Obstinação

 

 

Um dos pecados mais destrutivos ao coração, e que é sempre censurado por Deus nas Escrituras Sagradas é a obstinação: O profeta Isaias declara: “Porque eu sabia que eras obstinado; e a tua cerviz é um tendão de ferro, e tens a testa de bronze”. (Is 48.4)

 

Obstinação significa teimosia, é a atitude de pessoas que são “cabeça dura”, inflexíveis.  O povo de Deus insistia em não se submeter ao que Deus dizia e não se quebrantava nem se arrependia. Não eram capazes de reconhecer o erro e seguir a orientação de Deus, pois seguiam seus próprios corações.

 

Por sua vez, “cerviz” é a parte posterior do pescoço, a nuca. Quando Deus afirma que o povo tinha a cerviz como um tendão de ferro, ele está afirmando que não havia nenhuma postura de submissão, não se dobravam, não abaixavam a cabeça e não se rendiam a Deus. 

 

A obstinação e teimosia, é um enorme obstáculo no crescimento espiritual. Uma das características do discípulo de Cristo é a submissão e obediência, que são antagônicas à teimosia e dureza de coração. A obstinação impede o crescimento espiritual, porque não nos tornamos ensináveis, nem moldáveis, e por isto não seremos transformados naquilo que Deus deseja.

 

Em Isaias, logo após a repreensão de Deus ao seu povo pelo pecado da obstinação, ele fala do Messias que haveria de vir. Veja como é a atitude de Cristo: “O Senhor Deus me abriu os ouvidos, e eu não fui rebelde, nem me retrai.” (Is 50.5). Jesus tinha os ouvidos abertos a Deus, atitude de obediência, sua reação a Deus não era de resistência mas de acolhimento.

 

Ouvidos abertos, sensibilidade a Deus, desejo de se submeter à Palavra de Deus são características daqueles que querem imitar a Cristo. A caminhada com Deus é um processo contínuo de aprendizado e crescimento, buscando sempre aprofundar a compreensão da fé e ser transformado. A falta de arrependimento, dureza de alma, resistência à palavra, impedem que as verdades de Deus transformem o coração.

 

Você é sensível à voz de Deus? como você tem se aproximado das verdades de Deus? como acolhimento e rendição, ou com rigidez e obstinação?

 

Rev. Samuel Vieira

 

Buscai o Senhor enquanto se pode achar!

 

A frase "Buscai o Senhor enquanto se pode achar" é um convite urgente e amoroso de Deus. Ele deseja ser encontrado por todos aqueles que o buscam com sinceridade. A busca por Deus é uma jornada que pode trazer paz, alegria, transformação e um relacionamento pessoal com o Criador.

O Senhor convida as pessoas à intimidade com ele, enquanto a oportunidade ainda está disponível. Ele não se esconde, mas deseja ser encontrado por aqueles que o desejam. A frase também indica que a oportunidade de encontrar Deus não é eterna, mas limitada. Há um tempo para essa busca, e é importante aproveitar o momento presente.

 

Este versículo nos ensina que o tempo da salvação é hoje. A graça de Deus está disponível e o chamado do Evangelho se estende a todos, mas isso não será sempre assim. “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar.” Deus é acessível a todos os que o invocam. O convite está aberto, mas definitivamente demorar a buscá-lo não é uma opção prudente.

Na parábola das Dez Virgens, Jesus ensinou que a porta foi fechada para as virgens que não estavam prontas (Mt 25.1-13), e na Parábola das festas de casamento, o rei destruiu aqueles que rejeitaram o convite (Mt 22.1-14). O apóstolo Paulo faz uma exortação apropriada: ‘’ “Eis, agora, o tempo sobremodo oportuno, eis, agora, o dia da salvação” (2 Co 6.2). Portanto, hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração.

 

Rev. Samuel Vieira

 

Voracidade

 

 

Um dos sete pecados capitais da teologia cristã clássica é a gula. O descontrole sobre o apetite que leva a pessoa a comer exageradamente. Nos mosteiros, onde se buscava uma vida simples e pura, recomendava-se a frugalidade e o jejum, formas de combater o ímpeto do exagero na alimentação. São Jerônimo, que fez a famosa tradução bíblica da Vulgata Latina, morreu com mais de 90 anos, trabalhando diariamente, e comendo pequenas porções praticamente à base de água e pão.

 

Gula, porém, tem outros graves derivativos, saindo da esfera simples da comida. Ela pode ter variáveis como desejo insaciável por compras, aquisições, vícios em shoppings, ter mais, comprar cada vez mais coisas que não precisamos, com dinheiro que não temos, para impressionar pessoas que não gostam de nós. É a voracidade do consumo.

 

A gula pode também se tornar voraz quando se dirige aos prazeres sexuais, ânsia de conquistar, seduzir. Nesta área, também, a gula pode se tornar assustadora, gerando obsessões incontroláveis e taras. Como a gula é voraz, sua característica central é a insaciabilidade. E assim, como uma droga, ao nos tornarmos dependentes, buscamos doses cada vez mais forte na vã tentativa de satisfação e saciedade.

 

A voracidade pode se voltar para posses e bens. Neste caso, o que se busca não é apenas o consumo, mas o acúmulo de propriedades, e os tolos “brinquedos” vão se sofisticando e  ficando mais caros, mas o coração continua vazio. Isto gera distorções sociais graves como a exploração do ser humano e a desonestidade, mas a maior distorção ocorre, na verdade, dentro da alma que se coisifica e instrumentaliza outros para seus objetivos. A pessoa se torna obcecada por bens, contudo, como em todas as áreas da vida, “mais da mesma coisa nos leva para o mesmo lugar”: o vazio, isolamento e a falta de sentido são os subprodutos mais evidentes.

 

Para romper com a voracidade, precisamos ser contraintuitivos: “Não faça aquilo que você deseja fazer, mas faça o oposto”. Se o seu problema é a voracidade  por comida, obrigue-se à frugalidade, abstinência e jejum. Se sua obsessão é sexual, exercite-se na pureza e fidelidade, caso contrário você se torna um monstro de olhos verdes. Se seu problema é consumo, aprenda a doar ao invés de acumular. Doe generosamente para pessoas necessitadas, obras sociais e comunidades saudáveis. Se o seu lado voraz te instiga a ter mais posses, aprenda a desfrutar mais o que você tem e a ser mais generoso.

Voracidade é mortal, dominadora e quase incontrolável. Estar consciente de suas armadilhas e poder, nos liberta para um viver mais pleno.

Não revele os segredos de tua casa!

 

 

O rei Ezequias foi um rei piedoso, íntegro de coração, e teve grandes experiências e milagres na presença de Deus. dois deles foram notórios: O exército da Babilônia sitiou Israel, afrontou o povo de Deus e a Deus (Is 36,37), mas foram derrotados sobrenaturalmente. Em seguida, o rei Ezequias adoece mortalmente, mas Deus ouve sua oração e o cura miraculosamente e ele viveu mais 15 anos.

 

Mas Ezequias vacilou seriamente quando recebeu a visita dos babilônios, trazendo-lhe presentes e expressando simpatia pela sua recuperação. Empolgado, trouxe os inimigos para dentro de sua casa, e mostrou-lhe seus tesouros, arsenal de guerra e tudo o que se achava em sua casa. Em outras palavras, ele abriu seus segredos para o inimigo. Isto foi lamentável e de uma grande ingenuidade, porque alguns anos depois eles viriam, invadiriam Jerusalém e saqueariam todos aqueles tesouros.

 

Quando Deus entregou os Dez Mandamentos, uma das coisas que ele disse é que, “das portas para dentro” (Ex 20.10), na privacidade do lar, alguns preceitos deveriam ser observados. Não podemos controlar fatores externos, o que se encontra de nossas portas para fora, mas precisamos proteger o que está dentro de nossas casas.

 

O título mais apropriado deste artigo deve ser: Não reveles os segredos de tua casa ao inimigo! Satanás não deve ter acesso à nossa intimidade, não pode ter liberdade para ficar passeando e apreciando aquilo que temos. Nossa casa deve ser uma casa onde Deus conheça nossos segredos, medos, expectativas, sonhos, e não o diabo. Não podemos permitir qualquer intimidade com aquele que é o adversário de nossa alma.

 

O termo, "Satanás", significa "adversário". Este nome indica sua natureza básica: ele é inimigo de tudo o que Deus faz e de todo o povo de Deus. Ele é ardiloso, astuto, impiedoso. Não permita que ele conheça os segredos de sua casa. Este lugar deve ser para a intimidade com Deus. o Senhor é quem deve conhecer tudo o que temos e que somos. A ele devemos revelar nossos segredos.

 

Rev. Samuel Vieira

 

Dia da Mulher Presbiteriana

 

 

No segundo domingo de fevereiro celebra-se o dia da Mulher Presbiteriana.

Louvamos a Deus pela vida destas irmãs que além de serem o esteio de suas próprias famílias, são valorosos instrumentos nas mãos de Deus.

 

A Bíblia está repleta de histórias de mulheres que foram uma benção para o reino de Deus:

 

Joquebede, que em tempos tumultuados e aflitivos, cuidou com grande zelo do pequeno filho Moisés, e que no tempo que pode tê-lo ao seu lado, conseguiu inculcar-lhe a consciência de que ele era parte do povo de Deus, que, ainda sofrendo debaixo da escravidão possuía um chamado especial para o projeto de Deus na história.

 

Débora, que no meio da confusão social e política de seu país, que numa sociedade machista, sem uma figura masculina para governar o povo de Deus, conseguiu liderar Israel e libertá-lo das mãos opressivas de Sísera.

 

Raabe, que apesar de sua confusa história, creu em Deus, e foi usada para proteger os espias de Israel, salvando sua família, e eventualmente figurando na genealogia de Cristo, apesar de seu passado tão vergonhoso.

 

De uma Dorcas, mulher vibrante na fé e no cuidado, que com sua habilidade e arte, conseguia fazer roupa para as pessoas pobres, cuidando não apenas de suas necessidades materiais, mas esteticamente fazendo-lhes túnicas trabalhando a autoestima de cada uma delas.

 

De Eunice, mãe de Timóteo, que conseguiu imprimir as Sagradas Letras na mente de seu filho, fazendo-o sábio para a salvação em Cristo. Ela é um exemplo de como mães piedosas podem orientar seus filhos no caminho do Senhor.

 

Poderíamos enumerar muitas outras mulheres na Bíblia. Mas fico pensando também no grupo número de mães que sempre abençoaram tanto a nossa igreja. Por causa do aniversário de 90 anos de D. Geni Campos Barbosa, membro fundadora de nossa igreja, queria citar o seu nome, como uma mulher que sempre esteve presente na vida da igreja, exercendo atividades no Ministério feminino, nas salas de escola dominical, no serviço e cuidado com os pobres.

 

D. Geni Campos Barbosa, com sua simpatia e charme, até hoje tem sido uma referência de como tem sido a história desta igreja e como tantas outras mulheres podem inspirar uma geração inteira.

 

 

Rev. Samuel Vieira

Carnaval

 

 

Carnaval é uma festa popular importada de outras sociedades pagãs e vai muito além da cultura e do folclore. Muitos dizem: “Por que eu não posso festejar o carnaval? É tradição, Eu só vou lá para acompanhar meus amigos.”

Veja o significado e as raízes do carnaval. Esta festa está associada às festas de origem greco-romana, “as bacanais”, festas dionisíacas, dedicadas ao deus do vinho, Baco, marcadas pela embriaguez e entrega aos prazeres da carne. Tais festas duravam dias, com comidas, bebidas e danças. Os papéis sociais eram invertidos, com os escravos colocando-se nos locais de seus senhores, e estes colocando-se no papel de escravos. A igreja sempre se posicionou contra estas festas porque ao inverter os papéis, invertia-se também a relação entre Deus e o demônio.

No Brasil o Carnaval tem forte conotação sexual com exposição do corpo e a distorção e coisificação dos valores sexuais, onde as paixões mais rasteiras desfilam sob os aplausos da multidão. A propaganda do governo este ano é “não vá a festa sem camisinha!”, o que já pressupõe a proposta para a maioria dos ambientes, sem mencionar o consumo de drogas e bebidas alcóolicas.

Devemos lembrar as Escrituras Sagradas: “Pois Deus não nos chamou para a impureza , e sim para a santificação ”(1 Ts 4.7; 1 Ts 4.3-5). “Ai dos que se levantam pela manhã e seguem a bebedeira e continuam até alta noite, até que o vinho os esquenta! Liras e harpas, tamboris e flautas e vinho há em seus banquetes; porém não consideram os feitos do Senhor, nem olham para as obras de suas mãos.”

O Carnaval não agrada a Deus pois promove a prostituição, violência, consumo de drogas, e destrói os valores da família. 

Neste feriado, aproxime-se mais do Senhor, aproveite a família, divirta-se saudavelmente e não se esqueça de refletir na Palavra de Deus. Que a nossa alegria consista na santidade de Deus, e na Salvação realizada por Cristo.

Rev. Samuel Vieira

 

 

 

 

Anticonsumo

 

Um fenômeno estranho e silencioso tem acontecido em muitos lugares do mundo, especialmente nos países mais desenvolvidos: Cresce a onda do anticonsumo, que defende a cultura de “menos é mais”, e adota uma postura minimalista. A pergunta que surge sobre este movimento é: Até que ponto funciona?

Para os defensores do minimalista, ser consumista é uma transgressão, um pecado imperdoável, “consumo” é um quase um palavrão. Alguns mais radicais chegam a defender que não precisam mais do que 54 itens para sua sobrevivência, incluindo peças de roupa, utensílios domésticos, celular (indispensável) e uma boa internet. Eles comem com simplicidade, ganham apenas para sobrevivência e detestam a ideia de sustentar o sistema, com os políticos e governos cada vez mais vorazes em taxar seus cidadãos. Em muitos casos, taxando o mesmo produto 2 ou 3 vezes.

Excetuando os exageros e radicalismos, eu chego a me perguntar se a tese que defendem não está certa em muitos sentidos, afinal, boa parte da sociedade brasileira assume dívidas quase impagáveis, entre elas “Minha casa, Minha dívida”, com juros e impostos pesados para ter a casa própria.

A expressão “Quinto dos infernos”, é antiga, do tempo do Brasil Império, e refere-se aos 20% de taxação que a Coroa Portuguesa impunha sobre os moradores do Brasil. Se compararmos este “quinto” em relação aos impostos que em alguns casos chegam a 45% no Brasil, em itens indispensáveis, começamos a achar que os 20% do inferno, não são tão ruins assim...

A onda anticonsumo questiona as compras exageradas e desnecessárias. “Compramos coisas que não precisamos, com dinheiro que não temos, para impressionar pessoas que não gostamos.” Esta tendência também usa o discurso do politicamente correto, já que menos consumo redunda em menos pacotes, menos plásticos, e menos agressão ao meio ambiente, gerando uma vida mais consciente e responsável.

Com protestos contra a ostentação e consumo, diversas ações surgiram na onda anti-consumista dos últimos anos.

 

Uma pergunta, porém, fica sempre presente: De todos estes protestos, o que realmente podemos aprender? O que vai além da atitude dos “ecochatos” e que pode nos inspirar e até mesmo ser adotada por nós? O que realmente funciona? O que não passa de foto bonita e hashtag no Instagram e busca de um espaço alternativo para que as outras pessoas consumam seus “produtos”, afinal, a busca de adeptos e de likes não poderia ser uma outra forma de consumo?

Adianta sair por aí jogando fora tudo que você tem? Ganhar pouco e viver num lugar simples e sem conforto eventualmente passando por privação em nome do ecossistema e da sustentabilidade? Ter poucas coisas adequando-se às normas da estética minimalista?

Certamente precisamos repensar a voracidade das compras e gastos.  Podemos passar facilmente dos limites do consumo em nome da necessidade de aprovação pública. Ostentação não parece ser algo saudável e revela um profundo desejo de ser apreciado, não por aquilo que somos, mas por aquilo que temos. É importante refletir sobre um modo de consumo consciente, que se encaixe em nosso estilo de vida, responda às nossas necessidades, mas sem exageros. Este equilíbrio é necessário, mas complexo, afinal, o que pode parecer exagero para alguns, pode não ser para outros.