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Determinados textos das Escrituras Sagradas tendem a se tornar tão rotineiros que corremos o risco de nos acostumarmos com eles e perdermos a admiração pelo seu conteúdo. É o que os estudiosos bíblicos chamam de “dessacralização do Sagrado”. Quando isto acontece, perdemos a capacidade de nos impressionar com verdades maravilhosas e transformadoras.
Pensem na conhecida afirmação do Sl 19.1: “Os céus proclamam a glória de Deus”. Você já se admirou com esta expressão? Você consegue entender as verdades nela expressa?
O texto continua: “O firmamento anuncia as obras de suas mãos”. O que este texto afirmar é que toda a natureza é um arauto divino, toda ela deseja proclamar os atos poderosos de Deus, falar de alguém que está acima de tudo e todos. Anunciar o seu Criador.
O Pe. Antonio Vieira proferiu seu conhecido Sermão da Sexagésima na proferido na Capela Real de Lisboa, em 1655, no qual afirma: “O mais antigo pregador que houve no Mundo foi o Céu. Suposto que o Céu é pregador, deve ter sermões e deve ter palavras. E quais são estes sermões e estas palavras do Céu? As palavras são as estrelas, os sermões são a composição, a ordem, a harmonia e o curso delas. O pregar há de ser como quem semeia, e não como quem ladrilha ou azuleja. Não fez Deus o céu em xadrez de estrelas, como os pregadores fazem o sermão em xadrez de palavras. Se de uma parte está brando, de outra há de estar negro; se de uma parte está dia, de outra há de estar noite”.
Por ser um pregador tão eficaz, Paulo afirmou: “os atributos invisíveis de Deus assim como a sua própria divindade e seu eterno poder são claramente discernidos desde o princípio por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são por isto indesculpáveis” (Rm 1.20).
A criação aponta para Deus e anuncia o seu criador. Ninguém poderá se desculpar no dia do juízo afirmando que não conheceu a Deus. Até a própria natureza vai depor contra tal argumento.