terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Não se acostume com o mal


É muito perigoso se acostumar com o mal, com o pecado, a morte e o diabo, mas é muito mais fácil do que imaginamos.

Acostumamo-nos com a injustiça, a corrupção, a mentira, a ira, o mau humor, a grosseria, palavrões, pornografia, sujeira e promiscuidade, deixamos o mal e o pecado se tornarem banais e normais, aceitamos a indiferença. Pessoas em ambientes de guerra e violência tornam-se apáticas em relação à miséria e mesmo à morte.

Um sociólogo em São Paulo, na sua tese de doutorado na USP, “O homem invisível”, resolveu estudar o dia a dia dos mendigos, convivendo meses nas ruas, becos e vielas de São Paulo, não tendo dinheiro nem identidade. Passado o choque inicial, diz ele, passou a se acostumar com o mau cheiro, a violência e o descaso.
O profeta Jeremias afirma: “Pode, acaso, o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas? Então, podereis fazer o bem estando acostumados a fazer o mal?” Deus adverte seu povo sobre o perigo de banalizar a impiedade e a perversão. Um ato maligno, praticado reiteradas vezes, torna-se corriqueiro e eventualmente parte inerente daquilo que somos, do caráter. O etíope, cuja cor é negra, assim como o caucasiano, com sua pele branca, o leopardo cheio de manchas, não podem mudar sua essência. Assim também, pessoas que se acostumam a fazer o mal, pela continua repetição do ato, se tornam deformadas e passam a fazer do mal, a sua essência.
Na infância tive um amigo que mentia demais. Com o tempo, ninguém mais acreditava nele, e todas as suas declarações eram recebidas com suspeita. Apesar de sermos crianças, um dia alguém afirmou que o Zé Luis não falava mentiras, ele era a mentira.

Muitas pessoas não cometem delitos, são a farsa; não mentem, são a mentira; não roubam, são ladrões, não praticam imoralidade, são imorais. Não é questão de fazer algo errado, mas se tornam errado. Esta é a tendência da natureza pecaminosa. Não somos pecadores porque pecamos, mas pecamos porque somos pecadores. Assim como o leopardo não pode mudar a mancha de sua pele, assim também, pessoas acostumadas a fazer o mal, tornam-se impotentes para fazer o bem. O mal torna-se parte da natureza – Que tragédia!


Talvez seja isto que Jesus estava querendo nos ensinar ao falar de novo nascimento. O termo originalmente foi traduzido por “regeneração”, que tanto em grego quanto em português, traz na raiz a idéia do gene (genética). Só o Espírito Santo pode fazer alguém acostumado a fazer o mal, a voltar ao seu senso, e fazer o bem. 

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