Nas oração do Pai Nosso Jesus nos ensinou: “Faça-se a tua vontade, assim na terra como nos céus”.
Deve ser o nosso desejo que a vontade de Deus seja plena na história como é executada no céu. A terra conspira contra a vontade de Deus, se opõe ao seu domínio e controle, rejeita sua autoridade e direção. Por esta razão, impera o caos e a desordem. Os homens não desejam a vontade de Deus – eles querem fazer a sua vontade.
Alguns anos atrás, me deram um tema curioso para um congresso de casais: “Melhor ser feliz que ter razão!”. Ao chegar em casa e vestir a camiseta com tais dizeres, minha esposa comentou em tom de brincadeira: “É ruim hein? É melhor ter razão...” acho que é assim que de fato funciona quando lidamos com a vontade de Deus. Nós queremos que nossa vontade prevaleça. Achamos que temos razão. Mesmo quando a nossa vontade nos leve à uma vida miserável.
A Bíblia diz que a vontade de Deus é “boa, perfeita e agradável” (Rm 12.2). Mas será que desejamos que sua vontade seja executada? E quando a vontade de Deus parece apontar para uma direção que não desejamos? E quando a boa vontade de Deus parece nefasta? E quando achamos que sua perfeita vontade é tão desencontrada? E quando nos parece absolutamente desagradável?
Quando Jesus ensinou a oração dominical, ele queria que um dos temas centrais na nossa vida central fosse o absoluto domínio da vontade de Deus na terra, assim como ele exerce a exerce no céu. Na sua glória, onde seu domínio é pleno, sua vontade é completa. Será que entendo a dimensão e implicação de tal oração? Tenho desejado que sua vontade seja plenamente executada na minha história, ou ainda luto para que meus rabiscos prevaleçam acima dos grandes desenhos de Deus?
domingo, 17 de janeiro de 2021
Faça-se a tua vontade...
segunda-feira, 4 de janeiro de 2021
Antídotos para a Culpa
A culpa é um fenômeno universal: Todos a sentimos em algum nível, com maior ou menor intensidade. Infelizmente alguns são dominados de tal forma que sofrem graves transtornos emocionais. É o trauma não superado, as memórias acusatórias, o pecado não confessado, as lembranças reprimidas. Não adianta tentar mascarar a culpa, negá-la, nem utilizar deslocamentos ou sublimação. Jay Adams afirma que 55% dos pacientes com graves distúrbios mentais teriam alta dos hospitais psiquiátricos se experimentassem perdão genuíno.
Em Provérbios 16.6 encontramos eficazes antídotos para a culpa: “Pela misericórdia e pela verdade, se expia a culpa; e pelo temor do Senhor os homens evitam o mal.”
Temos aqui dois remédios: A misericórdia e a verdade. Como cada um deles se torna eficaz?
O papel da misericórdia: Paul Tripp faz um interessante contraste entre o perdão e a misericórdia. Ele afirma que Deus não perdoa a todos, mas trata a todos com misericórdia. O perdão pressupõe confissão, arrependimento, quebrantamento, e muitas pessoas nunca andarão por este caminho restaurador. Ele afirma que este é um dos graves problemas quando nos relacionamos com pessoas duras e insensíveis, porque esperamos delas reconhecimento e gratidão. Se esperarmos que eles admitam seus erros para perdoá-las, será impossível porque elas não são capazes de entrar em contato com seu erro. Então, devemos tratá-las com misericórdia, que é a atitude de Deus para com pessoas não merecedoras da simpatia e acolhimento. Deus trata o pecador com misericórdia, e ela é a causa de não sermos consumidos.
A misericórdia é terapêutica, restauradora. Ela expia a culpa. Nossos relacionamentos precisam ser marcados pela misericórdia.
O Papel da verdade: Por outro lado, a verdade também é fundamental para a cura da culpa. Não se redime a culpa ocultando e escondendo. Só haverá expiação se houver confrontação e admissão. A confissão é essencial na liturgia e espiritualidade cristã. Bené Brown, conhecida preletora escreveu sua tese de doutorado com o titulo: “Vergonha”. Ela afirma que enquanto a vergonha não for visibilizada e confrontada, ela nos dominará e não será tratada, porque o processo de ocultação se transforma num peso. Quando a iluminamos, ela perde seu poder. Isto acontece com pessoas abusadas sexualmente que sofrem a vida inteira tentando se ocultar e esconder a humilhação. Quando o assunto é trazido à baila, a verdade é pronunciada, a denúncia é feita, isto se torna algo libertador.
Por isto precisamos da misericórdia e da verdade para expiar a culpa. Estas duas coisas são encontradas na cruz. Ali Jesus denunciou toda a situação vergonhosa da humanidade que decidiu se distanciar de Deus, vivendo em pecados e delitos. A cruz pronuncia a dura realidade. Mas ali também ela revela a misericórdia de um Deus que é capaz de acolher apesar de nosso estado de miséria. É a misericórdia sendo aplicada. Assim se expia a culpa.