Naum é um dos menores livros da
Bíblia, e foi escrito para denunciar o imperialismo e totalitarismo de uma
arrogante e impiedosa cidade, Nínive, capital da Assíria. Por se tratar de um
tema tão incomum, isto já nos surpreende: um livro das Escrituras escrito para
confrontar governo autoritário, não é incrível? E é também neste pequeno livro
que encontramos a seguinte afirmação sobre Deus: “O Senhor tem o seu caminho na tempestade e na tormenta, e as nuvens são
o pó de seus pés”.
Na verdade, Deus é assim! Ele anda
pelas estradas do paradoxo, do desencontro, dos vendavais. Constrói inesperadas
estradas e usa extraordinários meios surpreendendo as projeções humanas. Deus
não se limita às categorias aristotélicas de tempo e espaço, contraria as
previsões da biologia e da ciência, e não anda pelo óbvio. Por sustentar todas
as coisas pela sua Palavra, Ele se articula e movimenta por onde não esperamos,
seus caminhos são imprevisíveis.
Ele não usa o que achamos viável
e lógico, nem transita pelas rotas da normalidade e do comum. Não tem mais
vinho? Ele não diz para irem ao supermercado renovar o estoque, mas faz da
água, vinho da melhor qualidade. Quando Filipe se vê diante de uma multidão
faminta, ele pergunta a Jesus onde deveria
comprar pão, e Jesus o surpreende ordenando que as pessoas se assentem na grama
e as alimenta. Filipe indaga quantos
denários seriam necessários. Sua preocupação era com os recursos, a
logística e a viabilidade: Onde, Quanto? Não
é assim conosco?
Por isto, o grande mistério da fé
é que ela não focaliza nos métodos e estratégias. O importante não é como, nem
quanto, onde, quando mas Quem. O
fundamental não depende de estratégia, nem de jeito, mas de uma pessoa.
Deus resolve revelar seu poder em
situações prá lá de incomuns: Na gravidez de Sara aos 90 anos, quando já não
tinha mais ovulação; na gravidez de Maria, que nunca tivera relações sexuais
com um homem, afinal: “Existe alguma
coisa demasiadamente difícil para mim?”
Limites humanos são
possibilidades da demonstração do poder de Deus. Por esta razão, milagres
transitam pelo extraordinário, e não pela linha do óbvio e da normalidade. Por
isto, mesmo na linha do desespero e da dor, os prognósticos não são
definitivos, e sim as palavras de Jesus de Nazaré. A última palavra é dele, e
por isto sempre haverá lugar para o inusitado e o surpreendente.