Dois episódios da Bíblia nos mostram homens de Deus tendo atitudes
completamente distintas quando se trata da fidelidade.
O primeiro episódio encontra-se em Gênesis e nos mostra a relação de
Jacó com Deus. Ela é
condicional e perigosa.
“Fez também Jacó um voto, dizendo:
Se Deus for comigo, e me guardar nesta jornada que empreendo, e me der pão para
comer e roupa que me vista, de maneira que eu volte em paz a casa de meu pai,
então, o Senhor será o meu Deus; e a pedra que erigi por coluna, será a casa de
Deus; e de tudo quanto me concederes, certamente eu darei o meu dízimo” (Gn
28.20-22).
Percebem a formula “se”, presente na relação dele com Deus. Jacó
condiciona sua fidelidade ao tratamento que Deus lhe dará. Várias vezes ele
coloca a sua fidelidade condicionalmente. Farei
isto, se... Ele será o meu Deus, se ele
me guardar... se me der pão para
comer e roupa para vestir... eu o seguirei, se
ele me proteger na estrada... e eu darei meu dízimo, se tudo der certo na vida... Esta é uma adoração condicionada ou
barganhada. Isto é muito comum principalmente quando se trata de dízimos e
ofertas. Eu darei o meu dízimo se Deus...
O segundo episódio envolve a vida de
Misael, Azarias e Hananias. Três rapazes, judeus exilados, que ao chegarem a
Babilônia e foram obrigados a se ajoelhar diante da estátua de Nabucodonozor,
mas intrepidamente recusam, mesmo quando ameaçados. O rei os provoca, mas eles não
condicionam sua fidelidade ao que Deus, ou se Deus os livrará. Eles não condicionam
nem mesmo à sua sobrevivência. “Se o nosso Deus, a quem servimos, quer
livrar-nos, ele nos livrará da fornalha de fogo ardente e das tuas mãos, ó rei.
Se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus Deuses, nem adoraremos a
imagem de ouro que levantaste” (Dn 3.17-18). Eles relativizam a vida.
A fórmula “se”, e “se
não”, deixa claro que aqueles rapazes não eram fieis porque Deus ia
dar livramento. A expressão “quanto a isto” (Dn 3.16), foi a
maneira que encontraram para afirmar que qualquer decisão não os faria mudar de
postura em relação ao que criam, e daí para frente, o que lhes acontecesse, não
era problema deles, mas de Deus.
A verdadeira fidelidade a Deus age desta
forma. Fidelidade é deixar Deus ser Deus, sem ser preciso dizer o que, como,
e quando algo deve ser feito. É
deixar o Soberano exercer seu domínio como quiser, até mesmo quando o seu
desejo inclui o nosso martírio.
Ananias, Misael e Azarias, não
condicionavam fidelidade ao que Deus faria nem faziam as coisas para Deus por
causa da recompensa, mas faziam o que faziam por serem fieis, e isto era algo
inerente à sua natureza. Fidelidade não condicionada. Se Deus quiser livrar,
ele livrará; se ele nos quer como holocausto, seremos oferecidos como libação. Deus
é livre para fazer o que quer com a vida deles, porque, eles são do Senhor.
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