No segundo livro de Reis, encontramos o relato de quatro leprosos que estavam ao redor da cidade de Samaria quando esta encontrava-se sitiada pelos siros. A situação era dramática, já fazia algum tempo que a cidade estava sitiada, e faltava comida dentro dos muros. Há inclusive um relato dramático de pessoas comendo seus próprios filhos. Se as coisas iam mal na cidade, fora dos muros não era diferente. Os leprosos não tinham condições de trabalhar por causa de seu estado de saúde e morriam agora de fome.
Então, estes leprosos decidem arriscar suas vidas, indo até o acampamento do exército inimigo, ver se encontrariam alguma comida, ou alguém que tivesse misericórdia deles. A decisão é resultado de resignação destes homens que dizem: "Se dissermos: entremos na cidade, há fome na cidade, e morreremos lá; se ficarmos sentados aqui, também morreremos. vamos, pois, agora, e demos conosco no arraial dos siros; se nos deixarem viver, viveremos; se nos matarem, tão somente morreremos". (2 Rs 7.4)
Ao chegarem ao arraial, são surpreendidos pelo vazio e caos. Armas, tendas e comidas ainda estão no lugar, espalhadas de forma desorganizada por todo lado, mas não há sequer uma pessoa no acampamento. Eles entram, comem fartamente, e se dão conta de que, a cidade de onde vieram, está cheia de pessoas famintas. Então chegam à seguinte conclusão: "Não fazemos bem; este dia é dia de boas-novas, e nós nos calamos". (2 Rs 7.9)
Esta é uma boa ilustração do Evangelho. Famintos de Deus, desolados e famigerados, nos aproximamos de sua graça e somos surpreendidos pela fartura que há em Deus e nossa alma encontra alimento. O encontro com a fartura da sua misericórdia e amor, contudo, deve nos impulsionar a ter compaixão daqueles que "como ovelhas sem pastor" ainda vagam na secura da alma e falta de sentido e significado para a vida. As boas-novas precisam ser proclamadas.
Os leprosos famintos, agora fartos, anunciam aos fartos, agora famintos, que podem saciar sua fome, que existe provisão e riqueza na obra maravilhosa da cruz de Cristo, que nos resgatou para uma viva esperança.
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