segunda-feira, 25 de junho de 2012

Talentos enterrados

Luigi Tarisio (1790-1854), nascido em uma família humilde em Fontaneto d'Agogna, era carpinteiro e tocava violino como hobby, e por isto desenvolveu um grande interesse por estes instrumentos, colecionando algumas destas relíquias de finos instrumentos que não estavam em uso nas pequenas cidades e vilas no nordeste da Itália. Ele foi o primeiro colecionador de instrumentos de cordas italiano. Em 1827 adquiriu um Stradivarius de 1716 que jamais havia sido usado pelo seu proprietário, e então começou a trazer estes instrumentos para Paris, onde haviam mestres da restauração de artes e recuperou muitos destes instrumentos que hoje valem milhares de dólares e são usados em grandes salas de concertos. Após sua morte, Jean Baptiste Vuillaume, um negociante parisiense, comprou sua coleção inteira que estava guardada em uma pequena fazenda perto de Fontaneto, onde viviam os parentes de Tarisio pelo equivalente a 2,000 libras inglesas, ao manusear apenas um destes instrumentos, que incluía o mais famoso violino de todos os tempos, o “Messias”. A coleção continha 24 Stradivarius e 120 instrumentos fabricados por outros mestres Italianos. Um detalhe importante é que quando Tarisio foi encontrado morto, ele possuía parcos recursos financeiros, apesar de possuir todos estes maravilhosos instrumentos. Os violinos estavam amontoados num sótão. Na devoção com que cultivara sua coleção de instrumentos de corda, ele privara o mundo de toda a qualidade musical que aqueles instrumentos eram capazes de gerar. O primeiro Stradivarius foi tocado numa orquestra 147 anos depois de ser fabricado. Este é um bom exemplo de como podemos, por negligência, descuido e desatenção, privar o mundo daquilo que surge em nossa mão. A Bíblia fala de um homem que recebeu seu talento, e resolveu enterrá-lo, e a justificativa pela omissão estava no fato de que ele não sabia muito bem quem era o seu Senhor que lhe havia dado todos os dons. “Sabendo que és homem severo, que ceifas onde não semeastes, com receio, coloquei na terra os teus talentos. Aqui tens o que é teu”. A base de sua atitude foi o seu relacionamento equivocado com Deus, que lhe havia dado tantos dons. Ainda hoje há muitos com dons extraordinários, enfurnados nos seus quartos escuros, omitindo-se e escondendo-se do chamado, da vocação ou da missão que receberam de Deus. Enquanto isto, outras pessoas estão sendo privadas da harmonia e arte que possuem, dadas por Deus. A preguiça intelectual, o medo existencial, a dúvida, a insegurança, podem gerar tudo isto. Tarisio, apesar de cuidar dos seus instrumentos, terminou sua vida na pobreza, e impediu que muitos pudessem apreciar o som maravilhoso que os instrumentos de sua coleção poderiam gerar, trazendo tanta arte ao mundo inteiro.

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