sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Insaciabilidade



Nesta semana assisti a uma provocativa reportagem sobre a implacável seca numa região ao Norte do Ceará. O foco era um agricultor, homem simples da região e sua luta com a falta de chuva. O nível de alegria daquele homem era “irritante”. Ele tinha alguns alqueires de terra, morava numa casa simples, criava algumas cabras e não parecia inquieto nem ansioso. Sua alma estava bem.

Em contrapartida, somos uma geração consumista, voraz por melhores salários, melhores roupas, melhores carros. Temos eletrodomésticos que facilitam a vida, meios de transporte e comunicação cada vez mais eficientes, mas a alma está insatisfeita.

No livro de Miquéias,  Deus diz ao seu povo: “comerás, e não te fartarás, a fome estará nas tuas entranhas” (Mq 6.14). Como é possível comer e ainda estar com fome? Seria natural comer uma prato de arroz e feijão e depois disto dizer: “Estou com fome”? Obviamente não! Trata-se de uma anomalia espiritual. Deus afirma que isto acontecia porque o seu povo havia se afastado dele, e agora, apesar de ter comida, não tinha satisfação; buscavam maior adrenalina, mas a fome estava nas entranhas, nas vísceras, na alma.

Este é o grande problema: Comer e não se saciar, ter e não se satisfazer, possuir mas com senso de incompletude. Temos uma fome maior, de significado e valor, temos fome de Deus e tentamos, em vão, saciar este vazio com mais aventuras, viagens, bens de consumo, prestigio, posição social, status – mas a alma ainda insatisfeita. A fome mais profunda ainda invade as entranhas.


O pecado nos torna insaciáveis, seres vazios, coração seco. A abundância de dinheiro não resolve, porque a fome é maior. Quando Jesus afirma: “Aquele que tem sede venha a mim e beba”, e “Eu sou pão da vida”, ele estava percebendo este desejo mais profundo da alma. Adoecemos, definhamos, apesar de consumirmos em demasia – mas ainda estamos com fome e sede. 

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