quinta-feira, 3 de março de 2016

Solilóquio

Você tem conversado ultimamente consigo mesmo?

A ideia de meditação tem sido muito explorada pelas religiões ocidentais como o Hindu, xintoísmo e zen-budismo. Meditar é ruminar, trazer a tona pensamentos e ideias, refletir, avaliar, considerar. Kierkegaard afirma que “a vida não avaliada não é digna de ser vivida”. Precisamos dar tempo para ouvir a voz interior, o coração, sonhos e dores.

O salmista afirma: “Bendize oh minha alma ao Senhor!”. Com quem ele está falando? Consigo mesmo. É como se a alma dele precisava ouvir, dele mesmo, alguma coisa que estava sendo esquecida. Por isto ele a relembra. Ele fala com sua alma. Noutro texto dos salmos ainda lemos: “Por que estás abatida oh minha alma? Espera em Deus, pois ainda o louvarei”. Mais uma vez, ele está conversando consigo mesmo. Sua alma estava abatida, e ele tenta entender os motivos de sua tristeza e angústia. Quer entender porque se sente tão deprimido.

Eventualmente precisamos fazer isto. Refletir, considerar, pensar... Os motivos, sentimentos, valores estão indo na direção correta? Entrar em contato com seu próprio coração. Perguntar-se.

Apesar de ser uma disciplina esquecida entre os cristãos, ele faz parte da tradição judaica. Existe uma pequena diferença entre meditar e orar. Meditar, é uma volta ao interior, ao íntimo. Orar, é sair de si mesmo, em direção ao Eterno, Àquele que ouve nosso gemido e conhece nossa identidade e lamento. Precisamos de ambas. Neste sentido, a tradição cristã torna-se muito mais rica que a budista. Não apenas refletir, dialogar com seu interior, mas sair de si mesmo em direção ao Outro.

As duas práticas devocionais são necessárias e relevantes, principalmente entre nós que somos tão agitados e preocupados. Pergunte a si mesmo: “Por que estás abatida, oh minha alma”, mas considere também conversar com Deus: “Ao Senhor clamo, oh Deus, ouve a minha oração”. Estas duas abas da devoção, tornam-se poderosas para nossa serenidade e equilíbrio interior.


Rev. Samuel Vieira

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