quarta-feira, 4 de julho de 2012
Descanso não é opcional!
De acordo com o livro de Gênesis, o primeiro livro das Escrituras Sagradas, o sábado, e não o homem, foi o último ato criador de Deus. Este é o pensamento da narrativa bíblica. Depois de ter criado terra e céus, e por fim o homem, “havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou, porque nele descansou de toa obra, que como Criador, fizera” (Gn 2.2-3).
A palavra Sábado vem do hebraico shabath, e tem o sentido literal de descanso. Será que Deus realmente estava assim tão extenuado após o seu trabalho criativo que agora precisava de folga? Naturalmente não. Jesus explica que “o sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado”, portanto, a preocupação central de Deus era com o homem. Ele queria que o ser humano aprendesse uma relevante e atual lição: Descanso não é opcional!
Com o passar do tempo, a idéia inicial foi deturpada, e até hoje religiosos sequestraram seu sentido, transformando o shabath num instrumento de controle e manipulação religiosa. O sábado faz parte do decálogo, sendo o quarto mandamento, e na história judaica seu sentido se desvirtuou tanto que as pessoas chegaram a ser apedrejadas por infringi-lo. A inversão aconteceu: O homem parecia ter sido criado por causa do sábado, e não o contrário.
O pensamento de Deus quanto ao sábado, porém, é clarificado na Bíblia. Tinha um propósito didático e pedagógico que era a necessidade imperiosa do homem aprender a respeitar o ciclo da natureza e sua dimensão biológica. Todos precisam encontrar tempo para repor as energias. É arriscado se julgar super-homem, ser transformado em uma máquina sem manutenção e mero agente de produção.
Outros propósitos ainda podem ser encontrados no quarto mandamento: O relacionamento entre patrão e empregado, e entre homens e animais. Esta é a narrativa bíblica: “Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem o teu servo, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro”(Ex 20.10). O que vemos aqui são princípios que protegem o trabalhador e os animais de serem explorados pela ganância do homem. Mesmo o boi e o jumento deveriam ter tempo de descanso. O design da natureza exige que este ciclo seja mantido, mas o homem ganancioso facilmente ignora estas leis.
Estamos no mês de Julho. Um bom tempo para quebrar a cadência da produtividade e ter um descanso merecido, reorganizar o mundo interior e o corpo que se cansa do ritmo estressante da vida moderna. Até mesmo Deus, que nunca precisa de descanso, decidiu dar uma pausa de toda obra que tinha feito.
O descanso traz equilíbrio, reintegra o físico e a mente, capacita-nos a produzir de outra forma. Descansar não é apenas sábio, mas atinge um propósito espiritual, afinal, foi o próprio Deus quem instituiu o sábado.
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