sexta-feira, 15 de julho de 2022

Se quiseres, podes!



 

A questão da cura divina se interpõe de forma natural e é um dos temas centrais e recorrentes nos Evangelhos. O Evangelista Mateus, sintetiza o ministério de Cristo afirmando: “Percorria Jesus toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de enfermidades entre o povo.” (Mt 4.23) A missão que ele deu aos seus discípulos, incluía o ministério de cura. Jesus disse que em toda cidade que chegassem, deveria pregar o reino de Deus e “curar os enfermos” que nela houvesse. (Lc 10.9).

 

Um dos diálogos mais lúcidos que encontramos no Novo Testamento é o encontro de Jesus com um homem, logo após seu conhecido Sermão da Montanha, que leproso se aproxima de Jesus, o adora dizendo: “Senhor, se quiseres, podes purificar-me.” (Mt 8.2). A questão não era se Jesus podia ou não, mas se ele queria ou não. No caso do leproso Jesus afirmou: “Quero, fica limpo! E imediatamente ele ficou limpo de sua lepra.” Deus tem poder e isto o capacita a curar, imediatamente. Se ele quiser, ele pode.

 

A questão teológica nos desafia. Deus quer? E se não quer, por que não? Recentemente orava pela cura de uma pessoa querida, evocando todas as suas qualidades, sua vida de serviço, e de repente fiquei chocado com as bases da minha oração. Primeiro, porque nenhuma cura está fundamentada naquilo que somos ou fazemos. Pessoas com uma profunda fé, passaram por grandes aflições, foram torturadas e algumas até mesmo martirizadas. Segundo, porque a questão da dor e da morte é um mistério sagrado. O fato de vivermos para Deus não nos isenta de provação e luto. Será que Deus quer curar sempre? Não deveríamos entender que ele tem planos que transcendem nossa capacidade de compreensão?

 

A oração por cura é fundamental, bíblica e necessária. Jesus nos ordena a orar neste sentido e a Bíblia mostra os discípulos envolvidos no ministério de cura. A igreja precisa e pode orar. A fé é fundamental. Para alguns Jesus disse: “Faça-se conforme a tua fé!” (Mt 9.2; 15.28); para outros: “A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza.” (2 Co 12.9). Não sabemos qual é o propósito de Deus, mas sabemos o essencial: “Se quiseres, podes!”

 

Rev. Samuel Vieira

 

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