domingo, 29 de julho de 2012

Consciência



Uma boa consciência é fundamental. Um cristão não pode se dar ao luxo de tratar sua consciência sem cuidado, porque quando se rejeita a boa consciência, tratando-a com indiferença, corre-se o risco de sua cauterização, e a partir daí, fazer o mal sem perceber a gravidade da atitude, impedindo que ela funcione como um saudável alerta, que previne de erros. Consciência é como o termômetro do corpo, que ao ter uma infecção, revela-se na febre. Febre não é a doença, mas aponta para algo biologicamente errado. Quando a pessoa se sente culpada, e ainda assim continua cometendo o mesmo erro, corre o risco de mais tarde, cometer tais delitos e já não se sentir incomodado pelo que faz. Neste caso, perde-se a sensibilidade e se destrói a saúde da consciência, o termômetro da moral.

Precisamos admitir que ter boa consciência nem sempre é fácil. O que fazer numa sociedade que perdeu a compreensão do que é certo e errado e relativiza a ética? Vivemos dias em que é fácil se sentir culpado daquilo que não se é culpado ou se sentir absolvido de coisas que são erradas. É possível ter sentimento de culpa sem culpa e culpa sem sentimento de culpa.

Festo Kivengere, bispo Anglicano de Kigenl, Uganda, numa reunião de liderança eclesiástica, contou a seguinte história que impactou profundamente o auditório:

“Meu tio, o chefe de uma tribo, estava em reunião com o conselho da comunidade, quando um homem se aproximou do grupo e lhe fez uma mesura à maneira africana. Aquele homem possuía muito gado e todos sabiam na região que ele que também invocava espíritos demoníacos dizendo que era de parentes falecidos e dos ancestrais. Trouxera consigo oito vacas, que deixara a uma pequena distância do grupo que estava reunido”.

-"Vim, aqui por um motivo, Sr. chefe" disse ele.

-"Para que trouxe gado ?" Meu tio lhe indagou.

-"Senhor chefe, aquelas vacas são suas”.

-"Como minhas? Que quer dizer com isso?"

-"Elas lhe pertencem, quando eu tomava conta do seu gado, roubei quatro vacas. Elas agora são oito.Vim devolvê-las".

-"Quem o prendeu?" Perguntou o chefe.

-"Jesus me prendeu, senhor chefe, ali estão as suas vacas". Respondeu-lhe o homem sem titubear, mas com a cabeça baixa.

Ninguém riu, todos guardaram silêncio. Meu tio podia perceber que aquele homem estava em paz consigo mesmo e se sentia alegre.

-"Pode me prender ou mandar que eu seja açoitado" disse o homem, "mas estou liberto. Jesus veio ao meu encontro e agora sou um homem livre."

-"Bem, se Deus fez isto em sua vida, quem sou eu para prendê-lo? Vá para sua casa".

Dias mais tarde, tendo ouvido a respeito do caso, fui conversar com meu tio.

-"Tio, ouvi dizer que ganhou oito vacas de presente?"

-"Sim", confirmou ele, "realmente ganhei"

-"Deve estar satisfeito"

-"Nem fale nisto! Depois da visita daquele homem, não tenho dormido bem. Para conseguir a paz que ele alcançou eu teria que devolver cem cabeças de gado!"











Como se avalia uma grande nação?





A presidenta Dilma Rousseff afirmou dia 12, durante a 9ª Conferência

Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, em Brasília, que

“Uma grande nação deve ser medida por aquilo que faz para as suas

crianças e para seus adolescentes, não é o Produto Interno Bruto, é a

capacidade do país, do governo e da sociedade de proteger o que é o

seu presente e o seu futuro, que são as suas crianças e os seus

adolescentes”.

Dilma está certa, embora sua afirmação tenha sido proferida como uma

reação política, após a bombástica notícia de que o PIB brasileiro

teve seu pior resultado desde 2009, encolhendo 0,02% em maio. Ela

afirmou ainda que o Brasil será um país desenvolvido quando for capaz

de oferecer educação de qualidade. “Este país vai ser um país

desenvolvido quando todas as crianças deste país e seus jovens tiverem

acesso à educação de qualidade”.

Uma grande nação é medida pela qualidade de seus cidadãos e o esforço

deliberado de transformar sua realidade. Isto tudo passa pela educação

formal e moral, itens nos quais o Brasil tem sua avaliação mais

frágil.

Na Educação Formal, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica

(IDEB), criado pelo próprio governo federal para medir a qualidade do

ensino nas escolas públicas declara o Brasil é considerado um país com

má qualidade de ensino, alcançando 4,6 nos anos iniciais e 4,0 nos

anos finais com mais 3,6 no Ensino Médio quando a nota meta seria

seis. Em Matemática, o Brasil caiu 12 posições no índice de educação

da UNESCO, órgão ligado à ONU, responsável pela educação e pela

cultura. Em 2005, o país ocupava o 76º lugar entre 128 países; em

2007, fomos para o 88º lugar. O Brasil ocupa a 93ª posição entre 173

países no componente de Educação pela nova metodologia do Programa das

Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Existe um descuido e

descaso imenso dos governos em todos os níveis com a educação,

excetuando bons exemplos que fazem enorme diferença.

No campo da Ética, os maus exemplos se multiplicam. São inúmeros os

casos de vídeos mostrando prefeitos recebendo propinas,

esquemas de assalto às verbas públicas, processos contra políticos

acusados de desviar recursos, quadrilhas roubando milhões de reais

destinados à saúde, incluindo parlamentares; vampiros da saúde,

sugando 2 bilhões de reais do Ministério da Saúde. Seguro-desemprego

com desvio de 220 milhões, Banco do Brasil enterrando 210 milhões de

reais na bandalheira da Encol, e os exemplos se multiplicam.

Dilma está certa na avaliação que fez. O PIB do Brasil não é o

critério mais confiável, mas o cuidado com as próximas gerações. Ao

fazer isto, porém, diante dos bizarros exemplos citados, podemos

afirmar que ela nivelou nossa nação num nível lamentável. Mas seu

raciocínio está certo, e espero que sua política realmente leve isto

em consideração, de fato, e não como mera retórica política.

São conhecidas e devem ser gravadas em pedras, a declaração de Martin

Luther: “A prosperidade de um país não depende da abundância de

riqueza que produz, nem da beleza de seus prédios públicos, nem da

força do seu sistema militar, mas no número de cidadãos valorosos,

homens iluminados, de caráter e educação. Aqui se encontram os

verdadeiros interesses, sua grandeza maior e seu poder real”.

A “Partícula de Deus”





O mundo científico está em alvoroço por causa da bem sucedida pesquisa com ‘Bosón de Higgs’, a chamada ‘partícula de Deus’, que abre novos e importantes desafios para a física. O Centro Europeu de Física de Partículas (CERN) inaugurou dia 4 de Julho, 2012, uma nova era para a prospecção científica ao anunciar o descobrimento desta partícula, considerada chave para a explicação da formação do Universo. O ‘Bosón de Higgs’ é o que daria massa ao resto das partículas e o que, nesta lógica, teria permitido a formação do universo e de tudo que nele existe, o que representa um avanço fenomenal na compreensão da natureza.

Fico me perguntando, primeiramente, se Deus pode ser definido numa “partícula”, ou “átomo”, ou “DNA”, que pode ser dissecado pelo mundo da física e da biologia. Deus seria assim uma bactéria ou elétron sobre o qual o homem pudesse manipular e controlar.

Em segundo lugar, o que aconteceria se os homens descobrissem que cientificamente não existe Deus? Será que os religiosos deixariam de crer? Haveria uma debandada e uma nova ordem social, como novos pressupostos e valores criados? E se descobrissem que Deus existe: Os ateus passariam a crer? Cientistas se reuniriam em convenções para fazer reunião de oração? Seriam convencidos ou criariam novas hipóteses para testar experimentos e métodos para comprovar as teorias?

Na verdade, se Deus realmente existe, como temos crido e asseverado, não faz diferença alguma se cremos ou não na sua existência. Deus não deixa de existir ou existe porque concordamos intelectualmente com sua realidade. Deus é, a despeito de nossas convicções, ou não é, a despeito de nossos pressupostos. Ele é como a verdade que existe por si mesma e não se torna mentira apenas porque alguns a negam. Apesar de toda dialética hegeliana, a verdade ainda é melhor definida por Sócrates, antigo filósofo grego: “A Verdade é o que é”. Assim é Deus! Ele é o que é, e não depende de nossa forma de crer para ser o que sempre foi.

Não adiante maquiar, manipular e usar artifícios para sua realidade. A verdade continua sendo o que é e não o que desejamos ser; não se torna verdade porque nela cremos ou não. Nossas convicções ou estratagemas não geram a verdade ou a negam, porque em última instância não dependem de nós para se tornar realidade.

A “partícula de Deus” não fará Deus ser mais ou menos Deus – aliás, diga-se de passagem que Deus não é uma partícula, mas a soma de todas as partículas.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Descanso não é opcional!

De acordo com o livro de Gênesis, o primeiro livro das Escrituras Sagradas, o sábado, e não o homem, foi o último ato criador de Deus. Este é o pensamento da narrativa bíblica. Depois de ter criado terra e céus, e por fim o homem, “havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou, porque nele descansou de toa obra, que como Criador, fizera” (Gn 2.2-3). A palavra Sábado vem do hebraico shabath, e tem o sentido literal de descanso. Será que Deus realmente estava assim tão extenuado após o seu trabalho criativo que agora precisava de folga? Naturalmente não. Jesus explica que “o sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado”, portanto, a preocupação central de Deus era com o homem. Ele queria que o ser humano aprendesse uma relevante e atual lição: Descanso não é opcional! Com o passar do tempo, a idéia inicial foi deturpada, e até hoje religiosos sequestraram seu sentido, transformando o shabath num instrumento de controle e manipulação religiosa. O sábado faz parte do decálogo, sendo o quarto mandamento, e na história judaica seu sentido se desvirtuou tanto que as pessoas chegaram a ser apedrejadas por infringi-lo. A inversão aconteceu: O homem parecia ter sido criado por causa do sábado, e não o contrário. O pensamento de Deus quanto ao sábado, porém, é clarificado na Bíblia. Tinha um propósito didático e pedagógico que era a necessidade imperiosa do homem aprender a respeitar o ciclo da natureza e sua dimensão biológica. Todos precisam encontrar tempo para repor as energias. É arriscado se julgar super-homem, ser transformado em uma máquina sem manutenção e mero agente de produção. Outros propósitos ainda podem ser encontrados no quarto mandamento: O relacionamento entre patrão e empregado, e entre homens e animais. Esta é a narrativa bíblica: “Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem o teu servo, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro”(Ex 20.10). O que vemos aqui são princípios que protegem o trabalhador e os animais de serem explorados pela ganância do homem. Mesmo o boi e o jumento deveriam ter tempo de descanso. O design da natureza exige que este ciclo seja mantido, mas o homem ganancioso facilmente ignora estas leis. Estamos no mês de Julho. Um bom tempo para quebrar a cadência da produtividade e ter um descanso merecido, reorganizar o mundo interior e o corpo que se cansa do ritmo estressante da vida moderna. Até mesmo Deus, que nunca precisa de descanso, decidiu dar uma pausa de toda obra que tinha feito. O descanso traz equilíbrio, reintegra o físico e a mente, capacita-nos a produzir de outra forma. Descansar não é apenas sábio, mas atinge um propósito espiritual, afinal, foi o próprio Deus quem instituiu o sábado.