segunda-feira, 23 de abril de 2012

Uma nova espiritualidade Todo conceito judaico de adoração firmava-se sobre a idéia dos sacrifícios e holocaustos. Para adorar a Deus, oferecia-se um animal, de acordo com suas posses. Este pensamento está presente mesmo antes da lei, já que Abel “pegou o primeiro carneirinho, nascido do seu rebanho, matou-o e ofereceu as melhores partes ao Senhor” (Gn 4.4 NTLH). Quando iniciamos a leitura das leis, as recomendações sobre o culto levitico são claras: “Fala aos filhos de Israel e dize-lhes: quando alguém de vós trouxer oferta ao Senhor, trareis a vossa oferta de gado, de rebanho ou de gado miúdo” (Lv 1.3). O autor aos hebreus afirma: “com efeito, quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e sem derramamento de sangue, não há remissão de pecados” (Hb 9.22). No entanto, ao lermos os textos posteriores dos salmistas e dos profetas, vemos surgir uma nova forma de espiritualidade. O Sl 40.6 afirma: “Sacrifícios e ofertas não quiseste... holocaustos e ofertas pelos pecados não requeres”. Esta é uma nova forma de adorar a Deus, demonstrando que o Antigo Testamento apresenta uma revelação progressiva da espiritualidade do povo de Deus. Os profetas questionam o estilo de adoração meramente ritualista que consistia na prática de oferendas e holocaustos a Yahweh. “De que me serve a mim, a multidão de vossos sacrifícios? Diz o Senhor. Estou farto dos holocaustos de carneiros e da gordura de animais cevados e não me agrado do sangue de novilhos, nem de cordeiros, nem de bodes” (Is 1.11). Deus revela que seu interesse não está em ofertas que se trazem, mas no coração. Ofertas naturalmente revelam o coração, mas não podem ser feitas como tentativas de apaziguar a ira de Deus diante dos nossos pecados. Malaquias indaga o tipo de oferta que as pessoas traziam: “Com tais ofertas nas vossas mãos, aceitará ele a vossa pessoa? – diz o Senhor dos Exércitos” (Mal 1.9). Nossos recursos revelam nosso coração. Mas o que Deus deseja é o nosso coração; essencialmente não o que damos, mas como damos e porque damos. Ofertas e sacrifícios são sinais que revelam o nosso coração. Este é o princípio básico de adoração no Novo Testamento. Deus está interessado em corações, não nas formas. Em João 4, no encontro com a mulher Samaritana, Jesus estabelece claramente o princípio da espiritualidade cristã: “Vem a hora, e já chegou, em que os verdadeiros adoradores do Pai o adorarão em Espírito e em verdade, porque são estes adoradores que o Pai busca para si”. Adoração de ritos, formas, tradições e hábitos, não satisfaz o coração de Deus. Deus está procurando adoradores cujos corações estejam inclinados para si. São estes adoradores que o Pai celestial procura.

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