terça-feira, 29 de novembro de 2022

O Justo viverá pela fé

 




 

Dia 31 de Outubro celebramos os 505 anos da Reforma Protestante, um movimento religioso, com grandes implicações políticas e sociais, que impactou o Ocidente. Esta foi a data em que Martinho Lutero, monge agostiniano, afixou as 95 teses nas portas de Wittemberg, protestando contra os desvios da Igreja.

 

A Reforma Protestante está fundamentada em cinco pilares: Sola Gratia, Sola Fide, Solus Christus, Sola Scriptura e Soli Deo gloria. Toda base do credo reformado encontra-se nestes cinco pontos cardeais.

 

A Sola Fide foi primeiramente enunciada no livro do profeta Habacuque, e posteriormente citada em três passagens do Novo Testamento. “O justo viverá pela fé.” (Hc 2.4; Rm 1.17; Gl 3.11; Hb 10.38) Esta frase tem profundas implicações sobre nossas vidas, principalmente nos dias de tantas perplexidades e apreensões no mundo político.

 

No Livro de Habacuque Deus pede ao profeta que a escrevesse em uma tábua para que pudesse ler até aquele que passasse correndo (Hc 2.2). Foi o primeiro out-door da história. A situação política era alarmante. Os caldeus estavam invadindo Jerusalém e o cenário histórico era caótico. Deus então faz o profeta refletir no fato de que não vivemos baseados no nosso humor, que é bastante instável, nem nas emoções que estão em constante desalinho, e nem menos nos fatos históricos.

 

O justo vive não pelo que vê. Ele possui transcendência. Sua esperança não está nos homens, nem nos políticos, nem na história, mas sua esperança está em Deus. “Uns confiam em carros, outros em cavaleiros, mas nós nos gloriamos no Senhor dos Exércitos.” Viver pela fé é ir além das realidades horizontais da nossa existência, é verticalizar o coração, tirar o olhar das circunstâncias. Um ditado diz: “Quando olho para dentro de mim, vejo confusão; quando para fora, desespero e tristeza; mas quando olho para Deus, vejo esperança e paz.”

 

Rev. Samuel Vieira

Impedidos de pregar



 

E, percorrendo a região frígio-gálata, tendo sido impedidos pelo Espírito Santo de pregar a palavra na Ásia, defrontando Mísia, tentavam ir para a Bitínia, mas o Espírito de Jesus não o permitiu.” (At 16.6-7)

 

Este texto é surpreendente! O Espírito Santo que é o iniciador, fomentador e impulsionador da obra missionária e da pregação do Evangelho, por duas vezes, e não apenas uma, impede os apóstolos de pregarem a mensagem. Primeiramente, quando quiseram para a Ásia, depois, quando tentaram ir para a Bitínia.

 

É fácil entender a expressão de Paulo: “Por isso, quisemos ir até vós, pelo menos eu, Paulo, não somente uma vez, mas duas vezes; contudo, Satanás nos barrou o caminho.” (1 Ts 2.18). É coerente imaginar que o diabo se interponha para que a obra de Deus não avance e os gentios não ouçam a mensagem da salvação. Satanás barrou o caminho de Paulo e quando pensamos nisto é natural entender que o diabo quer impedir que a obra avance.

 

Mas em Atos, foi o Espírito Santo quem impediu. Por que ele fez isto?

 

Pelo menos duas razões podem ser dadas:

 

Primeiro, por causa do plano inescrutável de Deus. Deus faz as coisas do jeito que deseja fazer, com a estratégia que deseja, usando os instrumentos que quer, na hora que ele quer fazer. Como, quando, onde e porque deseja usar. Ele age misteriosamente. Não é sem razão que o profeta Isaías se espanta com os métodos de Deus e afirma: “Verdadeiramente, tu és Deus misterioso.” (Is 45.15)

 

Segundo, porque Deus precisava dar uma visão aos seus apóstolos, que só seria possível se eles estivessem parados. No movimento e no barulho, nem sempre é fácil distinguir a voz de Deus. A Bíblia afirma que enquanto procuravam entender a direção de Deus, Paulo recebe uma visão: “Passa a Macedônia e ajuda-nos.” (At 16.9) Quando lemos o livro de Atos, vemos os discípulos em constante movimento, mas agora seus projetos não foram aprovados e eles nada podiam fazer. Parados em Trôade, recebem a visão.

 

Curiosamente, em Trôade não vemos nenhum relato de conversão, de cura, de manifestações sobrenaturais. Nesta cidade, porém, recebem a visão. Às vezes Deus precisa nos parar para dar a visão correta e entendermos seu plano. Não podiam ir para a Ásia, nem para a Bitínia, mas precisavam ir para a Europa. Seus olhos estavam na direção oposta que o Espírito Santo desejava dar.

 

Não se assuste com o silêncio e até mesmo a forma estranha que Deus está agindo em. Procure entender qual a visão que ele deseja colocar em seu coração.

 

Rev. Samuel Vieira

sábado, 5 de novembro de 2022

O Governo de Deus sobre as nações

 


 

Estamos às vésperas do segundo turno da eleição presidencial. Os nervos estão à flor da pele e atitudes radicais tem levado à rispidez e desavenças, famílias e igrejas tem se dividido em torno desta discussão. De certa forma é compreensível a preocupação, porque a bandeira de cada um dos grupos diverge em muitos aspectos, sejam econômicos, morais e religiosos.

 

Nestas horas, porém, precisamos lembrar que nosso Deus é soberano sobre todas as coisas. Não há um centímetro qualquer do universo, que Deus não reivindique sua soberania, como bem afirmou Abraham Kuyper. No livro do profeta Daniel, lemos: “Ele muda os tempos e as estações; ele remove reis e estabelece reis.” (Dn 2.21) Deus removeu Nabucodonosor de seu reino por um período, a fim de que ele pudesse entender que “o céu domina.” (Dn 4.26) Logo em seguida lemos na Palavra de Deus que o “Filho do Homem” recebe o domínio e o reino (Dn 7.13). O livro de Salmos nos diz: “O SENHOR estabeleceu o seu trono nos céus e, como Rei, domina sobre tudo o que existe.” (Sl 103.19). Não há autoridade que não proceda dele. Ele levanta e ele derruba.

 

A igreja não deve temer governos maus e ímpios, nem mesmo o diabo. Ela deve sua própria infidelidade e acima de tudo, temer a Deus. A igreja sobreviveu ao Império Romano, às perseguições de governos ateus e materialistas, tanto na Cortina de Bambu (China), quanto na Cortina de Ferro (URSS). Ultimamente tem sofrido sistemáticos ataques de falsas religiões, templos têm sido queimados e cristãos mortos por sua fé, mas não precisamos temer: Nosso Deus governa! Precisamos continuar servindo fielmente a Deus em qualquer governo, viver para sua glória, com bondade, justiça e misericórdia, pregando sua Palavra.

 

O governo perfeito só será estabelecido quando Jesus retornar em glória, então seremos governados pelas suas leis perfeitas e pela sua justiça. É este rei que aguardamos, este é o nosso rei. Nossa esperança não está em homens, mas no Senhor. “Bendito é o homem cuja confiança está totalmente depositada em Yahweh, cuja fé está no SENHOR.” (Zc 9.12)

 

Rev. Samuel Vieira

 

 

 

Eleições



 

O brasileiro está alvoroçado com as eleições de hoje. Há muita gente com o nervo à flor da pele, tenso, angustiado com o possível desfecho das eleições. Estas eleições foram marcadas pela polarização e embate, e alguns deles dividiram famílias, e até mesmo igrejas foram afetadas pelas discussões em torno dos candidatos. Muitos estão pessimistas e assustados com o que pode acontecer e há um catastrofismo muito forte no ar.

 

O exercício democrático sempre é desafiador. Aprender a dialogar, respeitar opiniões distintas, lutar por direitos, princípios e valores tudo isto faz parte da dinâmica de uma eleição. Muitos países não dão este direito aos seus cidadãos e a perpetuação no poder historicamente sempre desemboca em tirania e despotismo. Então, diante disto, qual deve ser nossa atitude como cristãos?

 

Precisamos exercer o direito de votar com consciência e maturidade, exercendo nossa cidadania. Não se ausente da urna. Vote!

 

Como escolher o candidato? Precisamos pensar em princípios e valores. Votar em pessoas que defendam o direito do pobre, do meio ambiente, da família, da moral e de Deus, e que não estejam aliados à corrupção e a desvios do erário público.  Precisamos orar, para que Deus nos dê governos bons e capazes e íntegros.

 

Acima de tudo saiba que seja qual for o resultado, nossa esperança está em Deus, e não em homens. Por isto devemos defender nosso ponto de vista, mas não precisamos nos distanciar de nossa família, entrar em conflito com amigos e muito menos nos afastarmos da igreja por causa de posições diferentes sobre candidatos e política. O reino de Deus perde muito com isto. Nós perdemos muito com isto. Amanhã as coisas voltam ao normal, e se radicalizarmos hoje ficaremos com uma sensação de vácuo e tolice. Afinal, valeu a pena brigar?

 

Rev Samuel Vieira

 

 

 

 

Em dias de perplexidade




O profeta Habacuque reflete um pouco da angústia moderna, embora o nível de sofrimento e dor dele sejam proporcionalmente incomparáveis às nossas questões, ele não conseguia resolver os dilemas do seu coração. Os caldeus estavam se preparando para invadir Jerusalém, o que de fato aconteceria, e ele orava para que Deus livrasse o povo de Israel de tão grande tragédia. Ele via o escárnio dos invasores, a humilhação que o povo de Deus sofreria, e orava: “Tu és tão puro de olhos que não podes ver o mal, e a opressão não podes contemplar; por que, pois, toleras os que procedem perfidamente e te calas quando o perverso devora o justo?” (Hc 1.13)


Suas orações não foram respondidas como ele esperava. Deus demorou a responder: “Até quando, Senhor, clamarei eu e tu não me escutarás?” (Hc 1.2) E quando a resposta veio, Deus fez o contrário do que o profeta pedia. “Eis que suscito os caldeus.” (Hc 1.6). O que fazer quando Deus não responde as orações como esperávamos?


O profeta se sentiu perdido, e ao invés de continuar falando e questionando os movimentos que Deus provocava na história, ele assumiu a atitude do silêncio e da reflexão. “Pôr-me-ei na minha torre de vigia, colocar-me-ei sobre a fortaleza e vigiarei para ver o que Deus me dirá e que resposta eu terei à minha queixa.” (Hc 2.1) Ele entendeu que era necessário silenciar. Sua alma estava agitada demais. Era preciso acalmar o coração na sua torre de vigia. Era necessário confiar e esperar em Deus.


Assim como o profeta, estamos agitados e inquietos demais. Não é fácil distinguir a voz de Deus no barulho, no medo e na perturbação. Sabe o que Deus respondeu ao profeta? “O justo viverá pela fé!” (Hc 2.4). É a primeira vez que esta frase aparece na Bíblia, e depois disto, várias vezes seria repetida no Novo Testamento. Não devemos viver à mercê das emoções, nem das situações provocativas, nem das pessoas, nem das circunstâncias. O Deus da Bíblia transcende a história, está acima da história e governa a história. Ele é vitorioso, sobre o mal, sobre sistemas iníquos, sobre todas as coisas. Ele é Deus!!!


Rev. Samuel Vieira