo proveito em tudo”. Isto reflete falta de consciência moral e cidadania e contribui para o vício da esmola. É necessário mudar a forma de pensar, o que só acontece quando o exercício da cidadania é assumido e exercido. John F. Kennedy fez uma famosa afirmação: "Não pergunte o que o seu país pode fazer por você, mas o que você pode fazer pelo seu país". Atitudes de dependência e governos paternalistas não são o melhor caminho para nenhum nação. Existe toda uma complexidade social e filosófica em torno desta questão, mas o princípio bíblico é que “Aquele que furtava, não furte mais, antes trabalhe para que tenha com que acudir o necessitado”. Outro texto ensina: “Aquele que não trabalha é bom que não coma!”. E isto se aplica não apenas aos pobres que retroalimentam desta mentalidade de dependência, mas de pessoas classe média, que também exploram o sistema público, buscando benefícios e chicanas jurídicas, abusando de sutilezas e brechas na lei, para trapacear, barganhar e tirar proveito. Esta mentalidade é uma tragédia e tem raízes no Brasil Colônia e em comportamentos culturais, contudo, não é próprio de países e pessoas que buscam a grandeza.

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