quinta-feira, 1 de março de 2007

25 de Março

Espaço complexo de relações, teias e tramas
No burburinho de gente sofrida, buscando um lugar ao sol.
Soluções inacabadas...
Negros, índios, mestiços, imigrantes, nordestinos, paulistanos.
Todos envolvidos numa relação complexa e enigmática.
As bancas agem como termômetro:
Raaaaappaaa!!!
Os policiais entram em ação,
Como lobos ao redor do aprisco.
Teias enigmáticas de relações conflitivas de quem busca escapar
Perder seus produtos que cabem numa sacola.
Relação complexa para quem não pode deixar solto,
Mas não sabe o que fazer com a tarefa que lhe foi dada.
Já que também não quer prender...

As bancas são montadas e desmontadas num passe de mágica.
Copperfield não faria melhor.
Das ruas somem vendedores, camelôs, Cds Piratas.
E as ruas fervilham em busca de ritmo.
Existe certa musicalidade tocada numa orquestra de enigmas.
São Paulo não pode parar.

Os transeuntes e as cidades são os mesmos personagens.
A alma da cidade é a alma do povo que anda em suas ruas.
A cidade tem vida.
Relação ambivalente que abriga e acolhe.
A freada brusca, a aceleração mais forte.
Não é o carro andando, é o homem motor.

Vende-se de tudo: bexigas, carrinhos, massageador, envelopes, canetar, dvs, cds, perfumes.
Toda sorte de quinquilharias baratas que valem apenas o que valem
Ou talvez menos que se paga.

25 de Março: Poluída, agredida, entendida, decifrada, enigmática.
De pobres vendilhões, mercadores, falsificadores,
De policia de faz de conta,
Relações complexas e ambíguas,
De poderes escondidos detrás da muvuca da cidade.
De grandes ganhos detrás de pequenos mercadores.
De máfias não reveladas.

25 de Março:
quem te vê não sabe os verdadeiros agentes.
De gente que sustenta o status quo,
Que mantém relações de dependência,
Que faz existir a complexidade de tuas esquinas
De compradores e marqueteiros,
Razão de sua existência:
Pálida, pobre, suja, agitada, atraente, complexa.

25 de Março:
Miniatura de Brasil.

Samuel Vieira
Fevereiro 2007

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