Em Gn 31,
vemos Jacó saindo apressadamente da casa de seu sogro, fugindo de Labão e tendo
Raquel e Lia, apoiando sua decisão. O julgamento que elas fazem de seu pai é
severo: “Não nos considera ele como
estrangeiras? Pois nos vendeu e consumiu tudo o que nos era devido?” (Gn
31.15).
Quais
percepções Lia e Raquel tinham de seu pai?
- “Somos estrangeiras”
– Na cultura nômade, estrangeiros não tinham acesso à tenda, à intimidade
e à privacidade de uma casa, e eram vistos sempre como potencial ameaça.
Isto nos leva
a pensar que, assim como Lia e Raquel, filhos podem se sentir alienados da vida
doméstica e nunca parceiros da caminhada. A indiferença, o descaso, a alienação
parental, a ausência física ou emocional podem gerar tais sentimentos de
orfandade. Será que nossos filhos se sentem “estrangeiros” dentro de casa?
- “Somos objetos” – Ele
nos vendeu, nos mercantilizou. Elas entendiam que para seu pai, foram
consideradas apenas como objetos de barganha e troca.
Muitos filhos
se sentem assim, instrumentalizados pelos pais, por objetivos financeiros ou para
alcançar status social ou reputação em um determinado segmento social. Pais
podem pressionar filhos a um casamento, porque o outro é de “boa família”
(leia-se, tem boas condições financeiras, status e reconhecimento social).
Nossos filhos percebem este tipo de manipulação e rejeitam isto.
- “fomos lesadas” – Eles afirmam que Labão havia consumido tudo o que lhes
era devido. Em outras palavras, sentia que ele lhes dera prejuízos financeiros.
Muitos pais estão tão preocupados em ganhos, que se esquecem de abençoar
os filhos, e até mesmo deixam de compreender que no final, tudo será deles
mesmos.
Por esta
razão, as filhas de Labão estão saindo de casa, mudando-se para uma região
distante, sem qualquer consideração pelo seu pai, sem nenhum link afetivo. Elas
fogem de casa, não querem abraçá-lo e não querem sequer despedir-se dele. Que
triste realidade!
Nossos filhos
vão julgar nossos atos. O que fazemos hoje ecoa pela etenidade. Legados são
percebidos de forma positiva ou negativa pelas próximas gerações. Nossos atos
não são neutros ou inconseqüentes.