Todos temos um “calcanhar de Aquiles”. Um dos pecados de Abraão foi a fraqueza de caráter diante das ameaças. Ao se encontrar com os amalequitas mentiu sobre sua esposa, e não era a primeira vez. Ele simplesmente diz que Sara era sua irmã. Então, abimeleque a tomou levando-a para seu palácio. Contudo, Deus lhe apareceu ao rei em sonho e o repreendeu, "Você vai morrer, porque a mulher que mandou buscar é casada" (Gn 20.3). Isto assustou Abimeque: “Senhor, eu estou inocente! Será que ainda assTim vais destruir a mim e ao meu povo?” (Gn 20.4). Ele estava inocente quanto a isto. Então Deus afirma que sabia disto, e por isto veio lhe advertir para não pecar e se não a devolvesse, morreria (Gn 20.3-7).
Aqui encontramos um
homem cometendo um grave pecado, e Deus o parando. Esta é a revelação de como
Deus vê o pecado de tomar a mulher de outro homem. Mas o centro do pensamento se
volta para Abraão. Abimeleque o confronta: “Que
é isto que nos fizeste?” (Gn 20.8-13). Como cristão você já passou por esta
constrangedora repreensão de um pagão? Abraão passa uma enorme vergonha. Ele
era um homem idoso, e o rei foi duríssimo com ele.
Isto me leva a pensar
que Deus não está preocupado com minha
reputação, mas com minha restauração. Deus não poupou o constrangimento de Abraão.
Reputação é externa, feita para louvor do ego, para as pessoas apreciarem e
admirarem, mesmo quando estamos quebrados e desautorizados, se conseguirmos
manter as aparências ainda que as coisas estejam podres no nosso mundo interior,
ainda conseguimos “manter a reputação”. No entanto, o que Deus deseja é restaurar
a vida de Abraão, e usa um homem pagão para confrontá-lo. Abraão tinha um
coração regenerado, uma nova natureza. Quando ele se arrepende e é perdoado e
se torna um instrumento de Deus para abençoar outros e restaurar Abimeleque.
Somente quando Abraão orou o rei foi curado.
Muitos
possuem a reputação de piedosos, eficientes, líderes, enfim, qualquer coisa! A
reputação, uma vez adquirida pode nos perseguir, nos usar, violentar e até
destruir. Ser escravo de uma reputação
pode ser uma forma refinada de escravidão, e uma luta renhida para manter nossa
própria retidão ao invés de buscarmos a retidão de Cristo. A luta pela
auto-retidão se transforma, conseqüentemente, na batalha pela aparência, e somos
tentados a ser aquilo que não somos. Assim, erroneamente acreditamos que é melhor
manter as aparências do que admitir certas necessidades.
No entanto, a Bíblia nos ensina que Cristo é o
fim da nossa luta. O fim da luta em prol da auto-retidão, uma vez que foi Ele
que não apenas cumpriu a lei por nós, mas também foi amaldiçoado em nosso
lugar. Ele não só obteve a nossa perfeição, como remiu nossas imperfeições. Não
há mais nada por que lutar, posto que ele já fez tudo por nós, e Deus não nos
pede mais nada, a não ser nosso arrependimento e nossa fé.
Rev. Samuel Vieira