quarta-feira, 31 de outubro de 2018

501 anos da Reforma Protestante


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Um dos marcos mais significativos da história é a Reforma Protestante. No dia 31 de Outubro de 1517, o monge agostiniano, Martinho Lutero, afixou nas portas de Wittemberg, as famosas 95 teses, que literalmente convulsionaram a história da igreja. Ali ocorreu a maior de todas cisões do cristianismo. Outras pequenas rupturas já haviam acontecido por disputas de poder e diferenças litúrgicas, mas esta ocorria, essencialmente por causa das diferenças teológicas.

As grandes marcas da Reforma foram firmadas sobre cinco pressupostos fundamentais:

1.     Sola Scriptura – Só a Bíblia é tem autoridade para determinar o que devemos crer. Nenhum concílio,  encíclica ou tradição podem estar no mesmo parâmetro da  Palavra de Deus e portanto, ela é o critério definidor de toda teologia cristã.
2.     Sola Gratia – A pessoa é salva apenas pelos méritos de Cristo. Ninguém pode se salvar por causa de boas obras ou currículo moral invejável. “Não de obras para que ninguém se glorie”. A base é da salvação do homem não inclui sua justiça pessoal. A justificação do homem diante de Deus se dá pela graça, e graça somente.
3.     Sola Fide – A fé é o meio pelo qual recebemos todas as bençãos espirituais. Pela fé, os méritos de Cristo são imputados ao pecador, e ele recebe a remissão dos pecados e a redenção. 
4.     Sola Christus – Apenas Jesus, e não através de qualquer outro mediador, chegamos a Deus.. Não há outro mediador entre Cristo e os homens, e todas as nossas orações devem ser dirigidas a Deus através de Cristo.
5.     Soli Deo Glori – Apenas a Deus deve ser dada glória. Nenhuma figura religiosa, por mais respeitável que seja, deve receber o louvor. A centralidade do culto deve ser a glória da Trindade: Deus Pai, Filho, Espírito Santo, e a nenhuma outra criatura.

Na Dieta de Worms, pressionado pelo Imperador, príncipes e senhores feudais, para que fizesse solenemente a retratação de seus escritos, Lutero declarou: “A menos que vocês provem para mim pela Escritura e pela razão que eu estou enganado, eu não posso e não me retratarei. Minha consciência é cativa à Palavra de Deus. Ir contra a minha consciência não é correto nem seguro. Aqui permaneço eu. Não há nada mais que eu possa fazer. Que Deus me ajude. Amém.”

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Igreja e Política

Sempre que estes temas se associam surgem grandes controvérsias na igreja. Para alguns, a igreja, por ser uma comunidade social, deve ser eminentemente política em sua ação. Para este grupo, a igreja precisa se identificar plenamente com os poderes temporais. Para outros, por ser a igreja uma organização espiritual, mesclar-se significa contaminação e negação do conteúdo da fé ensinada por Jesus.

Historicamente, porém, tais polarizações sempre se mostraram equivocadas e danosas para o reino de Deus.

Quando a igreja se envolve demasiadamente, o resultado é a perda de sua identidade e o sentido de sua missão. Aproximar-se do poder é atraente, mas a igreja quase nunca sabe lidar com tais esferas. Quando se afasta demasiadamente, cria uma mentalidade de gueto, torna-se apática e indiferente às questões humanas, perde o seu poder de testemunho.

O segredo está em observar alguns princípios propostos por Jesus:

Primeiro,Vós sois o sal da terra e luz do mundo”. Jesus entendia bem que o sal no saleiro é um desperdício, ele só se torna relevante quando interage com outras matérias. A luz, colocada debaixo da cama, escondida, é inapropriada. Portanto, sal e luz precisam se mesclar, como sal preservando e evitando o processo de decomposição social, como luz, aquecendo e dando direção aos que estão em trevas. Este ato espiritual é, na sua natureza, eminentemente político.

Segundo, “Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal”. Esta frase encontra-se na oração sacerdotal. Jesus não tinha intenções de que a igreja vivesse distanciada do mundo, numa comunidade de ermitões, protegida num gueto religioso. A igreja precisa estar no mundo, exercendo sua função benfazeja de abençoar.

Terceiro, “Ide, eis que vos envio como ovelhas para o meio de lobos”. Ao dar este mandato evangelístico em Lucas 10, Jesus coloca seus discípulos numa posição bem complicada... eu preferia ser um lobo no meio de ovelhas. Mas quando lembro quem é o “meu pastor”, sinto-me seguro em andar nos ambientes mais hostis, com a segurança do grande Mestre que me protege.

O equilíbrio deve ser encontrado em Jesus. O excesso de paixão e envolvimento, ou a ausência e o distanciamento, sempre se transformam em riscos e distanciamento da mensagem integral do reino de Deus.

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Quando sei que nao sei...

“Quando sei que não sei, não dói”, foi uma frase que transformou a vida de alguém que apesar de ser um excelente professor, sempre era muito criticado quando prestava serviços na área administrativa. Depois de anos de sofrimento, entendeu afinal, que não era de fato, competente naquela área, e resolveu gastar suas energias naquilo que sabia fazer de melhor que era ensinar. “Foi libertador entender meus limites e fraquezas. Além de me tornar muito tenso quando assumia determinadas funções que não sabia fazer, o resultado era sempre muito frustrante e desanimador. Então, de agora em diante, conscientemente dizia que não iria assumir as funções para as quais não era competente”.
Mais importante que ter consciência do que fazemos (vocação), é estar consciente de quem somos, (identidade). É assim que se posiciona João Batista quando lhe perguntam: “És tu o Cristo?” e ele respondeu: “Eu sou a voz do que clama no deserto. Endireitai o caminho do Senhor” (Jo 1.10-28). As pessoas queriam lhe dar um status que não era dele, e ele facilmente poderia assumir tal identidade, as pessoas o respeitavam e o admiravam, e até o temiam pelo seu estilo, mas seu chamado estava claro e sua identidade definida. Por três vezes ele afirmou: “Eu não o Cristo” (Jo 1.20); “Não sou” (Jo 1.21) e “Não!” (Jo 1.21). Ele se recusa a ser o que as pessoas esperam dele, e se alegra em ser o que era. “Eu não sou o Cristo, mas fui enviado como seu precursor. Quem tem a noiva é o noivo; o amigo do noivo que está presente e o ouve, muito se regozija por causa da voz do noivo. Pois esta alegria já se cumpriu em mim. Convém que ele cresça e eu diminua” (Jo 3.28-30).
Reconhecer seu chamado e vocação é importante. Saber sua identidade é ainda melhor. Encontramos descanso e alegria, quando descobrimos o que fomos chamados a fazer, mas acima de tudo, no que fomos chamados a ser. Basta a identidade de filho amado para que nosso coração encontre descanso e nos regozijemos em “ouvir a voz do noivo”, que é Jesus.

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Igreja e Cidadania


Por não ser um gueto nem viver isolada da sua realidade histórica, a igreja é sempre desafiada a se posicionar acerca de temas controvertidos e de atuar na cidade, como participante da construção de uma sociedade melhor. A igreja sempre cooperou na construção de um mundo melhor, seja através da política, do cuidado com os pobres e desamparados, da pregação do evangelho que tira as pessoas da superstição e obscurantismo e que livra de vícios e da destruição pessoal familiar, seja através de escolas, hospitais e participação social.

Todo este envolvimento da igreja pode ser chamado de cidadania ou participação política. Deus recomendou várias ações ao seu povo exilado na Babilônia, convivendo com uma sociedade hostil e violenta: “Edificai casas e habitai nelas; plantai pomares e comei o seu fruto. Tomai esposas e gerai filhos e filhas, tomai esposas para vossos filhos e dai vossas filhas a maridos, para que tenham filhos e filhas; multiplicai-vos aí e não vos diminuais. Procurai a paz da cidade para onde vos desterrei; porque na sua paz vós tereis paz” (Jr 29.5-7).

Tais ordens poderiam ser facilmente cumpridas, se se referissem a Jerusalém, mas Deus ordena que o povo participe, engajando-se e buscando uma comunidade melhor, naquela que seria o paradigma da cidade mais hostil a Deus: A Babilônia. Esta cidade é o protótipo da injustiça e da oposição a Deus, mas Deus ordena a seu povo que participe da sua construção moral, financeira e até mesmo ecológica.

Este é o chamado de Deus ao seu povo ainda hoje. Estamos no dia da eleição para presidente, senadores, deputados federais e estaduais no Brasil. Votar é uma forma de engajamento e cidadania, mas ainda é pouco. Precisamos orar, envolver, lutar pelos valores humanos, pela segurança, saúde e educação, isto faz parte do chamado de Deus para sermos sal da terra e luz do mundo. A igreja é chamada a viver na sociedade e envolver-se nela como povo de Deus, abençoando pessoas e desafiando as trevas.
Que Deus nos ajude!

Samuel Vieira