Jay Adams, conhecido terapeuta cristão, declara que boa parte de nossas doenças mentais seriam curadas se ao menos tivéssemos uma compreensão clara de que nossos pecados e culpas foram perdoados.
Vivemos numa sociedade angustiada pelo senso de culpa, ainda que o conceito de culpa/perdão esteja tão relativizado. Quantas angústias experimentamos por nos sentimos culpados?
Boa parte de nossa culpa tem história e etiologias, algumas podem ser nomeadas, possuem faces, horário, cenário e ambientação. Outras porém, são ocultas, não identificadas, confusas, geram um senso de incompletude, sentido e escondem-se nos submundos de nossa repressão e neurose das quais não temos memória identificável. Por não terem uma face, tornam-se mais cruéis. Operam como uma cortina de fumaça e se ocultam nos recônditos de nosso inconsciente. São letais, brotando em forma de sintomas que vão, desde uma simples dor de cabeça, à angústia, doenças psicossomáticas, reações alérgicas, depressão, desejo de morte, amargura com a vida e com Deus.
Por isto Jesus disse de forma enigmática a um homem paralítico: “Teus pecados estão perdoados”. Todos se assustaram com a declaração, afinal este homem, aparentemente, precisava de cura física, mas Jesus se dirige ao aspecto subjetivo de sua alma, que era pior que a doença visível. Jesus enxerga, por detrás da dor, a doença mais profunda. Os homens viam o sintoma, Jesus via a causa. Os homens analisavam o acidente; Jesus, a essência.
Existe a dor que se vê, se reconhece e se fala; mas existe a dor não diagnosticada, não dita, a dor do silêncio: Homens cuja dor não terapeutizada é a relação ambígua com a figura paterna; mulheres, silenciadas em mordaças cruéis do abuso sofrido e da violência de uma família disfuncional; o filho coisificado que experimenta a dor não expressa. Em todos estes casos, está presente a culpa gerada da impotência e amargura. Sentem-se culpados por não conseguirem dizer ou pela rejeição mordaz.
Ouvir de Deus que somos perdoados, é uma maravilhosa declaração: Libertadora, renovadora e restauradora.
Você já ouviu esta declaração de plena redenção que vem da voz do filho de Deus ao seu coração? Na cruz, uma de suas últimas palavras foi: “Está consumado!”. O significado destas palavras é o seguinte: “Não há mais culpa! Aquela duplicata de débitos foi rasgada”. Foi isto que o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo, fez por nós na cruz. Ele nos redimiu. Pagou o preço de nossa liberdade.
segunda-feira, 25 de julho de 2011
Nada muda – Então, o que muda?
Cláudio Ptolomeu (85-165) foi um extraordinário astrônomo egípcio de Alexandria (120-145), e o último dos grandes sábios gregos. Procurou sintetizar o trabalho de seus predecessores e sua tese, foi adotada durante toda Idade Média. Seu mapa-mundi era composto de um conjunto de 26 mapas regionais e sua obra foi fundamental para a evolução da cartografia, vigorando até a Revolução de Copérnico (1543). Desenvolveu o conceito de que a terra possuía um centro fixo, com o sol e todas as estrelas girando ao seu redor.
No século 16, porém, Copérnico, um astrônomo polonês, mudou esta concepção ao afirmar que não era o sol que girava em torno da terra, e sim o contrário. A passagem de Ptolomeu para Copérnico foi uma mudança básica de paradigma e causou muita discussão entre a igreja e a ciência.
Copérnico escreveu ODE REVOLUTIONIBUS, que deixou de ser publicado por 20 anos, por medo da perseguição religiosa. Até então, acreditava-se que o planeta terra fosse o centro do universo (Geocêntrico), e agora outra tese ensina que a terra gravita em torno do sol (Heliocêntrico). Desde Aristóteles, era dado como certo que o céu nunca muda. Agora muda-se a noção de quem somos e de como o cosmo funciona, assim como a noção de tempo. Isso subvertia radicalmente a visão da realidade que se confiava à experiência dos sentidos.
Mas o que mudou? Copérnico mudou a terra de lugar? Mudou o sol? Mudou o universo? Claro que não! O que se deu foi uma revolução mental: o que mudou foi nada menos do que o lugar do homem no mundo e o lugar do mundo no universo. Tudo continua no mesmo lugar, acontecendo como antes. Ainda usamos a linguagem antiga: “O sol nasceu” ou “o sol se pôs”, quando, na verdade, o sol não fez nada disso. Plantamos e colhemos, amamos e deixamos de amar, rimos e choramos, não acordamos assustados nos perguntando: “E agora que Ptolomeu está errado, o que vai acontecer conosco?”. O mundo do homem primitivo é o mesmo mundo do sofisticado homem do Século XXI – o sal tem o mesmo gosto, as abelhas fazem o mesmo trabalho, sentimos o mesmo cheiro de uma flor que nossos antepassados, o floco de neve tem o mesmo número de pontas. Então, se tudo se parece igual, o que mudou? Mudaram os paradigmas, isto é, a maneira de vermos as coisas.
Mudar paradigmas, porém, muda tudo. Eles determinam a forma como vemos as coisas. Quando muda nossa percepção, muda-se a forma de enxergar a vida.
A mudança de paradigmas não muda sua esposa, nem seu filho, mas muda a forma como você vai tratá-los. Não muda seu universo, mas muda toda sua história. Muda sua forma de lidar com dinheiro, trabalho, vocação e espiritualidade. Nada muda – mas tudo muda!
Este é o convite de Jesus de Nazaré, quando nos afirma: “Se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”. Uma mudança de paradigmas muda toda compreensão do chamado de Deus e da razão de sua existência.
No século 16, porém, Copérnico, um astrônomo polonês, mudou esta concepção ao afirmar que não era o sol que girava em torno da terra, e sim o contrário. A passagem de Ptolomeu para Copérnico foi uma mudança básica de paradigma e causou muita discussão entre a igreja e a ciência.
Copérnico escreveu ODE REVOLUTIONIBUS, que deixou de ser publicado por 20 anos, por medo da perseguição religiosa. Até então, acreditava-se que o planeta terra fosse o centro do universo (Geocêntrico), e agora outra tese ensina que a terra gravita em torno do sol (Heliocêntrico). Desde Aristóteles, era dado como certo que o céu nunca muda. Agora muda-se a noção de quem somos e de como o cosmo funciona, assim como a noção de tempo. Isso subvertia radicalmente a visão da realidade que se confiava à experiência dos sentidos.
Mas o que mudou? Copérnico mudou a terra de lugar? Mudou o sol? Mudou o universo? Claro que não! O que se deu foi uma revolução mental: o que mudou foi nada menos do que o lugar do homem no mundo e o lugar do mundo no universo. Tudo continua no mesmo lugar, acontecendo como antes. Ainda usamos a linguagem antiga: “O sol nasceu” ou “o sol se pôs”, quando, na verdade, o sol não fez nada disso. Plantamos e colhemos, amamos e deixamos de amar, rimos e choramos, não acordamos assustados nos perguntando: “E agora que Ptolomeu está errado, o que vai acontecer conosco?”. O mundo do homem primitivo é o mesmo mundo do sofisticado homem do Século XXI – o sal tem o mesmo gosto, as abelhas fazem o mesmo trabalho, sentimos o mesmo cheiro de uma flor que nossos antepassados, o floco de neve tem o mesmo número de pontas. Então, se tudo se parece igual, o que mudou? Mudaram os paradigmas, isto é, a maneira de vermos as coisas.
Mudar paradigmas, porém, muda tudo. Eles determinam a forma como vemos as coisas. Quando muda nossa percepção, muda-se a forma de enxergar a vida.
A mudança de paradigmas não muda sua esposa, nem seu filho, mas muda a forma como você vai tratá-los. Não muda seu universo, mas muda toda sua história. Muda sua forma de lidar com dinheiro, trabalho, vocação e espiritualidade. Nada muda – mas tudo muda!
Este é o convite de Jesus de Nazaré, quando nos afirma: “Se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”. Uma mudança de paradigmas muda toda compreensão do chamado de Deus e da razão de sua existência.
terça-feira, 5 de julho de 2011
Criatividade e imaginação
Um dos grandes desafios no processo educacional é não sufocar a capacidade imaginativa das crianças. Geralmente a infância é rica em imaginação e consegue criar um sistema imunológico contra os venenos culturais que a destroem, mas com o passar do tempo, são amoldadas a este sistema que reduz o aprendizado a fórmulas, técnicas e métodos.
Já vi gente muito imaginativa. Um dos colegas que tive, já avançado em idade, era grande poeta e orador criativo, certa feita, nos seus delírios senis, ao olhar as formiguinhas enfileiradas nos disse que via os soldados da confederação, enfileirados em fraques vermelhos, caminhando nos seus treinamentos e prontos para a batalha. Outro colega comentou: “Até na senilidade, consegue ver a vida de forma colorida e colocar poesia na existência!”.
A criatividade tem sido extremamente ameaçada. Nossa sociedade é montada em sistemas, performances e programas. Reduziram a educação aos métodos. Um vestibular é uma forma de avaliar, não necessariamente o saber, mas a capacidade do aluno em pensar de forma mecânica. Rubem Alves afirma que este sistema se parece com um país onde o rei, que tinha uma filha que não era bonita e com os dedos gordos, instituiu que somente as meninas com dedos gordos seriam belas, assim, sua filha se encaixou no padrão idealizado.
Czeslaw Milosz, poeta que ganhou o prêmio Nobel, comenta que as mentes dos norte-americanos foram diluídas pelo “racionalismo da explicação”. Na verdade esta é uma doença sistema do programa educacional de todo Ocidente, que está roubando das crianças sua capacidade imaginativa. Os programas da TV estão prontos, e os vídeos games pré construídos estão substituindo histórias e músicas que eram contadas, e as crianças tinham que criar seus personagens.
Para Milosz, somos pobres em imaginação e por isto temos uma idéia superficial do mundo. O universo agora, só tem espaço/tempo. Perdemos nossos símbolos, poesia, musicalidade, valor e significado. Nenhum mistério. Nenhum Deus criador e criativo. Homens são, cientificamente falando, moléculas, hormônios, bactérias, proteínas, DNAs e átomos. Perdemos o encanto pela vida e a sacramentalidade das coisas. Empobrecemos a visão da grandeza de tudo que nos cerca.
Andando numa floresta com um engenheiro agrônomo, ele me falava do nome das árvores e dizia: “Esta é uma aroeira, uma árvore deste tamanho dá tantas estacas, que valem R$ no mercado”. Depois de alguns comentários desta natureza eu brinquei com ele: “Dá para ver esta árvore apenas como árvore e não como mercado potencial, como comércio?”
“Na hora em que organização e conduta se tornam valores predominantes, a criatividade é, se não abolida, pelo menos severamente inibida, pois assim as almas dos homens e mulheres, serão vistas como energias a administrar, objetos a controlar” (Eugene Peterson).
Já vi gente muito imaginativa. Um dos colegas que tive, já avançado em idade, era grande poeta e orador criativo, certa feita, nos seus delírios senis, ao olhar as formiguinhas enfileiradas nos disse que via os soldados da confederação, enfileirados em fraques vermelhos, caminhando nos seus treinamentos e prontos para a batalha. Outro colega comentou: “Até na senilidade, consegue ver a vida de forma colorida e colocar poesia na existência!”.
A criatividade tem sido extremamente ameaçada. Nossa sociedade é montada em sistemas, performances e programas. Reduziram a educação aos métodos. Um vestibular é uma forma de avaliar, não necessariamente o saber, mas a capacidade do aluno em pensar de forma mecânica. Rubem Alves afirma que este sistema se parece com um país onde o rei, que tinha uma filha que não era bonita e com os dedos gordos, instituiu que somente as meninas com dedos gordos seriam belas, assim, sua filha se encaixou no padrão idealizado.
Czeslaw Milosz, poeta que ganhou o prêmio Nobel, comenta que as mentes dos norte-americanos foram diluídas pelo “racionalismo da explicação”. Na verdade esta é uma doença sistema do programa educacional de todo Ocidente, que está roubando das crianças sua capacidade imaginativa. Os programas da TV estão prontos, e os vídeos games pré construídos estão substituindo histórias e músicas que eram contadas, e as crianças tinham que criar seus personagens.
Para Milosz, somos pobres em imaginação e por isto temos uma idéia superficial do mundo. O universo agora, só tem espaço/tempo. Perdemos nossos símbolos, poesia, musicalidade, valor e significado. Nenhum mistério. Nenhum Deus criador e criativo. Homens são, cientificamente falando, moléculas, hormônios, bactérias, proteínas, DNAs e átomos. Perdemos o encanto pela vida e a sacramentalidade das coisas. Empobrecemos a visão da grandeza de tudo que nos cerca.
Andando numa floresta com um engenheiro agrônomo, ele me falava do nome das árvores e dizia: “Esta é uma aroeira, uma árvore deste tamanho dá tantas estacas, que valem R$ no mercado”. Depois de alguns comentários desta natureza eu brinquei com ele: “Dá para ver esta árvore apenas como árvore e não como mercado potencial, como comércio?”
“Na hora em que organização e conduta se tornam valores predominantes, a criatividade é, se não abolida, pelo menos severamente inibida, pois assim as almas dos homens e mulheres, serão vistas como energias a administrar, objetos a controlar” (Eugene Peterson).
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