segunda-feira, 4 de junho de 2012

A Arte de Namorar

O comércio celebra esta semana o “dia dos namorados”, que é uma das datas mais promissoras para as vendas. Se o comércio por um lado vai bem, a arte de namorar, e continuar namorando, nem sempre. Por sermos uma sociedade descartável, ou de “amor líquido” na definição do sociólogo polonês Zigmunt Bauman, as dificuldades de um casal refletem o estilo que uma comunidade mais ampla estabeleceu como padrão aceitável de relacionamento. “Nenhuma união de corpos pode, por mais que se tente, escapar à moldura social e cortar todas as conexões com outras facetas da existência social”. As relações se estabelecem com extraordinária fluidez, se movendo e alternando sem muitos obstáculos, marcadas pela ausência de peso, em frenético movimento. Antes do casamento, os apaixonados costumam passar horas conversando, fazendo enorme sacrifício de tempo e dinheiro para estar com a pessoa amada, mas depois de casados, perdem a capacidade de continuar namorando. As exigências familiares, criação de filhos, competitividade do mercado, treinamento constante roubam de nós o tempo para curtir um ao outro e deixar-se inebriar pelo namoro. O resultado é um grande esvaziamento no namoro. Compra-se presentes cada vez mais caros, mas eles são incapazes de substituir a simples capacidade de namorar. Como conseguir ficar casado trinta anos com a mesma mulher ou com um mesmo homem? Stephen Kanitz propõe algo inusitado no seu artigo "O segredo do casamento”. “Hoje em dia o divórcio é inevitável, não dá para escapar. Ninguém agüenta conviver com a mesma pessoa por uma eternidade. Eu, na realidade, já estou em meu terceiro casamento – a única diferença é que me casei três vezes com a mesma mulher. Minha esposa, se não me engano, está em seu quinto, porque ela pensou em pegar as malas mais vezes do que eu”. Ao jogar com as idéias, o que Kanitz propõe é que casais precisam encontrar caminhos para continuar namorando, “O segredo, no fundo, é renovar o casamento, e não procurar um casamento novo. Isso exige alguns cuidados e preocupações que são esquecidos no dia-a-dia do casal. De tempos em tempos, é preciso renovar a relação. De tempos em tempos, é preciso voltar a namorar, voltar a cortejar, voltar a se vender, seduzir e ser seduzido. Há quanto tempo vocês não saem para dançar? Há quanto tempo você não tenta conquistá-la ou conquistá-lo como se seu par fosse um pretendente em potencial? Há quanto tempo não fazem uma lua-de-mel, sem os filhos eternamente brigando para ter sua irrestrita atenção?” Ele ainda propõe que façamos de conta que estamos de caso novo. “Se fosse um casamento novo, você certamente passaria a freqüentar lugares desconhecidos, mudaria de casa ou apartamento, trocaria seu guarda-roupa, os discos, o corte de cabelo e a maquiagem. Mas tudo isso pode ser feito sem que você se separe de seu cônjuge. Quem se separa se encanta com a nova vida, a nova casa, um novo bairro, um novo círculo de amigos. Não é preciso um divórcio litigioso para ter tudo isso. Basta mudar de lugares e interesses”. Em outras palavras, se não reconquistarmos a arte de namorar, estaremos condenando ao fracasso o nosso relacionamento. “Portanto, descubra o novo homem ou a nova mulher que vive a seu lado, em vez de sair por aí tentando descobrir um novo e interessante par. Tenho certeza de que seus filhos os respeitarão pela decisão de se manterem juntos e aprenderão a importante lição de como crescer e evoluir unidos apesar das desavenças. é necessário casar-se de novo, mas tente fazê-lo sempre com o mesmo par”.

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