sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A Conspiração dos Ipês





Sempre me impressionei com a beleza dos ipês, árvore belíssima do cerrado do Centro Oeste. 

Ultimamente tenho me impressionado também com outro aspecto curioso: 

O Ipê demonstra sua pujança e exuberância, não nos dias de chuva quando o verde e a natureza se empolgam tanto, mas nos meses mais secos do ano – Agosto e Setembro. Nestes dias quentes, quando todas as demais árvores se encolhem e ressentem da chuva, o ipê floresce. De repente, no meio da sequidão, eclode em vida. Suas flores tornam-se um descompasso na natureza, ornando os pastos e as florestas de uma beleza exuberante. 

Outras árvores como o Flamboyant, o cajueiro e o pequizeiro também resolvem demonstrar que é possível fazer brotar a vida nos dias secos. O caju só frutifica na ausência de água. Estas árvores conspiram contra a realidade da secura e assim se autenticam. É uma cena de inconformismo. Uma atitude anárquica de quem se recusa a entregar e ceder. 

É uma anomalia frutificar e dar flores quando a natureza manda encolher. O ipê assim brota em suas múltiplas cores: Roxo, amarelo e branco. Uma rebelião contra o feio, um grito de coragem diante da seca. 

Já encontrei seres humanos também anárquicos com o caos e a sequidão. 

A Bíblia fala que tais pessoas, ao passarem pelo vale árido, o transformam em manancial. A dor, a oposição e a tristeza se tornam para elas uma oportunidade de revelar sua fé, caráter e valor. Não se ressentem do mal, não se entregam diante do antagonismo, tornam-se contraculturais conspirando contra o caos porque se recusam em serem pessoas ordinárias. São anárquicos por responderem de forma criativa e corajosa à vida e por se recusarem a aceitar a morte como realidade última. 

Assim como os ipês se diferenciam pela sua cor, os cajueiros respondem dando frutos. A ausência da chuva e a presença do fogo, trazendo queimadas e enfumaçando os céus não os leva a retraírem, mas a reagirem. 

Assim caminham homens e mulheres de fé e gente impregnada de esperança. 

Assim responde Jó no meio das cinzas de sua dor dizendo: “Porque Eu sei que meu redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra. Depois, revestido este meu corpo da minha pele, em minha carne verei a Deus” (Jó 19.25-26). É gente que crê que diante da morte é possível crer na ressurreição dos corpos!

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