Nesta semana assisti a uma provocativa reportagem sobre a
implacável seca numa região ao Norte do Ceará. O foco era um agricultor, homem
simples da região e sua luta com a falta de chuva. O nível de alegria daquele
homem era “irritante”. Ele tinha alguns alqueires de terra, morava numa casa
simples, criava algumas cabras e não parecia inquieto nem ansioso. Sua alma
estava bem.
Em contrapartida, somos uma geração consumista, voraz por
melhores salários, melhores roupas, melhores carros. Temos eletrodomésticos que
facilitam a vida, meios de transporte e comunicação cada vez mais eficientes,
mas a alma está insatisfeita.
No livro de Miquéias, Deus diz ao seu povo: “comerás, e não te fartarás, a fome estará nas tuas entranhas” (Mq
6.14). Como é possível comer e ainda estar com fome? Seria natural comer uma
prato de arroz e feijão e depois disto dizer: “Estou com fome”? Obviamente não!
Trata-se de uma anomalia espiritual. Deus afirma que isto acontecia porque o
seu povo havia se afastado dele, e agora, apesar de ter comida, não tinha
satisfação; buscavam maior adrenalina, mas a fome estava nas entranhas, nas
vísceras, na alma.
Este é o grande problema: Comer e não se saciar, ter e não
se satisfazer, possuir mas com senso de incompletude. Temos uma fome maior, de
significado e valor, temos fome de Deus e tentamos, em vão, saciar este vazio
com mais aventuras, viagens, bens de consumo, prestigio, posição social, status
– mas a alma ainda insatisfeita. A fome mais profunda ainda invade as entranhas.
O pecado nos torna insaciáveis, seres vazios, coração seco.
A abundância de dinheiro não resolve, porque a fome é maior. Quando Jesus
afirma: “Aquele que tem sede venha a mim e beba”, e “Eu sou pão da vida”, ele estava
percebendo este desejo mais profundo da alma. Adoecemos, definhamos, apesar de
consumirmos em demasia – mas ainda estamos com fome e sede.
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