domingo, 29 de julho de 2012
Como se avalia uma grande nação?
A presidenta Dilma Rousseff afirmou dia 12, durante a 9ª Conferência
Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, em Brasília, que
“Uma grande nação deve ser medida por aquilo que faz para as suas
crianças e para seus adolescentes, não é o Produto Interno Bruto, é a
capacidade do país, do governo e da sociedade de proteger o que é o
seu presente e o seu futuro, que são as suas crianças e os seus
adolescentes”.
Dilma está certa, embora sua afirmação tenha sido proferida como uma
reação política, após a bombástica notícia de que o PIB brasileiro
teve seu pior resultado desde 2009, encolhendo 0,02% em maio. Ela
afirmou ainda que o Brasil será um país desenvolvido quando for capaz
de oferecer educação de qualidade. “Este país vai ser um país
desenvolvido quando todas as crianças deste país e seus jovens tiverem
acesso à educação de qualidade”.
Uma grande nação é medida pela qualidade de seus cidadãos e o esforço
deliberado de transformar sua realidade. Isto tudo passa pela educação
formal e moral, itens nos quais o Brasil tem sua avaliação mais
frágil.
Na Educação Formal, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
(IDEB), criado pelo próprio governo federal para medir a qualidade do
ensino nas escolas públicas declara o Brasil é considerado um país com
má qualidade de ensino, alcançando 4,6 nos anos iniciais e 4,0 nos
anos finais com mais 3,6 no Ensino Médio quando a nota meta seria
seis. Em Matemática, o Brasil caiu 12 posições no índice de educação
da UNESCO, órgão ligado à ONU, responsável pela educação e pela
cultura. Em 2005, o país ocupava o 76º lugar entre 128 países; em
2007, fomos para o 88º lugar. O Brasil ocupa a 93ª posição entre 173
países no componente de Educação pela nova metodologia do Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Existe um descuido e
descaso imenso dos governos em todos os níveis com a educação,
excetuando bons exemplos que fazem enorme diferença.
No campo da Ética, os maus exemplos se multiplicam. São inúmeros os
casos de vídeos mostrando prefeitos recebendo propinas,
esquemas de assalto às verbas públicas, processos contra políticos
acusados de desviar recursos, quadrilhas roubando milhões de reais
destinados à saúde, incluindo parlamentares; vampiros da saúde,
sugando 2 bilhões de reais do Ministério da Saúde. Seguro-desemprego
com desvio de 220 milhões, Banco do Brasil enterrando 210 milhões de
reais na bandalheira da Encol, e os exemplos se multiplicam.
Dilma está certa na avaliação que fez. O PIB do Brasil não é o
critério mais confiável, mas o cuidado com as próximas gerações. Ao
fazer isto, porém, diante dos bizarros exemplos citados, podemos
afirmar que ela nivelou nossa nação num nível lamentável. Mas seu
raciocínio está certo, e espero que sua política realmente leve isto
em consideração, de fato, e não como mera retórica política.
São conhecidas e devem ser gravadas em pedras, a declaração de Martin
Luther: “A prosperidade de um país não depende da abundância de
riqueza que produz, nem da beleza de seus prédios públicos, nem da
força do seu sistema militar, mas no número de cidadãos valorosos,
homens iluminados, de caráter e educação. Aqui se encontram os
verdadeiros interesses, sua grandeza maior e seu poder real”.
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