sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Fidelidade condicionada?


Dois episódios da Bíblia nos mostram homens de Deus tendo atitudes completamente distintas quando se trata da fidelidade.
O primeiro episódio encontra-se em Gênesis e nos mostra a relação de Jacó com Deus.  Ela é condicional e perigosa.
Fez também Jacó um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nesta jornada que empreendo, e me der pão para comer e roupa que me vista, de maneira que eu volte em paz a casa de meu pai, então, o Senhor será o meu Deus; e a pedra que erigi por coluna, será a casa de Deus; e de tudo quanto me concederes, certamente eu darei o meu dízimo” (Gn 28.20-22).   
Percebem a formula “se”, presente na relação dele com Deus. Jacó condiciona sua fidelidade ao tratamento que Deus lhe dará. Várias vezes ele coloca a sua fidelidade condicionalmente. Farei isto, se... Ele será o meu Deus, se ele me guardar... se me der pão para comer e roupa para vestir... eu o seguirei, se ele me proteger na estrada... e eu darei meu dízimo, se tudo der certo na vida... Esta é uma adoração condicionada ou barganhada. Isto é muito comum principalmente quando se trata de dízimos e ofertas. Eu darei o meu dízimo se Deus...
O segundo episódio envolve a vida de Misael, Azarias e Hananias. Três rapazes, judeus exilados, que ao chegarem a Babilônia e foram obrigados a se ajoelhar diante da estátua de Nabucodonozor, mas intrepidamente recusam, mesmo quando ameaçados. O rei os provoca, mas eles não condicionam sua fidelidade ao que Deus, ou se Deus os livrará. Eles não condicionam nem mesmo à sua sobrevivência. “Se o nosso Deus, a quem servimos, quer livrar-nos, ele nos livrará da fornalha de fogo ardente e das tuas mãos, ó rei. Se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus Deuses, nem adoraremos a imagem de ouro que levantaste” (Dn 3.17-18). Eles relativizam a vida.
A fórmula “se”, “se não”, deixa claro que aqueles rapazes não eram fieis porque Deus ia dar livramento. A expressão “quanto a isto” (Dn 3.16), foi a maneira que encontraram para afirmar que qualquer decisão não os faria mudar de postura em relação ao que criam, e daí para frente, o que lhes acontecesse, não era problema deles, mas de Deus.
A verdadeira fidelidade a Deus age desta forma. Fidelidade é deixar Deus ser Deus, sem ser preciso dizer o que, como, e quando algo deve ser feito. É deixar o Soberano exercer seu domínio como quiser, até mesmo quando o seu desejo inclui o nosso martírio.
Ananias, Misael e Azarias, não condicionavam fidelidade ao que Deus faria nem faziam as coisas para Deus por causa da recompensa, mas faziam o que faziam por serem fieis, e isto era algo inerente à sua natureza. Fidelidade não condicionada. Se Deus quiser livrar, ele livrará; se ele nos quer como holocausto, seremos oferecidos como libação. Deus é livre para fazer o que quer com a vida deles, porque, eles são do Senhor.

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