Lendo recentemente um comentário sobre as razões da queda do Rei Davi o autor comentava que seu problema foi a ociosidade, e citava o seguinte texto: “Decorrido um ano, no tempo em que os reis costumam sair para a guerra, enviou Davi a Joabe, e seus servos, com ele, e a todo o Israel, que destruíram os filhos de Amom e sitiaram a Rabá; porém Davi ficou em Jerusalém” (2 Sm 11.1).
Ao ler o texto, tive uma impressão um pouco diferente: Seu problema não era o ócio, mas a ausência de motivação.
Davi era guerreiro, aprendeu a lutar, a conduzir seu exército, defender seu país, mas agora, um pouco mais maduro, já havia consolidado seu reinado, seus vizinhos o respeitavam e temiam pelo poder bélico que construíra, e Davi começou a olhar para suas conquistas, e estas não mais o satisfaziam. Ele perdeu o brilho nos olhos, e entrou num quadro de apatia, no qual já não importa para que lado vai o andar das carruagens, porque não fazia nenhuma diferença para sua vida...
Ás vezes isto decorre por causa do sucesso e da prosperidade em si. Conta-se que Alexandre, o Grande, aos 33 anos de idade, assentou-se numa pedra e chorou porque já não existiam mais terras a serem conquistadas. Executivos bem sucedidos, profissionais realizados e respeitados no mercado de trabalho, aprenderam tanto a ser competitivos, conseguiram seu lugar no mercado, consolidaram suas conquistas, construíram um portfólio de riquezas e bens, conseguem realizar seus sonhos, viajar, fazer o que quer, e agora chegam a um momento da vida em que não sabem mais o que fazer. A vida perde o encanto, a magia.
Esta é uma hora perigosa! Inconscientemente nos abrimos para “novas aventuras”, e queremos experimentar um pouco de adrenalina na vida. No caso de Davi, seu problema foi o adultério. Ele viu uma mulher bonita e sedutora, se encantou com ela, como rei tinha várias e bonitas esposas dentro de seu palácio já que o sistema poligâmico permitia, mas a contravenção se tornou uma proposta interessante para seu marasmo.
Daí em diante, porém, a vida de Davi se torna um inferno. Para acobertar sua atitude se envolveu num assassinato, mandou matar o esposo daquela mulher para ficar com ela. Seus filhos o desrespeitaram. Cenas de estupro se deram entre seus filhos nos seus palácios, um irmão mata o outro. Cai em desgraça pública, torna-se objeto de chacota e zombaria de seus súditos e Deus lhe envia o profeta para estabelecer o juízo.
Esta uma situação muito real na vida de muitos homens trabalhadores, honestos, que se descuidam de seu próprio coração, e que numa terça feira quente, levanta-se do seu leito... vê uma mulher bonita... e o resto já sabemos de cor!
sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
A Presença “Escondida” de Deus.
No episódio bíblico da visão celestial dos anjos descendo e subindo dos céus, ao acordar Jacó exclama: “Na verdade, o Senhor está neste lugar, e eu não o sabia” (Gn 28.16). Deus estava perto, sua presença era real, mas Jacó ignorava esta realidade.
Fico pensando quão facilmente Deus pode estar perto sem que tenhamos consciência de sua realidade. Deus estava perto de Abraão quando ele levantou o cutelo para sacrificar seu filho, mas Deus o impede dizendo: “Não estendas a mão sobre o rapaz, e nada lhe faças” (Gn 22.12). Deus estava tão perto, mas provavelmente Abraão não foi capaz de percebê-lo... Deus estava por perto quando Hagar tem de enfrentar o abandono, a rejeição e a exclusão e sai desatinada para o deserto, sem rumo certo, tendo que enfrentar a solidão terrível e a ausência de água, quando Deus lhe diz: “Que tens Hagar? Não temas, porque Deus ouviu a voz do menino daí onde está” (Gn 21.17) e Hagar percebe que Deus “estava com o rapaz” (Gn 21.20). Quantas vezes ignoramos a presença de Deus entre nós, ou não a percebemos.
Quando Jacó diz: “O Senhor está neste lugar, e eu não o sabia” (Gn 28.16), ele usa no hebraico o termo Iadá, que significa penetrar. Esta frase, então, poderia ser traduzida da seguinte forma: “na verdade o Senhor está neste lugar e eu não o penetrava” (Chouraqui). Não era que Deus estava ausente, mas a percepção falha de Jacó o impedia de se conectar e se aprofundar nos mistérios de Deus ao seu redor.
Esta é a nossa angustiante realidade – Estamos desconectados do Eterno, e não o “penetramos”, nem o percebemos. Falta-nos a capacidade de aprofundar na sacralidade de um Deus que sempre esteve presente. “Invoca-me e te responderei, anunciar-te-ei coisas grandes e ocultas, que não sabes” (Jr 33.3).
Fico pensando quão facilmente Deus pode estar perto sem que tenhamos consciência de sua realidade. Deus estava perto de Abraão quando ele levantou o cutelo para sacrificar seu filho, mas Deus o impede dizendo: “Não estendas a mão sobre o rapaz, e nada lhe faças” (Gn 22.12). Deus estava tão perto, mas provavelmente Abraão não foi capaz de percebê-lo... Deus estava por perto quando Hagar tem de enfrentar o abandono, a rejeição e a exclusão e sai desatinada para o deserto, sem rumo certo, tendo que enfrentar a solidão terrível e a ausência de água, quando Deus lhe diz: “Que tens Hagar? Não temas, porque Deus ouviu a voz do menino daí onde está” (Gn 21.17) e Hagar percebe que Deus “estava com o rapaz” (Gn 21.20). Quantas vezes ignoramos a presença de Deus entre nós, ou não a percebemos.
Quando Jacó diz: “O Senhor está neste lugar, e eu não o sabia” (Gn 28.16), ele usa no hebraico o termo Iadá, que significa penetrar. Esta frase, então, poderia ser traduzida da seguinte forma: “na verdade o Senhor está neste lugar e eu não o penetrava” (Chouraqui). Não era que Deus estava ausente, mas a percepção falha de Jacó o impedia de se conectar e se aprofundar nos mistérios de Deus ao seu redor.
Esta é a nossa angustiante realidade – Estamos desconectados do Eterno, e não o “penetramos”, nem o percebemos. Falta-nos a capacidade de aprofundar na sacralidade de um Deus que sempre esteve presente. “Invoca-me e te responderei, anunciar-te-ei coisas grandes e ocultas, que não sabes” (Jr 33.3).
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