segunda-feira, 25 de junho de 2012

O Juízo da História

A religião natural está cheia de advertências sobre o juízo final e nos leva a esperar uma futura retribuição pelos atos cometidos, ou algum tipo de retribuição nesta vida e na vindoura. As contradições e ambigüidades da vida nos levam a desejar que a vida possua certa coerência, e o juízo dos deuses parece ser este ponto suficiente para julgar as aberrações na história repleta de paradoxos. Vemos isto no zoroastrismo, nas religiões animistas e primitivas e no islamismo. A idéia do juízo está sempre presente. No cristianismo, o juízo é a culminação dos “prenúncios em que Deus premiou a justiça e puniu a injustiça ao longo da história” (Wayne Gruden). Deus exerce juízo e estabeleceu “um dia em que há de julgar o mundo com justiça” (At 17.31). James I. Packer afirma que “há poucas coisas na Bíblia mais fortemente destacadas que a realidade da ação de Deus como juiz”. A realidade do juízo final é estabelecida como um fato pelos juízos de Deus na história. Certamente tais princípios são claros para aqueles que crêem, mas existem muitos que não crêem no inferno, na vida após a morte, ou em juízo eterno. Aos céticos, é bom lembrar que além destes aspectos relacionados às realidades espirituais, existe ainda o juízo da história. Este juízo já começa no presente, sem perspectiva do tempo, construindo as bases para se aquilatar no futuro os reais motivos daqueles que se julgam impunes no presente. A história registra um grande número de homens que se achavam acima do bem e do mal e que foram colocados no tribunal: A crueldade de Herodes (73-4 a.C.); a depravação de Nero (37-68); a avareza de Felipe IV, o Belo (1268-1314), da França; a luxúria de Henrique VIII (1491-1547) na Inglaterra; o adultério de D. Pedro I (1798-1834) com a Marquesa de Santos, maltratando a Imperatriz D. Leopoldina, perdendo o apoio popular e tendo que renunciar ao trono; a vaidade dos Generais George S. Patton (1885-1945) e Bernard L. Montgomery (1887-1976). Todos foram desmascarados pela sua atitude. A história aquilata, pesa e julga. “Não basta dizer que a história é o juízo histórico, mas é preciso acrescentar que todo o juízo é juízo histórico, ou história, com certeza” (Benedetto Croce). A história é severa no julgamento dos atos humanos. Heróis de hoje serão expostos como ridículos, poderosos que se articulam diante de uma estrutura midiática podre e corrupta, serão expostos no futuro. As vísceras de tramas e dramas palacianos virão à tona, o mal será denunciado. Os bastidores e paetês das injustiças e massacres de ditadores serão evidenciados. A história vai zombar do que hoje se faz no secreto e por debaixo do pano. O que dirão os historiadores da representação teatral do ditador da Coréia do Norte que obrigou seus súditos a chorarem durante seu enterro para que a mídia internacional ficasse impressionada? Os submundos do mensalão e as manipulações políticas do CPI do Cachoeira virão à tona e serão entrelaçados e visibilizados. Nossos filhos rirão de coisas que hoje achamos serem verdades, e historiadores farão um novo e descomprometido relato de coisas que hoje são forjadas por interesses partidários e dos poderosos. A história julga! A história zomba! A história tem seus trunfos nas mãos. Que não se enganem os tolos...

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